As escarpas desafiadoras
dos cumes dolomíticos
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Iza Zilli
Comendador Francisco Souto Neto
Ortisei, ou St. Ulrich, ou Urtijëi,
um dos lugares mais fascinantes
do mundo.
O impactante Sassolungo ou
Langkofel (3.181m)
O impactante Sassolungo ou
Langkofel (3.181m)
Ortisei em Val Gardena com
Sassolungo ao fundo
Quando
pela primeira vez eu vi uma fotografia da montanha acima, senti-me fascinado.
Tratava-se do Sassolungo, também denominada Langkofel, a quarta montanha mais
alta das Dolomitas, uma cadeia montanhosa dos Alpes orientais, ao norte da
Itália.
Pesquisando,
descobri que a melhor localidade para contemplar o Sassolungo seria na cidade
de Ortisei, capital de Val Gardena. Trata-se de uma localidade com três
diferentes nomes: Ortisei em italiano, St Ulrich em alemão e Urtijëi no dialeto
ladino-dolomítico.
Meu amigo Rubens Faria
Gonçalves é um ótimo companheiro de viagem porque todas as viagens que fazemos
são decididas de comum acordo. E não poderia de ser de outra maneira, pois como
dividimos as despesas, os roteiros têm que ser aprovados por ambos. E sempre dá
certo. No caso de Ortisei, primeiro fui eu quem se encantou com a ideia de
conhecer o Sassolungo, e em seguida ele, pesquisando na internet, descobriu que
Ortisei é considerada a capital do entalhe em madeira da Itália. E assim
incluímos aquele lugar em nosso roteiro.
As Dolomitas
Deixando Veneza, onde
passamos cinco dias, embarcamos para Bolzano viajando em trens confortáveis e
rápidos. Dali em diante não há estrada de ferro e a viagem se faz em ônibus...
o que não é nada fácil, considerando que as Dolomitas são parte dos Alpes, com as
montanhas mais altas da Itália.
As
Dolomitas
Vilarejos
nas Dolomitas
As estradas de rodagem
são cheias de curvas, os ônibus sobem e descem por caminhos íngremes para desembarcar
e apanhar novos passageiros nos vilarejos antes de chegar a Ortisei. Enjoei
muito nessa parte da viagem. Foi um alívio desembarcar em Val Gardena.
As
montanhas dolomíticas ao fundo.
As
montanhas dolomíticas ao fundo.
As Dolomitas são muito
características por serem de rocha sem revestimento de terra, nem de vida
vegetal, e mostram-se dramaticamente cheias de pontas gigantescas que parecem
querer riscar o céu. O que mais impressiona é que essas montanhas são cheias de
conchas, corais e outros fósseis marinhos. É que a região foi fundo de mar há 30
milhões de anos. Quando o planeta era jovem, as placas tectônicas da Europa e
da África colidiram, fazendo erguer a mais de três mil metros as montanhas que
hoje formam parte dos Alpes e mais especificamente as Dolomitas. Dentre todas
as montanhas da região, o Sassolungo (3.181 m) é o mais impressionante, pois
seu cume lembra uma gigantesca tocha.
Mapa de
Val Gardena. Ortisei é a primeira cidade na parte inferior, e o Sassolungo está
acima, um pouco à direita.
Ortisei
com o Sassolungo ao fundo.
A localidade de Ortisei, ou St. Ulrich, ou Urtijëi.
Tínhamos reserva no
Hotel Maria, porém ao lá chegarmos encontramos nosso apartamento já ocupado. A
administração resolveu da seguinte maneira: conseguiu um apartamento num hotel
um pouco mais simples a poucos metros dali, a Villa Demetez, mas manteve o
compromisso de nos servir os cafés da manhã e as refeições. No fim nós gostamos
muito de termos ficado na Villa Demetz, porque seu proprietário, o Sr. Egon
Demetez, era muito atencioso e de quem acabamos por nos tornar amigos, conforme
relatarei mais adiante.
Surpreendemo-nos com a
beleza da localidade, o requinte das construções e a riqueza das vitrines,
principalmente à noite, quase todas especializadas em entalhes em madeira, de
todos os tamanhos imagináveis, e de uma abrangência enorme, embora com
predominância dos temas religiosos.
As igrejas também são
de um luxo como só se vê na Itália. Entre a Villa Demetz e o Hotel Maria
localiza-se uma capela, a Chiesetta (“igrejinha” ou capela) di Sant’Antonio.
Construída em 1673, com telhado inclinado renascentista, que impressiona pela
delicadeza do altar e das estátuas em madeira de santos.
Atrás de
Rubens Faria Gonçalves, a Capela de Santo Antônio.
Púlpito e
altar da Capela de Santo Antônio.
Detalhe
do altar.
