sábado, 17 de junho de 2023

EM CHUR: “O SEGREDO MAIS BEM GUARDADO DA SUÍÇA” PARTE 3 (FINAL) O PASSEIO NO “CAIXOTE” OU “CARROZZA” RUMO A AROSA por Francisco Souto Neto.

 


Comendador Francisco Souto Neto

 

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EM CHUR:

 “O SEGREDO MAIS BEM GUARDADO DA SUÍÇA” 

PARTE 3 (FINAL)

 

O PASSEIO NO “CAIXOTE” OU “CARROZZA”

RUMO A AROSA

por  Francisco Souto Neto

Em nosso terceiro dia em Chur, acordamo-nos cedo e após o café da manhã fomos para a rua da estação, onde estava estacionado o trem que nos levaria a Arosa. O último vagão da composição era o “caixote”, a carrozza de madeira sem teto, e foi nela que embarcamos com outros turistas dentre crianças e idosos.

 

Os passageiros que escolhem viajar na carrozza vão subindo ao vagão. Rubens aguarda sentado.

Logo o trem pôs-se em movimento e partiu pelas ruas do centro da cidade, quase como se disputasse espaço entre carros, ônibus e pessoas. Revezávamo-nos alegremente em fotografar e filmar o passeio. Algumas crianças, nos bancos mais à frente, brincavam fazendo bolhas de sabão que eram impulsionadas pela velocidade do trem.

Saindo a área urbana, a composição corre mais depressa e nós íamos sentindo o vento no rosto, nos cabelos. Por sorte era um dia de sol e não choveu. Mas quando passávamos dentro de túneis, a temperatura caía bastante, chegava a fazer frio naquela escuridão, e caíam gotas de água nos nossos rostos e cabeças, que escorriam pelos veios aquíferos de dentro das montanhas.

Escolhemos viajar sentados no último banco. Aqui, já viajando pelos Alpes... e lá vai o Rubens com os cabelos ao vento do vagão aberto.

O trem na curva, com a nossa carrozza atrás.

O trem saindo de um dos inúmeros túneis. Gotas de água que brotam do interior da montanha respingavam do teto do túnel em nossas cabeças.

Parte de trás da carrozza, com Rubens ao fundo.

Eu na parte de trás da carrozza.

As paisagens alpinas são de tirar o fôlego, tal a beleza. Impossível tentar descrever a maravilha do percurso. Todos, das crianças aos velhos, gritavam como se a viagem fosse uma brincadeira de montanha-russa.

Sentimo-nos privilegiados por podermos viajar por onde quisermos e de tornar realidade os pequenos ao mesmo tempo extensos desejos.

Arosa

Arosa é uma cidade de férias de verão e inverno com apenas 2.700 habitantes. As paisagens são estupendas, mas a cidade é meio sem-graça. Seja como for, o que nos interessava de fato não era Arosa, mas a viagem no “caixote”.

Almoçamos num lindo restaurante, subimos a colina, vimos uma exposição de carros antigos e passeamos pela cidade. Como Arosa se desenvolveu nas encostas de uma montanha, a prefeitura criou um sistema de ônibus grátis para serem usados por qualquer um que queira subir ou descer as ladeiras. Há também carruagens puxadas a cavalo.


Chegando a Arosa, encontramos um lago ao lado da estação ferroviária.

Praça em Arosa.

Subindo as encostas, encontramos um restaurante (atrás do Rubens com um trenó vermelho no telhado), onde almoçamos.

Paisagem de Arosa.

A cidade se desenvolve morro acima.

Souto Neto e aspectos de Arosa.

Rubens Faria Gonçalves e as montanhas que circundam Arosa.

Francisco Souto Neto e a carruagem de Arosa.

Ao final da viagem, encontramos casualmente uma exposição de carros antigos.

Exposição de carros antigos.

Na hora de voltar a Chur, optamos por um vagão tradicional do trem, agora desprezando a carrozza aberta. Muito cansados, até cochilamos um pouco durante a viagem de retorno.


Retornando a Chur, o trem passa por um varal com roupas secando ao sol.

Rubens ao desembarcarmos na estação ferroviária de Chur.


De volta a Chur

Chegando ao Hotel Drei Könige, encontramos o quarto arrumado, toalhas trocadas, tudo certo. Mas não fizemos mais as refeições ali. Optamos por almoçar no “self service” de uma das grandes lojas de departamentos da cidade, a Manor, onde também à noite fazíamos um lanche frugal.

