domingo, 27 de março de 2022

VIAGEM PELA AMÉRICA DO SUL EM 1967 - 15ª PARTE - VALPARAÍSO E VIÑA DEL MAR por Francisco Souto Neto.

 

 
Francisco Souto Neto em Viña del Mar.

 

Comendador Francisco Souto Neto

 

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VIAGEM PELA AMÉRICA DO SUL EM 1967

 

15ª PARTE


 VALPARAÍSO E VIÑA DEL MAR

 

por  Francisco Souto Neto

 

Esta é uma transcrição do meu diário da viagem que fiz a vários países da América do Sul em 1967, iniciada na semana em que completei 24 anos de idade. Passados 55 anos, é interessante observar os detalhes de como eram feitas as viagens naquele tempo e as impressões que os lugares causaram a este então jovem viajante. A transcrição do meu diário de viagem vai entre aspas, e quando eu achar necessário intervir no texto, farei isto entre colchetes.

 

SANTIAGO

 

No dia 29 de setembro, muito cansado, fui cedo para o Hotel Cervantes, como de hábito tomei o meu segundo banho do dia e dormi pesadamente.

No dia seguinte, dia 30, esperei no hotel por Don Castro e sua esposa. Pensei que ele não se lembraria do compromisso, porém às 8 da manhã pontualmente, ele estacionou o carro na porta do hotel acompanhado de sua esposa. Era um Volvo último tipo, bem confortável, assim fomos os três, com espaço de sobra, no banco da frente, rumo a Valparaiso.

VALPARAÍSO e VIÑA

Don Castro, aparentemente, teria por volta de uns 40 anos, e a esposa é mais jovem, ambos muito simpáticos. Após duas horas de viagem chegamos a Valparaiso, o principal porto do Pacífico. Achei a cidade com jeito de Salvador da Bahia. Fomos ao cais para tirar fotografias. Rumamos para Viña del Mar. É que, na verdade, a casa de praia de Don Castro localiza-se em Viña, o balneário de alto luxo de Valparaíso, com prédios modernos, avenidas arborizadas e residências muito bonitas. Até parece que estamos em Miami.

De dentro do carro de Don Castro, fotografo o centro de Valparaíso.

Numa das ruas, a cápsula espacial da NASA, do Projeto Gemini.

Don Castro e eu no porto de Valparaíso.

Don Castro e sua esposa no porto de Valparaíso, que em 1967 tem 280.000 habitantes.

Já em Viña del Mar, seu famoso relógio de flores.

Do interior do automóvel vou fotografando Viña.

Aspectos de Viña del Mar com população de 135.000 habitantes em 1967.

Aspectos de Viña del Mar.

Don Castro e esposa fazem compras.

Que tal um passeio em carruagem?

O mar batendo nos rochedos.

Aspectos de Viña, que fotografo enquanto retornamos à casa de Don Castro. 

Primeiro fomos à residência do casal, grande, vários quartos, tudo sem luxo, como convém a uma casa para fim de semana, mas bem confortável. Saímos em seguida e fomos ao Mercado de Peixes. Enquanto a esposa fazia as compras, Don Castro acompanhou a “exploração” que fiz, curioso, enquanto eu descobria balcões com as mais variadas criaturas marinhas. Ostras, mariscos e outros seres muito feios e impressionantes, são vendidos vivos. Centollas e percebes são verdadeiros monstros. Tudo se move de um jeito meio macabro. Uns põem a cabeça para fora das cascas. Não vi o que a senhora de Don Castro comprou. Voltamos à casa. E enquanto ela começou a preparar o almoço, demos um giro de carro por Viña, muito moderna. Fomos pela avenida beira-mar, tendo de um lado casas cinematográficas e do outro os coloridos jardins que dão acesso à praia. Vimos o relógio de flores e retornamos.

[Devo acrescentar neste ano de 2022, 55 anos após a visita a Viña del Mar, que eu, muito jovem e inexperiente, talvez tivesse uma mentalidade imatura, quiçá ainda muito adolescente, sem o que seria de se esperar de um adulto. Deveria eu ter percebido que o almoço seria de frutos do mar. Quem sabe se pensei que teríamos pratos habituais no Brasil como, por exemplo, camarões? A realidade é que eu nunca havia provado aquilo que estava por me ser oferecido.]

Um choque: em meu prato, mariscos e outros seres mais feios. O marido elogiava os pratos da esposa e ela falava dos mariscos com amor e gula. Como não ofendê-los? Eu teria que provar! Lesmas e algo que não sabia identificar. Uma garfada e... senti-me mastigando borracha, enquanto os anfitriões explicavam que as ostras agonizavam quando se espremia limão sobre elas. Em suma, comi pouquíssimo desses pratos e servi-lhe dos vegetais e legumes que me eram habituais. De certo modo, procurei desculpar-me por não “conhecer” aqueles pratos. Um fiasco!

Depois do almoço ainda fizemos um passeio pela cidade, e às 14:30 horas eu teria que embarcar de trem para retornar a Santiago. Eu tinha dito a Don Castro, ainda em Santiago, que eu poderia passar somente algumas horas em Valparaíso e Viña, porque na manhã seguinte eu estava com uma excursão comprada para ir às neves de Farellones.


Após o almoço, Don Castro e esposa vão levar-me à estação ferroviária para meu retorno a Santiago. Ao fundo, sua casa de veraneio.

Eu e Don Castro na estação ferroviária.

Francisco Souto Neto esperando pelo trem que o levará de Viña del Mar a Santiago.

Na estação ferroviária ainda tiramos algumas fotos e, muito grato por tudo, embarquei para Santiago.

A composição do trem era com uns dez ou quinze vagões. Viajei apreciando as paisagens, muito bonitas. Além disso, o trem é o meu meio predileto de viajar.

Do interior do trem, paisagens entre Viña del Mar e Santiago.

Do interior do trem, paisagens entre Viña del Mar e Santiago.

O trem vai entrar num túnel.

Cheguei a Santiago às 16:30 horas. ‘Voei’ ao hotel e saí quase correndo para alcançar ainda aberto o Museu de História Natural. Tive que vê-lo rapidamente, pois logo chegou a hora de fechar.

Jantei no restaurante ao lado do meu hotel, pensando que minha lembrança de Santiago e seu litoral está vinculada às cores azul e verde, e às flores, que existem por aqui, de todos os tamanhos e cores. Os campos e as montanhas que são apenas os contrafortes da Cordilheira dos Andes, estão cobertos de flores silvestres.

Percebi que fiquei sem estoque de filmes para a minha máquina fotográfica. Saí à noite à procura de um lugar para comprar mais alguns filmes, em vão. Fui me deitar cansado e preocupado, pois na manhã teria que viajar para ver as neves de Farellones. Imaginei que pela manhã acharia algum lugar aberto, ainda mais no lugar turístico donde partem os ônibus de excursões...

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ASPECTOS DE VIÑA DEL MAR EM 2022,

55 ANOS APÓS A VIAGEM ACIMA DESCRITA.


O relógio de flores. Não me recordava de que ele fosse tão grande! Basta compará-lo ao tamanho das pessoas.

Viña à beira-mar... Quem poderia imaginar que seriam construídos ali prédios tão grandes?


Viña del Mar hoje belíssima. Como tudo muda em 55 anos!

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O AUTOR EM MARÇO DE 2022

Francisco Souto Neto em 2022, aos 78 anos de idade.

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