Valter Cardoso, coordenador do
NLCAC, e Keetrin Oliveira, secretária.
PORTAL IZA ZILLI
- O maior portal de comunicação social do Paraná -
Iza Zilli
Comendador Francisco Souto Neto
Núcleo de Literatura e Cinema
André Carneiro
Há três
meses venho participando dos encontros mensais do Núcleo de Literatura e Cinema
André Carneiro – NLCAC, que se realizam na Universidade Tecnológica Federal do
Paraná. Antes de referir-me especificamente ao mencionado Núcleo, acho oportuno
tecer algumas informações biográficas da personalidade que dá o nome ao NLCAC.
André Carneiro
Segundo a
Wikipédia, André Granja Carneiro (1922-2014) foi poeta, escritor, cineasta e
artista plástico que nasceu em Atibaia, SP, e faleceu em Curitiba. Quando
jovem, organizou reuniões artísticas e culturais em sua cidade natal e criou,
com César Mêmolo, a primeira Biblioteca Pública de Atibaia. Promoveu exposições
e encontros culturais, levando a Atibaia artistas como Aldemir Martins, Anita
Malfatti, Oswald de Andrade e Di Cavalcante.
André
Carneiro aos 87 anos (Foto Arthur Dantas).
Nos anos
seguintes fez literatura, fotografia e cinema, e foi premiado nas três áreas,
no Brasil, França, Holanda, Itália e Inglaterra. Na literatura, ramo ao qual
mais se dedicou, tem obras publicadas na Espanha, Argentina, França, Suíça,
Alemanha, Bélgica, Inglaterra, Itália, Bulgária, Suécia, Rússia, Japão,
Portugal e Estados Unidos, e recebeu, dentre outros, os seguintes prêmios:
Machado de Assis, Alphonsus de Guimaraens, Pen Club Internacional e Nestlé.
Membro de sociedades artísticas e científicas, integrou a Parapsychological
Association, a Science Fiction and Fantasy Writers of America, e a Academie
Ansaldi, de Paris. A partir 1970 ministrou cursos e palestras em universidades
e centros culturais no Brasil, Argentina, Cuba, México, Estados Unidos e
França.
Sua fotografia Trilhos, de 1951, é considerada um
dos marcos do modernismo fotográfico no Brasil e está presente no
recém-lançado Fotografias Achadas, Perdidas e Construídas”.
“Trilhos”
(1951), fotografia de André Carneiro.
Além de
renomado poeta, ele é considerado o maior escritor brasileiro de ficção
científica. Segundo Arthur Dantas, “Ângulo e
Face, sua estreia como poeta, foi editado por
Cassiano Ricardo em 1949 e o colocou no rol dos grandes poetas do momento". O
crítico francês Bertrand Lorraine afirmou que "Carneiro é um dos maiores
poetas vivos do Brasil". Fez roteiros para filmes de Roberto Santos e
Walter Hugo Cury. Seu conto O Mudo foi
transformado no filme Alguém, de Júlio Xavier da Silveira.
Mustafá Ibn Ali Kanso e Gustavo Brasman com André
Carneiro (TrekCon 2013).
O meu
saudoso amigo Musafá Ibn Ali Kanso, que faleceu no ano passado, conviveu
bastante com André Carneiro – que residiu em Curitiba os seus últimos 15 anos –
e deixou algumas palavras sobre o amigo, registradas no blog “Semana André
Carneiro”.
André Carneiro e as Oficinas
Literárias
Abaixo
estão as seguintes palavras de Mustafá, transcritas no blog ante mencionado, que me foi indicado por Valter Cardoso, atual
coordenador das Oficinas Literárias:
“A exemplo do que realizou em São Paulo, André Carneiro deu início a um movimento literário em Curitiba por meio de suas Oficinas de Literatura e Cinema. Desde seu início, a dinâmica das oficinas tem sido basicamente a mesma. Em reuniões mensais cada escritor apresenta seu trabalho, que é lido e comentado pelos demais — atuando assim como leitores beta —, com a vantagem adicional de que todos são escritores e bem sabedores dos calos ardentes dos espancadores de teclados. Os principais objetivos da oficina são: a busca incessante pela qualidade e pelo aperfeiçoamento na arte da escrita e o incentivo à leitura, à escrita e ao livre pensar. A presença de André Carneiro representava, invariavelmente, um insight. Uma inspiração. Ele materializava a máxima de William Yeats, não tendo a mínima pretensão de encher cântaros. Apenas o singelo propósito de encadear uma chama. E que cada um levasse seu combustível. (...) Em 2001 iniciaram-se as reuniões no campus de Curitiba da UTFPR — Universidade Tecnológica Federal do Paraná — pela iniciativa de quatro escritores que na ocasião fundaram a Confraria de Escritores de Ficção Científica, a saber: Bertoldo Schneider Jr., Clair Nery Cardoso, Sílvio Xavier e Carlos Machado”.