As vitrines da cidade são lindas. Há lojas Svarowski, Chanel, Gucci... isto numa cidade com apenas 33.000 habitantes. E diversas lojas populares de roupas, como C&A e outras mais importantes.


Casa com secular pintura decorativa.

Lá vem o trem com locomotiva azul, atrás do ônibus, pelas ruas de Chur.

Rubens vendo o trem passando pela rua, desta vez com DUAS animadas carrozzas.

Placa de um restaurante em Chur.

Passamos mais três dias em Chur e aproveitamos para andar pelas trilhas das encostas das lindas montanhas alpinas. Num desses passeios percebi, num lapso de segundo, que o Rubens que seguia à minha frente ia pisar sobre uma cobra. Ele estava com o pé no ar, na metade do seu passo; num ato reflexo instintivo, empurrei-o com força, gritando-lhe: “Cuidado!”. Com o pé que estava ainda em terra, ele deu um “salto olímpico” sobre a cobra que se agitou toda para ficar em seguida estática, mas atravessada bem no meio da trilha. Rubens ficou no lado de cima do caminho e eu no de baixo. Peguei um galho e consegui espantar o réptil, fazendo-a deslizar para o mato. Agora achando a mata perigosa, resolvemos voltar à cidade.

Estávamos procurando pela entrada para a trilha que percorre a parte selvagem da mata.

Percorrendo a trilha, pouco antes de encontrarmos uma cobra.

Deixamos a mata (lado esquerdo) e percorremos parte da ferrovia quando esta deixa o perímetro urbano e segue por caminho exclusivo.


Francisco Souto Neto nos arredores de Chur.

Rubens Faria Gonçalves nos arredores de Chur.

Lembrando da Mamãe

Quando fizemos essa viagem, minha mãe tinha falecido há apenas dois anos. Então, num dos últimos dias em Chur, ao lado do cemitério havia um banco de madeira, onde ficamos por longo tempo sentados, vendo as folhas caírem das árvores num maravilhoso e suave espetáculo que prenuncia a chegada do outono. Depois de algum tempo levantamo-nos e começamos a atravessar a estreita ponte que se iniciava logo após aquele banco. Já estávamos no meio da travessia, quando vimos entrar na ponte, vindo em nossa direção, uma senhora bem idosa, muito bem arrumada, acompanhada de um belo cão. Ela aproximava-se, olhei-a detidamente e vi que ela me lembrava muito minha mãe. Não só nos cabelos louros, muito bonitos, idênticos aos de Mamãe no tom e no penteado, mas também o rosto com os mesmos traços: os olhos claros, o nariz, a linha dos lábios, a cor alegre do batom, e também o jeito já meio pesado, pela idade, de andar. O Rubens seguia um pouco à minha frente e vi que ele se afastou um pouco para que ela passasse com o cão junto ao corrimão. Ouvi-a dizer ao Rubens: “Dank!” (Obrigada). Passou por mim e pude observá-la de perfil. Fiquei olhando-a pelas costas. O Rubens comentou comigo: “Aquela senhora me lembra um pouco a dona Edith”. Vendo-a afastar-se, senti uma profunda emoção. Que saudade imensa! O Rubens prosseguiu: “Procure pensar nisso como se fosse uma homenagem”. Ele estava certo. Observei a beleza das folhas que não paravam de cair e pensei no quanto são bonitas as lembranças que tenho de Mamãe.Terminamos a travessia do rio e logo adiante vislumbramos uma casa cujos maravilhosos canteiros exibiam esplendorosas flores multicores. Sentia-me melhor e me lembrei da minha amiga Anita Zippin que me diz ver a memória de minha mãe sempre vinculada à flora e que pensa nela como “a Dama das Flores”.

Jardim público

No penúltimo dia de nossa hospedagem em Chur, fizemos mais uma pequena viagem. Fomos e voltamos no mesmo dia à capital de um país minúsculo e vizinho a Chur, que é o principado de Liechtenstein, a que apelidei de “O país dos narigudos”. Essa história será lida no próximo capítulo deste mesmo blog.

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ABAIXO, O FILME DA VIAGEM NO TREM CHUR-AROSA:

É só clicar abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=hUI_qSH8j1s&t=533s

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