quinta-feira, 31 de março de 2022

VIAGEM PELA AMÉRICA DO SUL EM 1967 - 19ª PARTE - DEIXANDO BUENOS AIRES E O INÍCIO DO VOO PARA O BRASIL por Francisco Souto Neto.

 

 

Francisco Souto Neto desembarcando do Caravelle da Cruzeiro do Sul.

Comendador Francisco Souto Neto

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VIAGEM PELA AMÉRICA DO SUL EM 1967

 

19ª PARTE


 DEIXANDO BUENOS AIRES

E O INÍCIO DO VOO PARA O BRASIL


por  Francisco Souto Neto

 

Esta é uma transcrição do meu diário da viagem que fiz a vários países da América do Sul em 1967, iniciada na semana em que completei 24 anos de idade. Passados 55 anos, é interessante observar os detalhes de como eram feitas as viagens naquele tempo e as impressões que os lugares causaram a este então jovem viajante. A transcrição do meu diário de viagem vai entre aspas, e quando eu achar necessário intervir no texto, farei isto entre colchetes.

 

         BUENOS AIRES

 

“Ontem à tarde tratei de dar um rápido passeio pelas proximidades do meu hotel, para me despedir da capital portenha. Terminei de arrumar minha bagagem e fui me deitar cedo porque teria que madrugar para começar o trajeto de volta ao Brasil.

A portaria do hotel telefonou insistentemente para meu apartamento às 5 e meia da matina, tal como eu havia solicitado. Quase não conseguia levantar-me, de tanto sono.

Assim era o Caravelle.

Vou agora à Cruzeiro do Sul, cuja sede localiza-se muito perto do meu hotel. [As palavras a seguir estão difíceis de entender, porque escrevi dentro do ônibus em movimento enquanto íamos em direção ao Aeroporto de Ezeiza]. Somos 17 no ônibus que saiu da agência da Cruzeiro do Sul às 7:40 horas com destino a Ezeiza. Vou voar pelo Caravelle, o que muito me apraz. Irei a Montevidéu, Porto Alegre e São Paulo. Estou sonolento.

Assim era o Caravelle.

Agora dentro do Caravelle, belíssimo avião. Serviram balas. O Caravelle galga o espaço num ângulo inclinadíssimo. Ele tem as asas livres; suas turbinas ficam na parte traseira. Em termos de linha e aerodinâmica, é considerado o mais belo avião do mundo. [Sob esses aspectos, só seria superado muitos e muitos anos depois, pelo supersônico Concorde].

Serviram suco de laranja, sanduíche com ovos, alface, presunto, abacaxi, queijo. Depois de tudo, chocolate quente.

[Estas foram as últimas palavras do meu diário. Não anotei mais nada. Nos últimos dias eu já estava meio cansado e anotei pouquíssimo em meu caderno de viagem.]

Sentado na primeira fila de poltronas do Caravelle, com a portsa do avião ainda aberta, fotografo o Aeroporto de Ezeiza.


“A Terra é azul”, disse Yúri Gagárin, o primeiro homem no espaço sideral. É também a impressão que se tem ao viajar no Caravelle da Cruzeiro do Sul. Aqui é o Rio da Prata já desembocado no Oceano Atlântico. Meu destino: Montevidéu, Porto Alegre, São Paulo.


Aproximamo-nos de Montevidéu, tiro uma foto da janela triangular do Caravelle, o único no mundo com tal desenho geométrico.


Aterrissando em Montevidéu.


Desembarcando em Montevidéu.


Partindo para Porto Alegre.


Foto interessante: como o Caravelle voa quase na estratosfera, vi uns risquinhos muito abaixo, como um tabuleiro de xadrez, e achei que seria uma cidade. Perguntei à aeromoça o que seria, e ela me respondeu: “É a cidade gaúcha de Arroio Grande”. Observe-se as nuvens e suas sombras sobre a região, a quase 10 quilômetros de altura.


Vê-se distintamente, em primeiro plano a Lagoa dos Patos que se separa do Oceano por uma faixa de terra que está coberta de nuvens. Em último plano, o Oceano Atlântico de azul forte.


Porto Alegre vista da janela do Caravelle.


Porto Alegre vista da janela do Caravelle.


Aterrissando, vejo o Rio Guaíba.


No aeroporto de Porto Alegre, aguardando o reembarque para São Paulo. Lá atrás, o Caravelle à espera.

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            CONTINUA E TERMINA NA PARTE 20

[Continua e termina na PARTE 20, apenas para mostrar como foi a estada em São Paulo e a chegada a Ponta Grossa, para o retorno à vida cotidiana]

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