“A exemplo do que realizou em São Paulo, André Carneiro deu início a um movimento literário em Curitiba por meio de suas Oficinas de Literatura e Cinema. Desde seu início, a dinâmica das oficinas tem sido basicamente a mesma. Em reuniões mensais cada escritor apresenta seu trabalho, que é lido e comentado pelos demais — atuando assim como leitores beta —, com a vantagem adicional de que todos são escritores e bem sabedores dos calos ardentes dos espancadores de teclados. Os principais objetivos da oficina são: a busca incessante pela qualidade e pelo aperfeiçoamento na arte da escrita e o incentivo à leitura, à escrita e ao livre pensar. A presença de André Carneiro representava, invariavelmente, um insight. Uma inspiração. Ele materializava a máxima de William Yeats, não tendo a mínima pretensão de encher cântaros. Apenas o singelo propósito de encadear uma chama. E que cada um levasse seu combustível. (...) Em 2001 iniciaram-se as reuniões no campus de Curitiba da UTFPR — Universidade Tecnológica Federal do Paraná — pela iniciativa de quatro escritores que na ocasião fundaram a Confraria de Escritores de Ficção Científica, a saber: Bertoldo Schneider Jr., Clair Nery Cardoso, Sílvio Xavier e Carlos Machado”.
Francisco
Souto Neto recebe Mustafá Ibn Ali Kanso em 30.6.2017
Em 2004,
por indicação do produtor Mario Mendonça, Mustafá Ibn Ali Kanso foi convidado
por Nery Cardoso e Carlos Machado a ingressar nas oficinas. Com a saída de
Machado em 2005 para iniciar seu programa de mestrado, Mustafá foi convidado
por André Carneiro para assumir a secretaria e, alguns anos depois, a
coordenação do grupo.
Das
oficinas realizadas em Curitiba saíram textos premiados em concursos nacionais
e que têm sido publicados em diversas antologias ao lado de grandes nomes da
ficção científica nacional.
O Núcleo de Literatura e Cinema
André Carneiro.
O NLCAC
surgiu em 2001, como Confraria dos Escritores de Ficção Científica, quando os
quatro autores acima mencionados convidaram o escritor André Carneiro para
realizar uma oficina literária em Curitiba. Mustafá Ali Kanso começou a participar
em 2004 e Valter Cardoso em 2007. Em 2010 foi lançado o primeiro livro da
oficina, uma antologia de contos, com o nome Proibido Ler de Gravata. Em 2015 lançou-se a segunda antologia de
contos, intitulada Estranhas Histórias de
Seres Normais.
A partir
de 2011, o nome mudou para Núcleo de Literatura e Cinema André Carneiro. O
coordenador no início foi André Carneiro, secretariado por Carlos Alberto
Machado. O referido secretariado em 2007 passara a ser exercido por Mustafá Ali Kanso, o mesmo que, com o falecimento de André Carneiro, assumiu a coordenação. Atualmente
Valter Cardoso exerce a coordenação, secretariado por Keetrin Oliveira, que é
proprietária da Editora DTX.
Valter
Cardoso, o coodenador do Núcleo de Literatura e Cinema André Carneiro, abrindo
a "oficina", ao lado de Keetrin Oliveira.
