quarta-feira, 21 de junho de 2017

OS 100 ANOS DE WILSON BARBOSA MARTINS por Francisco Souto Neto para o Portal Iza Zilli.



Wilson Barbosa Martins

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Iza Zilli

Comendador Francisco Souto Neto

Os 100 anos de Wilson Barbosa Martins

Francisco Souto Neto

 
À esquerda, minha tia-avó Antônia (Ica) e à direita minha bisavó Tereza (Mana) Barbosa Martins. Entre ambas, a minha trisavó Marcelina Barbosa Marques Martins. Sentada, Zuleica, filha de Ica. Foto da década de 20 do século XX. Foto do livro "Origem Histórica e Bravura dos Barbosas", 2ª edição (1986) de Ledir Marques Pedrosa.

       Meu primo Wilson Barbosa Martins, nascido em Campo Grande, MS, em 21 de junho de 1917, é advogado e político. Hoje, 21 de junho de 2017, ele está completando 100 anos de idade. Wilson foi senador da República, deputado federal, prefeito de Campo Grande e governador do Estado de Mato Grosso do Sul.

Wilson Barbosa Martins

Wilson Barbosa Martins em selo comemorativo.

Wilson Barbosa Martins em foto de Marcelo Victor.

      Filiado à UDN, foi eleito deputado federal pelo Estado de Mato Grosso uno. Quando do advento do bipartidarismo no Brasil, aderiu ao MDB, que ajudou a fundar. Reeleito em 1966, foi cassado pela ditadura militar com base no Ato Institucional nº 5 de 7 de fevereiro de 1969. Foi presidente da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil, secção Mato Grosso do Sul.

Wilson Barbosa Martins em 1939, na sua formatura em Direito pela Faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo.

       Retornou à política elegendo-se governador de Mato Grosso do Sul em 1982. Antes do fim do mandato desincompatibilizou-se para disputar em 1986 a uma vaga no Senado da República. Foi eleito e deixou o governo para Ramez Tabet, seu vice. Em 1994 disputou novamente o Governo do Estado e se elegeu no 1º turno.

       Wilson casou-se com sua prima Nelly Barbosa Martins. Tanto Wilson quanto Nelly eram primos da minha mãe Edith Barbosa Souto, um parentesco de raízes fortes e profundas. Nelly era filha do médico Vespasiano Barbosa Martins, de quem, obviamente, Wilson era genro. Antes de me referir mais especificamente sobre Wilson, valem algumas palavras a respeito de seu sogro Vespasiano.

Vespasiano Barbosa Martins

       Vespasiano Barbosa Martins (1889 – 1965) foi médico e político. Intendente uma vez e prefeito de Campo Grande por três vezes, governador revolucionário e senador por dois mandatos. Tio Vespasiano, como o chamávamos, era irmão de minha bisavó materna. Formou-se na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Casou-se com Celina Baïs Martins. Partiu para a Europa, aperfeiçoou-se em Paris e Berlim e participou de conferências na Itália.

Vespasiano Barbosa Martins

       Em setembro de 1918 a Gripe Espanhola chegou ao Brasil e espalhou-se rapidamente por todo o território nacional. Essa gripe foi uma pandemia do vírus influenza que se espalhou por quase todo o mundo, tão letal quanto as pestes da Idade Média, e estima-se que tenha vitimado entre 40 e 50 milhões de pessoas no planeta, nos anos de 1918 e 1919.

       Minha mãe foi atingida pela gripe aos 7 anos, em 1919, e seu pai (meu avô materno) também. Este sucumbiu à doença. Minha mãe recebeu a atenção desvelada de Tio Vespasiano, seu tio-avô, que lhe dava assistência duas vezes ao dia. O sono desse médico era todo fragmentado enquanto a “peste” perdurou em Campo Grande, e ele dormia por volta de apenas quatro a cinco horas diariamente. Minha mãe era loura, e quando menina seus cabelos eram de um amarelo muito claro, quase branco, comum às crianças de origem germânica. Ela lembrava-se desse período e contava que quando o tio entrava no seu quarto, ele lhe pergunta: “Como está hoje a minha querida ‘alemoazinha’?”, o que ela, criança, detestava.  Conseguiu salvar muitos pacientes, dentre ele minha mãe. Não fosse isso, eu não existiria.