Francisco
Souto Neto e Rubens Faria Gonçalves ladeando o relógio que fica de frente para
a Capela de Santo Antônio e entre a Villa Demetz e o Hotel Maria.
A fonte
em frente à Capela de Santo Antônio.
A fonte
em frente à Capela de Santo Antônio (às costas de quem fotografa).
Centro de
Ortisei
Centro de
Ortisei
Habitualmente as
igrejas são os primeiros locais que costumamos visitar quando viajamos pelos
países europeus. Assim, na mesma tarde visitamos também a Chiesa di
Sant’Uldarico ou Sant’Ulrico. Ao entrarmos no templo, surpreendemo-nos com a
riqueza dos altares folhados a ouro. Sua inauguração deu-se em 1797 com granes festividades. Em
1798, o órgão foi instalado com 24 registros, em 1799 o altar principal foi
concluído pelo artista Stampa di Milano. Apenas em 1820 o exterior da igreja
foi pintado. Vale ressaltar que, nos anos seguintes, os escultores e
artesãos de Val Gardena criaram bancos, confessionários e outras obras de arte
para a igreja. A construção da própria igreja também foi bem sucedida
graças ao apoio econômico das pessoas ricas e à força de trabalho diligente da
população de Ortisei.
A nave central da igreja
de Sant’Ulrico tem um grande altar e numerosas obras de arte por escultores de
Val Gardena, incluindo Ferdinand Demetz de Cademia, Ludwig Moroder de Mëune,
Johann Dominik Demetz e a maravilhosa pintura principal da altar é de Josef
Moroder Lusenberg, representando a adoração dos Reis Magos.
Rubens
Faria Gonçalves, tendo à direita a Chiesa di Sant’Ulrico.
A
estupenda e riquíssima nave central da Chiesa di Sant’Ulrico.
Deixamos
a Chiesa di Sant’Ulrico para trás e subimos rumo ao cemitério.
O cemitério de Ortisei
Outro hábito que temos
é de visitar os principais cemitérios da cidade. O de Ortisei surpreendeu pela
singeleza das cruzes, todas de ferro batido e trabalhado, vazadas, sobre os
túmulos locais. Isso deu ao cemitério uma beleza, misto de leveza, que é
qualquer coisa de admirável. O cemitério é pequeno, dotado de uma linda igreja
à direita de quem entra (é a Chiesa di Sant’Ana), e ao fundo está o columbário.
Atrás do columbário há um campo de flores silvestres que marca o fim do
perímetro urbano de Ortisei. Uma caminhada por aquelas trilhas suscita – ou
inspira – uma profunda paz, pois o lugar é de uma beleza e uma infinitude como
raras vezes se observa ou se sente.
Rubens
Faria Gonçalves no cemitério de Ortisei.
Francisco
Souto Neto no cemitério de Ortisei.
Arredores de Ortisei
No dia seguinte fizemos
um belíssimo passeio a pé pelas trilhas ao redor e muito acima de Ortisei,
encontrando cenas bucólicas com cães e galinhas, e uma sensação de paraíso
terrestre entre relva, flores, capelinhas com crucifixos e despreocupadas
conversas entre os habitantes daquele lugar de extraordinária beleza.
Atrás de
Rubens Gonçalves, a parte dos fundos da Villa Demetz (à esquerda), com a
sacada do apartamento onde ficamos hospedados.
Souto Neto
numa ponte sobre a Torrente Gardena, tendo ao fundo a Villa Demetz.
Na subida,
Souto e o cachorro aloprado, mas muito amigo.
Rubens e cachorro aloprado... mas também muito esperto.
Em quase
todas as casas, ou mesmo espalhadas pelo caminho, encontram-se essas capelas
com Cristos entalhados em madeira.
A relva
salpicada de florinhas com Ortisei muito abaixo.
Souto Neto
ouvindo a conversa entre os velhos campônios que falavam no dialeto
ladino-dolomítico.
Rubens com
Ortisei no Vale de Gardena muito abaixo.
...e
galinhas. Não era uma só, mas muitas.
Outro dia,
passeando por Ortisei. Ao fundo, um pouco nublado, o Sassolungo.
Rubens
Faria Gonçalves observa a gigantesca estátua de Luis Trenker (1892-1990)
entalhada num tronco de árvore. Na rua, em frente a um hotel, a estátua
homenageia o alpinista que se tornou famoso artista de cinema que morreu aos 98
anos e está sepultado no cemitério de Ortisei, sua cidade natal.
O
atencioso Sr. Egon Demetz, proprietário da Villa Demetz, sobre numa escada para
colher doces abricós, que gentilmente nos presenteia. O Sr. Egon, também
entalhador, está num dos filmes que fizemos em Ortisei e que anexaremos ao
final deste artigo.