A última
oficina de 2017 realizou-se no dia 16 de dezembro, quando foi “oficinado” um
conto de Nicole Sigaud, denominado A
Festa da Corda. Dessa reunião coordenada por Valter Oliveira e secretariada
por Keetrin Oliveira, participaram: Adriano Siqueira, Alba Regina Bonotto,
Alonir Pedro Gonçalves, Dione Mara Souto da Rosa, Eduardo Brindizi Simões
Silveira, Francisco Geraldo Stingelin Cardoso, Francisco Souto Neto, José
Assumpção, Liana Zilber Vivekananda, Luís Ronconi, Nicole Sigaud (a autora do
texto sob análise), Rafael Bertolozzo Duarte, Rafael Golob, Rubens Faria
Gonçalves. Um a um, todos analisaram e opinaram sobre o conto apresentado por
Sigaud. Ao final de todas as manifestações, o coordenador sempre faz uma síntese dos
comentários e das sugestões à obra analisada.
Na
ocasião, Keetrin Oliveira anunciou os nomes dos autores que participarão da
primeira antologia de contos com tema livre que, brevemente, sua editora
tornará realidade. São os seguintes: Bryan Haveroth (com Eliminatórias); Eduardo Brindizi (com Que se dane a literatura); Francisco Souto Neto (com O homem do ar); Liana Zilber (com A verdade); Marcos Migliorini (com Seis); Nicole Sigaud (com A festa da corda); Osvaldo Meza (com O homem de uma só face); Rubens Faria
Gonçalves (com O homem, a águia e o mar);
Valter Cardoso (com O espaço que nos cabe);
Vitória Zavattieri (com Muito caminhar).
Interessante
observar que o coordenador Valter Cardoso organiza a disposição das mesas em
forma circular, ou num quadrado, onde não haja uma cabeceira, de modo que
ninguém, nem ele próprio, ocupe alguma posição de destaque, para simbolizar que
ali estão todos em pé de igualdade. Além disso, tudo naquele grupo transcorre
da maneira mais democrática e participativa possível. Por exemplo, na reunião
anterior havia sido proposto aos membros do grupo que apresentassem sugestões para
um logomarca a ser adotada pelo Núcleo. Na reunião em apreço, todas as sugestões
apresentadas foram passadas aos presentes para que, um a um, votassem pela
logomarca de sua preferência. A maioria votou num trabalho do designer Conrado
Dittrich. Na mesma ocasião Keetrin Oliveira colheu sugestões para o título da
antologia que será editada pela DTX, sugestões estas que também serão submetidas
à votação dos membros do grupo. Não poderia haver melhores exemplos do que se
possa considerar uma administração democrática.
José
Assumpção, Liana Zilber Vivekananda, Adriano Siqueira.
Eduardo
Brindisi Simões Silveira, Rafael Golob.
Rubens
Faria Gonçalves e Francisco Geraldo Stingelin Cardoso.
Nicole
Sigaud, que nessa tarde teve o seu texto “A Festa da Corda” analisado por todos
os presentes, e Rubens Faria Gonçalves.
Dione
Mara Souto da Rosa e Nicole Sigaud.
Nicole
Sigaud, Alonir Pedro Gonçalves, Rubens Faria Gonçalves.
Nicole
Sigaud, Alonir Pedro Gonçalves, Rubens Faria Gonçalves.
Valter
Cardoso, Keetrin Oliveira (informando os nomes dos colegas que participarão da
antologia que será publicada por sua Editora DTX) e Francisco Souto Neto.
Luís
Ronconi, Eduardo Brindisi Simões Silveira, Rafael Golob.
Francisco
Geraldo Stingelin Cardoso, José Assumpção, Liana Zilber Vivekananda, Adriano
Siqueira.
À
esquerda Nicole Sigaud, que tinha seu texto sob análise.
Rubens
Faria Gonçalves, Alba Regina Bonotto, Francisco Geraldo Stingelin Cardoso.
Valter
Cardoso, Keetrin Oliveira, Francisco Souto Neto, Dione Mara Souto da Rosa.
Rafael
Golob, Rafael Bertozzo Duarte, Valter Cardoso e Keetrin Oliveira.
Pelos
motivos expostos, deixo aqui o registro da minha opinião de que o NLCAC está em
plena expansão, e que os resultados das suas atuações em prol da Literatura e
do Cinema em Curitiba deixarão marcas profundas na memória da intelectualidade
paranaense destas primeiras décadas do século corrente.
-o-
Nenhum comentário:
Postar um comentário