       Conheci Tio Vespasiano em 1953, aos 9 anos, em sua  casa em Campo Grande. Ele nos recebeu festivamente, deitado na rede armada na ampla varanda de seu palacete que se situava em meio a um alto arvoredo, no centro da cidade. Eu, ainda menino, percebia que ele era um homem importante. 

O palacete de tio Vespasiano Barbosa Martins em Campo Grande.

Mais tarde vim a saber que ele foi o prefeito de Campo Grande na época da Revolução de 1932. Uniu-se ao Estado de São Paulo durante a Revolução Constitucionalista contra o governo de Getúlio Vargas. Vespasiano deu apoio ao general Klinger, então comandante do Exército Brasileiro estabelecido em Campo Grande, e que mandaria suas tropas em auxílio aos paulistas. Foi quando houve a primeira cisão do estado de Mato Grosso, sendo criado o estado de Maracajú. Foi quando Tio Vespasiano assumiu a administração do governo do novo Estado, apoiado pelo governo de São Paulo. Ao fim da Revolução, ele exilou-se primeiro na Argentina, depois no Paraguai.  De volta do exílio, foi nomeado prefeito de Campo Grande em 1934 e no ano seguinte eleito para o seu primeiro mandato como senador da República.

Busto em bronze de Vespasiano Barbosa Martins.


O atentado contra Vespasiano

       Na época em que era senador, em 1936 Vespasiano Martins foi vítima de um atentado que o feriu gravemente e ao senador João Vilas Boas. O crime foi encomendado por Mário Correia da Costa, então governador de Mato Grosso. Vespasiano foi atingido por três tiros, um no braço esquerdo, um no ombro direito e o outro na coxa. Ele e seu companheiro do senado sobreviveram.
       Foi mais uma vez prefeito de Campo Grande em 1941, em 1945 fundou a UDN em Mato Grosso e foi eleito senador mais uma vez. Graças a seus esforços, sua ideia da criação de um novo estado ao sul de Mato Grosso frutificaram e tomaram corpo na década de 70. Em 1977, no governo Ernesto Geisel, foi criado o estado de Mato Grosso do Sul, do qual seu genro Wilson foi governador por duas vezes, conforme relatei anteriormente.

No século XXI, Vespasiano Barbosa Martins torna-se nome de comenda.


Voltemos a Wilson Barbosa Martins

       Em novembro de 1964, nas minhas férias no Banco onde trabalhava, resolvi ir conhecer Brasília, que tinha sido fundada há apenas quatro anos. Viajei de ônibus... uma viagem extremamente longa, mas inteiramente sobre asfalto, o que era coisa rara no interior do Brasil.

       Hospedei-me num hotelzinho de madeira na Asa Norte e no dia seguinte fui almoçar com os tios da minha mãe, Valério e Nadir Barbosa Martins. Tio Valério era médico do Congresso Nacional e Tia Nadir era soprano. Ela cantara em óperas quando mais jovem.  Após o almoço, meu tio levou-me para conhecer alguns pontos turísticos da capital. Naquele tempo era permitido entrar no Palácio da Alvorada e passear pelos seus jardins dos fundos.

       À noite jantei com os primos Wilson e Nelly, quando ele era deputado federal. Conheci então a linda filha do casal, uma moça adolescente um pouco mais jovem do que eu, que pegou seu violão e cantou “Guantanamera”.  Não tirei fotografias do nosso jantar, porque minha câmera fotográfica não era dotada de flash, e fotografias não ficavam visíveis se fossem tiradas à noite.

     Abaixo, doze fotografias tiradas por mim e por minha tia num passeio pelas atrações de Brasília quando a cidade tinha apenas quatro anos. Era o mês de novembro de 1964, portanto, há quase 53 anos. São fotos com mais de meio século, daí estarem descoradas.

Perspectiva da Esplanada dos Ministérios com Eixo Monumental (estação rodoviária) em primeiro plano e, ao fundo, o Congresso Nacional. À direita, a catedral. Foto Francisco Souto Neto em 1964.

Dr. Valério Barbosa Martins e Nadir Barbosa Martins, tios-avós de Francisco Souto Neto.

