HISTÓRIAS
DO CEMITÉRIO DO CATUMBI
PARTE
11 (de 13)
Francisco Souto Neto
A obra biográfica Visconde de Souto: Ascensão e “Quebra no Rio
de Janeiro Imperial, escrita em coautoria por mim e minha prima Lúcia
Helena Souto Martini, conta com um APÊNDICE em sua parte final, da página 457 à
510, subintitulado O Cemitério do Catumbi”,
no qual faço o relato do que foi a minha luta desde o ano de 1969 – há quase
meio século – pela preservação do setor
histórico da referida necrópole do Rio de Janeiro, onde estão sepultados os
mais importantes vultos históricos do Brasil Imperial.
O Apêndice conta com 13 capítulos.
Este é o 11º capítulo do Apêndice.
APÊNDICE
O CEMITÉRIO DO
CATUMBI:
DEPOIMENTO DE
FRANCISCO SOUTO NETO
11
O TABLÓIDE DE 5 DE ABRIL DE 1987
Muitos foram
os jornalistas paranaenses que acompanharam tudo o que se passava de irregular no
Cemitério do Catumbi e a isto faziam referências na imprensa, tais como Dino
Almeida, Alcy Ramalho Filho, Wilde Martini, Mary Schaffer, Iza Zilli, Ruy
Barrozo e Calil Simão.
Aramis
Millarch costumava comentar em sua coluna Tabloide as atividades que eu desenvolvia
em Curitiba como animador cultural, paralelas ao meu trabalho na diretoria do
Banestado. No episódio do Catumbi, ele foi incansável em seu reiterado
interesse e apoio à minha causa.
Na edição de
5 de abril de 1987 do jornal O Estado do Paraná, Millarch escreveu:
O guardião
da memória do cemitério: / [...] Francisco Souto Neto
gastou parte das suas últimas férias para, debaixo de um calor senegalês,
realizar um completo levantamento dos dois setores históricos do Cemitério do
Catumbi, catalogando as sepulturas com as lápides ainda intactas – e levantando
as sem identificação. Elaborou mapas, gráficos e, acompanhado com centenas de
fotos, encaminhou esse material tanto ao Monsenhor Abílio Ferreira da Nova,
procurador da Venerável Ordem 3ª dos Mínimos de São Francisco de Paula –
responsável pela conservação daquele campo santo, como também ao Sr. Ângelo
Oswaldo de Araújo, secretário do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
além de cópias à imprensa nacional. / [...] Souto Neto extrapolou a simples
preocupação familiar para, com suas denúncias, alertar em relação ao abandono
em que uma favela vizinha já soterrou os restos do túmulo de Teófilo Otoni
(1807 – 1869) e sobre o mesmo foram construídos barracos. Até agora, nada
extraordinário ali aconteceu, mas fenômenos na linha “poltergeist” podem
aparecer. / O que revolta Souto Neto é o desleixo dos herdeiros das famílias
tradicionais que não se preocuparam com a situação dos túmulos de seus
antepassados. Vai mais além, ao denunciar à direção do SPHAN: “Aquilo não será
assombroso, se considerarmos que alguns herdeiros são capazes de atos espúrios,
como o daquela bisneta que destruiu o mausoléu neobarroco do visconde de
Guaramores, neles incluindo-se o de que interesses financeiros envolveram o
próprio sarcófago do visconde”. / [...] Assim, está a exigir a contratação de
guardas para o cemitério e a clamar providências para a identificação de muitos
túmulos abandonados. Em seu levantamento, das 262 sepulturas que pesquisou, só
162 estão identificadas e 100 delas estão abertas, ou sem lápides que tornem
possível a identificação dos vultos históricos lá sepultados, “o que dá a exata
dimensão do descaso por parte dos descendentes”. / [...] Em compensação, há
curiosas obras de arquitetura de cemitério que, analisadas por um pesquisador
dedicado como é o Chico Souto, poderiam resultar numa interessante publicação.
(MILLARCH, Aramis. O guardião da memória do cemitério. O Estado do Paraná, Curitiba, 5 abr. 1987. Tabloide, p. 14).
A reportagem de Aramis Millarch
-o-
ADENDO À PARTE 11:
Em fevereiro de 1987 voltei ao Rio de Janeiro para verificar se as providências foram tomadas. O túmulo do Visconde de Souto recebeu uma nova campa de mármore. A lápide original, restaurada, encontrava-se colada sobre o mesmo. As fotografias das páginas do álbum, abaixo, atestam esses fatos.
Na folha de álbum acima, vê-se na primeira foto a lápide original
restaurada, na segunda foto a campa do túmulo com sua nova cobertura, sobre a
qual está colada a lápide original, e na parte inferior a pequena placa que se
vê na terceira foto, com alusão aos problemas ocorridos. Na quarta foto, a
situação atual dos túmulos do Marquês e Marquesa de Olinda, e do sepulcro do
Visconde de Souto.
Esta
fotografia de Francisco Souto Neto, a que denominou “Um equilíbrio delicado”,
simboliza todas as depredações do Cemitério do Catumbi.
-o-
CONTINUA NA PARTE 12
CONTINUA NA PARTE 12
Nenhum comentário:
Postar um comentário