Passeio
aos pontos altos de Ortisei para vermos o Sassolungo, mas a tarde estava
nublada.
Passeio
aos pontos altos de Ortisei para vermos o Sassolungo, mas a tarde estava
nublada.
Sassolungo e cavalos Haflinger
No dia seguinte fizemos
um passeio de dia inteiro a uma das elevações no lado oposto ao Sassolungo,
para que pudéssemos ver o conjunto dolomítico à distância. Primeiro sobe-se em
skilift (cadeirinhas) até a uma região muito alta, e de lá segue-se por trilhas
ao longo de alguns quilômetros montanha acima. Na parte mais alta da nossa
caminhada, fomos surpreendidos por um grupo de belíssimos cavalos Haflinger que
vivem livremente naquelas altitudes.
O
Sassolungo como o avistamos do alto da montanha oposta. Durante nossa subida,
entretanto, a famosa montanha foi sendo coberta de nuvens.
As trilhas
são pedregosas, difíceis de vencer.
De
repente, nuvens súbitas começam a encobrir os cumes do Sassolungo e das montanhas
suas vizinhas.
Sassolungo
parcialmente encoberto.
Sassolungo
parcialmente encoberto.
Rubens
filmando cavalos que se aproximam para beber água.
A chegada
dos belíssimos cavalos Haflinger.
Francisco
Souto Neto e o cavalo Haflinger.
Rubens
Faria Gonçalves e o cavalo Haflinger.
Francisco
Souto Neto e o cavalo Haflinger.
Começando
a descer pelas trilhas, o Sassolungo continua sob neblina.
Souto de
costas para o Conjunto de Sella.
Descendo
pela trilha rumo ao skilift.
Os pés de
Souto enquanto desce rumo a Ortisei.
Rubens
desembarcando do skilift.
Vitrines de Ortisei à noite
Surpreendentes são as
vitrines de Ortisei à noite. São enormes essas janelas das dezenas ou centenas
de lojas da rua principal, que passam a noite iluminadas. Praticamente todas as
lojas exibem entalhes em madeira, feitas pelos artistas mais reverenciados da
Itália. Talhadas à mão, suas dimensões vão de alguns centímetros a dois ou três
metros de altura. Além dos entalhes que fazem jus aos mais importantes artistas
do Renascimento, é feita a primorosa pintura e aplicação de folhas de prata ou
de ouro. Quase toda a população dedica-se ao entalhe em madeira. Até mesmo o
Sr. Egon Demetez, proprietário da Villa Demetz, levou-nos ao seu atelier onde
executa entalhes de rara beleza, para que víssemos as obras de sua criação.
Adiante, algumas das
fotografias dessas vitrines noturnas.
Vitrines
de Ortisei à noite.
Vitrines
de Ortisei à noite.
Vitrines
de Ortisei à noite.
Vitrines
de Ortisei à noite.
Ortisei, ou St. Ulrich,
ou Urtijëi, são os três nomes dessa localidade italiana que é única em beleza e
que merece ser visitada durante muitos dias, tal como nós procedemos.
Os filmes que fizemos
em Ortisei e arredores, que culminam com as vitrines à noite, encontram-se
divididos em cinco capítulos nos links abaixo.
Os filmes feitos em Ortisei:
ORTISEI PARTE 1 – Ortisei (também chamada St. Ulrich e
Urtijëi) é a capital de Val Gardena, encravada num vale do complexo montanhoso
das Dolomitas, também conhecida como "capital do entalhe em madeira"
da Itália.
ORTISEI PARTE 2 – Ampliamos os nossos passeios pela belíssima e surpreendente cidade
de Ortisei.
ORTISEI PARTE 3 – Nesta 3ª parte (de 4 partes), Francisco Souto Neto e Rubens Faria
Gonçalves, em cenas noturnas, filmam as fascinantes vitrines iluminadas de
Ortisei, que comprovam a razão de esta cidade ser conhecida como "a
capital do entalhe em madeira" na Itália.
ORTISEI PARTE 4 – Para poderem observar em seu esplendor o Sassolungo ou Langkofel
(3.181m), das Dolomitas, Francisco Souto Neto e Rubens Faria Gonçalves vão a um
platô cerca de 1.500 a 2.000m acima de Ortisei, e andam pelas trilhas da
montanha. À beira do abismo fazem um "número musical" de gozação, e
têm um encontro casual com os cavalos Haflinger.
-o-
FOTOS ATUALIZADAS DE FRANCISCO SOUTO NETO
Francisco Souto Neto em casa, no ano de 2023
Francisco Souto Neto em casa, no ano de 2023
Francisco Souto Neto em casa, no ano de 2023
Francisco Souto Neto em casa, no ano de 2023
Francisco Souto Neto em casa, no ano de 2023
-o-
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