A catedral de Brasília em obras. Novembro de 1964.

Francisco Souto Neto na rampa que leva ao teto do Congresso Nacional. Novembro de 1964.

O Museu Juscelino Kubitschek atrás de Francisco Souto Neto.

Francisco Souto Neto sentado numa Barcelona Chair no Palácio da Alvorada. Atrás, refletida no espelho, a chamada “parede de ouro”. À direita, ao fundo, tapeçaria de Di Cavalcanti. Novembro de 1964.

Francisco Souto Neto ao lado da capelinha do Palácio da Alvorada.

Francisco Souto Neto conversa com um guarda ao lado da piscina atrás do Palácio da Alvorada. Novembro de 1964.

Passeio de Francisco Souto Neto pelos jardins particulares ao fundo do Palácio da Alvorada. Por incrível que pareça, em novembro de 1964 era possível andar por dentro do referido palácio e passear pelos jardins que ficam na parte dos fundos.

Por trás do Palácio da Alvorada, finalmente Francisco Souto Neto encontra um local que era proibido ultrapassar. Novembro de 1964.

Francisco Souto Neto sentado na grama da frente do Palácio da Alvorada. Novembro de 1964.


Era exatamente a hora em que o presidente descia a rampa do Palácio do Planalto. Era proibido tirar fotos ali, mas de dentro do carro meu tio-avô me disse: “Tire a foto rapidamente, que desta distância ninguém perceberá”. Na aflição de fotografar depressa, quase ficou “cortada” a imagem do presidente Marechal Castello Branco. Entretanto, nem com o auxílio de uma lupa seria possível identificá-lo nesta foto, ao lado de três outros homens.

       Depois disso, revi Wilson e Nelly somente em 15 de março de 1983, quando ele tomou posse pela primeira vez como governador de Mato Grosso do Sul.

Margarita Sansone noticia em sua coluna Zoom da Gazeta do Povo.

Cartaz de Wilson Barbosa Martins na sua campanha ao governo do Estado.

Edith Barbosa Souto e Francisco Souto Neto em casa, na sala da biblioteca, com o cartaz de Wilson Martins entre a porta e os livros.

Edith Barbosa Souto e Francisco Souto Neto em casa, na véspera da viagem a Campo Grande, com um cartaz comemorando a eleição do primo.

Viajei a Campo Grande na companhia de minha mãe, e quem nos levou à solenidade de posse foi minha prima Terezinha Barbosa Macedo. Fotografei e filmei em Super8 mudo a entrada de Wilson Barbosa Martins no palácio do governo, seguido pela esposa Nelly, e da mãe de Wilson, a querida Tia Adelaide (Adelaide de Souza Barbosa, minha tia-avó).

Minha mãe Edith Barbosa Souto e minha prima Terezinha Barbosa Macedo (segurando minha filmadora Super8) no Centro Cívico de Campo Grande à espera da hora da cerimônia de posse de Wilson Barbosa Martins como governador de Mato Grosso do Sul.

Eu e minha mãe à espera da chegada do novo governador Wilson Barbosa Martins.

Chega o novo governador Wilson Barbosa Martins, que ouve o Hino Nacional.

A entrada da primeira-dama Nelly Barbosa Martins.

Em seguida, entre Tia Adelaide, mãe do novo governador, acompanhada de um dos netos.

Wilson e Nelly reúnem alguns convidados em casa, ao redor da piscina: minha mãe entre Naíde e Tia Adelaide, seguidas de Ruth, Nêmesis, Tia Nadir e a primeira-dama Nelly Barbosa Martins.

       Naquele tempo em que poucas pessoas fotografavam, e raríssimas filmavam em Super8, meu filme poderá interessar à História de Mato Grosso do Sul e pode ser visto neste link:


       O irmão de Wilson, Plínio Barbosa Martins, também fez carreira política e foi, igualmente, prefeito de Campo Grande e deputado federal.

Abaixo, algumas fotos de quando Wilson foi deputado federal ou senador da República. Não estão datadas, por isso não dá para situá-las nos anos corretos.

Em Brasília, o senador Wilson Barbosa Martins, governador de São Paulo Franco Montoro, Ulysses Guimarães e Tancredo Neves.

