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VIAGEM PELA AMÉRICA DO
SUL EM 1967
14ª PARTE
SANTIAGO DO CHILE
por Francisco Souto Neto
Esta é uma
transcrição do meu diário da viagem que fiz a vários países da América do Sul
em 1967, iniciada na semana em que completei 24 anos de idade. Passados 55
anos, é interessante observar os detalhes de como eram feitas as viagens
naquele tempo e as impressões que os lugares causaram a este então jovem
viajante. A transcrição do meu diário de viagem vai entre aspas, e quando eu
achar necessário intervir no texto, farei isto entre colchetes.
O VOO E A CHEGADA A SANTIAGO
“O voo em que embarquei em Lima, no
Peru, para Santiago do Chile pela Braniff, teve início em San Francisco, com
escalas em Los Angeles e Acapulco. Como sempre, para viajar de avião eu uso
terno e gravata. Muito raro ver um homem, moço ou velho, sem gravata num avião
[em 1967]. Fomos convidados ao embarque as 8:30 horas. Sobe-se a escada colocada
na porta da frente, que dá no bar do DC-8. Percorre-se a 1ª classe e em
seguida, através de uma porta muito artística, temos acesso a classe turista.
Logo que me sentei, a simpática aeromoça ofereceu-me “caramelos”. Como o voo é
sobre o oceano, outra aeromoça demonstra como usar-se os salva-vidas caso o
avião tenha que fazer um pouso forçado no mar.
Durante todos os dias que passei em
Lima não vi o sol brilhar. A cidade estava encoberta por uma “cortina”. Pois
logo que o avião ultrapassou tal cortina, encontramos o sol ofuscante.
Às 10 da manhã serviram o breakfest:
omelete com presunto, pão (delicioso) com manteiga e geleia, suco de caju e
café com leite concentrado na forma de creme. Depois ofereceram aos passageiros
cigarros mentolados em maços com apenas cinco unidades. Fumei apenas um e
guardei o restante.
Viajava ao meu lado um senhor, advogado,
que ficou curioso porque eu estava tirando muitas fotografias pela janela do
avião, e começou a conversar comigo. Queria saber o que eu iria fazer no Chile,
o que eu conhecia sobre o país, se eu tinha amigos lá. Anotei seu nome: Don
Luís Alberto Castro, chileno de Santiago.
Dormi um pouco e quando acordei
começávamos a reentrar no continente, bastante acidentado, e a Cordilheira lá
estava, bela e branca. Fui ao toilette e em seguida entrei na 1ª classe para
tirar fotos da paisagem sem a interferência das asas do avião.
Don Castro disse-me que dois dias
depois ele e a esposa iriam a Valparaíso e Viña del Mar, onde possuem um
apartamento para lazer, porque tinham alguns negócios a tratar no litoral. Se
eu quisesse conhecer Valparaiso e Viña del Mar, poderia ir com eles de automóvel.
Eu fiquei meio indeciso e ele insistiu. Disse-me que me apanharia no meu hotel
(eu tinha enviado pedido de reserva ao Hotel Cervantes) às 8 horas da manhã.
Deu-me o telefone dele para que eu me comunicasse, caso eu resolvesse ficar em
outro hotel. Deu-me também o endereço de seu escritório na Calle Huérfanos nº
1117, ofic. 629, caso eu precisasse de algo.
Ao desembarcar, o tempo estava meio
fechado. Achei o aeroporto muito feio. A aduana foi bem rápida. Tomei um táxi e
rumei para o hotel. O preço da corrida foi equivalente a NCr$12,00... muito
caro.
O hotel tem 5 andares, meu apartamento
é bem espaçoso, tem duas camas, três espelhos e um banheiro antiquado, mas bom.
É um hotel de apenas três estrelas.
CONHECENDO SANTIAGO
Saí e fui diretamente à nossa
Embaixada e de lá ao Departamento Nacional de Turismo, onde peguei prospectos
dos lugares que quero conhecer e várias informações. Fui também a um banco
trocar travellar checks american express por escudos.
A cidade de Santiago, “A Pérola do
Pacífico”, é uma bela metrópole que lembra São Paulo. Mulheres e homens são
muito elegantes. Todos os homens usam paletó e gravata, e alguns ostentam
chapéus. Eu também; se estou andando pelo centro de uma cidade, sempre uso
gravata; camisa esporte só quando vou a locais turísticos. As mulheres andam
com casacos de peles e usam luvas. São todos bastante britânicos e as ruas da
cidade muito limpas.
Fui ao Serro Santa Luzia, no centro da cidade. Nessa pequena colina é onde os casais vão namorar. De lá tem-se belas vistas de Santiago.
Fui também ao Serro San Cristóbal, bem mais alto. Sobe-se por funicular. As vistas de lá são espetaculares.
No dia seguinte estava agendado um passeio a Valparaíso e Viña del Mar com Don Castro e esposa. Duvidei que ele se recordaria do compromisso. No dia seguinte eu comprovaria isso.
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O AUTOR NA ATUALIDADE
SANTIAGO EM 2022
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