Em Brasília: Dante de Oliveira, Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e Wilson Barbosa Martins.

 
Em Brasília: Ulysses Guimarães e Wilson Barbosa Martins.

 
Em Campo Grande, comemorando sua eleição para governador.

 
Wilson Barbosa Martins reflexivo.


Wilson recentemente e hoje

       É interessante notar que tudo quanto se publicou e ainda se publica sobre o político Wilson Barbosa Martins, é só para enaltecer a sua vida pública... um político de boa cepa, raríssimo nos dias atuais.

       Eu me correspondi com Nelly durante muitos anos e guardo algumas das suas cartas manuscritas. Ela era escritora e publicou vários livros muito interessantes, que mantenho em minha biblioteca. Era também uma sensível artista plástica. Suas naturezas mortas eram pintadas com rara sensibilidade. Ela acompanhava a minha coluna Expressão & Arte em jornais e revistas que eu lhe enviava ocasionalmente. Entusiasmada com meu interesse pela arte, disse-me que ir me enviar de presente um de seus quadros. Não houve tempo, porque logo depois recebi o comunicado de seu falecimento aos 80 anos. Era o ano de 2003.

Wilson Barbosa Martins e Nelly sentados, por volta dos seus 80 anos de idade, com os familiares.

Wilson e Nelly numa das suas fazendas, ambos por volta dos 80 anos, vendo o rio passar.

       Até há aproximadamente dois ou três anos, por volta dos 97 anos de idade, Wilson Barbosa Martins estava muito bem, comparecia a lançamentos de livros em noites de autógrafos e a inaugurações de exposições. Minhas primas Terezinha Barbosa Macedo e Ledir Marques Ferreira deixaram-me sempre inteirado das atividades do nosso primo. Infelizmente ele sofreu um AVC e tem vivido rodeado pelos familiares, mas já não recebe visitas, exceto dos mais íntimos. Na internet há muitas notícias falsas sobre seu falecimento nos anos de 2006, 2009, 2012, 2016... é um absurdo e um desrespeito que os autores não retirem de circulação essas notícias inverídicas.

       Na semana passada, dia 13, minha prima Terezinha enviou-me um artigo do Blog do Dante Filho, no qual o escritor estampou o artigo denominado “Wilson Barbosa Martins”. Dante Filho inicia seu artigo com um texto delicado e sensível, cujas palavras transcrevo:

       “No próximo dia 21, o ex-governador Wilson Barbosa Martins completa 100 anos de vida. Há muito tempo não o vejo. Notícias que me passam aqui e acolá dizem que ele está em paz, num estado semelhante ao do nirvana, num mundo exclusivo, sem dor, prazer, tristeza ou alegria, sem consciência plena do mundo real. Independentemente do que seja, acho que Wilson Barbosa Martins está integrado com a natureza, vivendo o máximo da benevolência que a vida permite, ausente da pequenez cotidiana, integrado ao cosmo spinoziano, como se diria. O que resta àqueles que o conheceram e vivenciaram bons momentos com esse notável político de nosso Estado é a memória, essa amiga mendaz dos que conseguem selecionar fatos para amoldá-los às suas interpretações. É o que farei aqui.”

       Aqui do Paraná envio meu abraço ao querido primo neste dia que marca os 100 anos do seu nascimento, a ele que teve uma vida admirável e realizou exemplarmente sua missão de desenvolvimento e humanismo em prol do povo do Estado que sempre amou. Sei que ele não terá como saber destas minhas palavras. Além disso, infelizmente Tia Adelaide, minha prima Nelly e sua filha Celina já não estão mais entre nós. Mas seus demais familiares e descendentes continuam e continuarão através do tempo.

       É uma pena que tudo passe tão depressa como um flash. Bem escreveu o dramaturgo e poeta espanhol do século XVII Calderón de la Barca (1600 – 1681):

¿Qué es la vida? Un frenesí. ¿Qué es la vida? Una ilusión, una sombra, una ficción; y el mayor bien es pequeño; que toda la vida es sueño, y los sueños, sueños son.


-o-

terça-feira, 6 de junho de 2017

OSLO, NA NORUEGA, E SEU INCRÍVEL FROGNER PARK por Francisco Souto Neto.

Frogner Park em Oslo, Noruega, com o monólito de Vigeland ao fundo.

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Iza Zilli

Comendador Francisco Souto Neto

Oslo, na Noruega, e seu incrível Frogner Park

Francisco Souto Neto

       A Noruega é uma estreita e longa faixa de terra, na qual o mar penetra numa infinidade de fiordes, cingindo inúmeras ilhas. É uma das raras regiões do mundo onde se pode ver o sol da meia-noite, porque o país é cortado pelo Círculo Polar Ártico e muito próximo ao Pólo Norte. Os habitantes primitivos acreditavam que ali o mundo acabava.
       Oslo, a capital, tem 630 mil habitantes e é a maior cidade do país. Foi fundada em 1050 e é capital desde o ano de 1299. É onde se entrega o Prêmio Nobel da Paz, ao contrário dos outros Nobel que são atribuídos em Estocolmo, Suécia.  Oslo (pronuncia-se “Uslú”) é também a segunda cidade mais cara do mundo.
       Essa capital é toda voltada para ao mar, mais precisamente para o fiorde de Oslo. Cheguei à cidade pelo terminal de cruzeiros situado aos pés de Akershus, uma fortaleza com mais de 700 anos, a poucos metros do seu antigo porto.

Frogner Park

       Muitas são as atrações de Oslo, que incluem cerca de 50 museus e incontáveis galerias de arte. Entretanto, não há nada que atraia tanto os turistas, quanto o Frogner Park, também conhecido como Vigeland Park.

Francisco Souto Neto na entrada do Frogner Park de Oslo, Noruega. Ao fundo, muito longe, avista-se o monólito em forma de obelisco, de Vigeland.

       Tomei um bonde que em poucos minutos me deixou na porta do famoso Frogner Park, onde estão 120 esculturas em pedra, resultado de décadas de trabalho do escultor Adof Gustav Vigeland (1840-1943).
       As imagens, onde as pessoas estão representadas sempre nuas, são conhecidas como Círculo da Vida, e começam com o nascimento do ser humano, isto é, com a estátua de uma criança que parece representar a infelicidade e a tristeza do referido círculo que se completará, na sua velhice, com a própria morte.
       Mas, essa mesma criança em princípio infeliz por ter tido que abandonar a segurança do útero materno é vista, através da sequência das esculturas, passando pela infância cheia de alegres brincadeiras com outras crianças e com os próprios pais. A visita ao parque vai a cada passo se transformando numa festa em celebração da vida. Mais adiante as crianças já se tornaram adolescentes que parecem sonhadores e românticos.

Rubens Faria Gonçalves "segura" o bebê para que não caia... A estátua de
bronze não representa agressividade, mas uma simbólica celebração à vida. O homem não chuta, mas ampara as crianças em sua inocente brincadeira. Na coluna à esquerda,vê-se um monstro (a doença) subjugando um idoso.

Estátuas no caminho para o monólito.

A escadaria que leva ao monólito.

       Logo depois estão os adultos em sua luta no triste capítulo do combate e da competição pela própria sobrevivência. Representa a luta pelo reconhecimento dentro do próprio grupo e pelas conquistas do trabalho e da felicidade.
       Finalmente, as estátuas mostram homens e mulheres já velhos, decrépitos, próximos da morte, mas ainda brincando com as novas crianças (seus netos e bisnetos) e prontos para completar o ciclo da vida.

O monólito

       Bem no final do Frogner Park, está um monólito impressionante, no qual Vigeland representou 121 corpos retorcendo-se, nascendo, amando e morrendo, emaranhando-se uns aos outros, elevando-se em direção ao céu e formando uma coluna quase fálica com pouco mais de 14 metros, quase a altura do que seria um prédio de cinco andares.

Ao fundo, o monólito de Vigeland.

       Passei quase toda a tarde no Frogner Park. Muitas são as atrações de Oslo, berço dos bravos vikings, uma das cidades mais bem organizadas do mundo, das mais limpas e belas. Mas nada se compara ao magnífico Frogner Park, que leva até os mais insensíveis a reflexões sobre a vida, tão dadivosa, tão bela e feliz, mas, ao mesmo tempo, tão triste e fugaz.


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