terça-feira, 17 de março de 2020

BOLSONARO NÃO ATENDE AS RECOMENDAÇÕES DE ISOLAMENTO E MANTÉM CONTATO DIRETO COM APOIADORES EM 15.3.2020.



BOLSONARO IGNORA A NECESSIDADE DE MANTER ISOLAMENTO E FAZ CONTATO DIRETO COM APOIADORES - por Francisco Souto Neto


Irresponsabilidade

 
Comendador Francisco Souto Neto

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BOLSONARO IGNORA A NECESSIDADE DE MANTER ISOLAMENTO E FAZ CONTATO DIRETO COM APOIADORES
Francisco Souto Neto


Os nefastos acontecimentos com a saúde pública mundial ampliam-se com a vertiginosa velocidade de uma grande avalanche. A cada dia muda a face do planeta e impõe-se uma nova ordem mundial que nenhum cidadão pode ignorar... Nenhum cidadão, muito menos um presidente da República. Por isso, vejo-me compelido neste dia 17 de março de 2020, a transcrever notícias de ontem no Estadão:

"ORIENTADO A FICAR EM ISOLAMENTO, BOLSONARO CUMPRIMENTA APOIADORES EM MANIFESTAÇÃO (O Estadão)".

“Brasília - Orientado a ficar em isolamento até refazer testes para o coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro passou de carro ao lado de manifestantes no ato pró-governo deste domingo, na Esplanada dos Ministérios e, na volta, foi ao encontro de apoiadores no Palácio do Planalto.
Ele cumprimentou com a mão e tirou selfies com manifestantes que se aglomeraram em uma grade de proteção diante do Palácio do Planalto. Os apoiadores de Bolsonaro gritavam contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, pediram o fechamento do Congresso Nacional e apoio à ditadura.
Na sede do governo, Bolsonaro desceu a rampa para cumprimentar os manifestantes. A participação dele no ato foi transmitida desde o início pelo Facebook.
Os manifestantes gritavam "Fora Maia" e um deles chegou a pedir que o presidente fechasse o Congresso Nacional. "Estamos juntos, presidente, fecha o Congresso", gritou um apoiador.
"Não é um movimento contra nada, é a favor do Brasil", disse Bolsonaro para câmera do celular. "Juntos podemos mudar o Brasil. Acredito nessa terra maravilhosa que Deus me deu", continuou.
No início, Bolsonaro acenou para os manifestantes do alto da rampa do Planalto. Em seguida, desceu e se aproximou. Primeiro, manteve distância, mas em seguida se aproximou e passou a tocar os manifestantes com a mão. Ele ainda pegava o celular das pessoas para fazer selfies. Em alguns momentos, chegou a colar o rosto ao de apoiadores para fazer fotos”.






Além de todas essas afrontas e desprezo às orientações do seu próprio governo, os jornais noticiaram ontem: “Sobe para 15 número de pessoas [da comitiva presidencial durante o vôo, na semana passada, dos Estados Unidos ao Brasil] que encontraram Bolsonaro e estão com o novo coronavírus”.

O próprio presidente corre ainda o risco de contaminar-se e, pior, de estimular a contaminação ao declarar que o coronavírus não é tão perigoso quanto propaga a mídia. Nunca se viu tamanha irresponsabilidade num presidente da República! Que diferença das atitudes tomadas pelos chefes de governo ao redor do mundo inteiro nesta nefasta pandemia. 

Devo ainda acrescentar que manifestações pedindo o fechamento dos demais Poderes da República (Legislativo e Judiciário) e incitação à ditadura são crimes de lesa-pátria. Ao que parece ninguém sabe disso, nem o próprio presidente.

domingo, 15 de março de 2020

CORONAVÍRUS E PANDEMIA... QUEM DIRIA?! - ou TRUMP versus BOLSONARO - por Francisco Souto Neto



 
O novo coronavírus, com aspecto de uma coroa.

 
Comendador Francisco Souto Neto

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CORONAVÍRUS E PANDEMIA...
QUEM DIRIA?!
ou
TRUMP versus BOLSONARO

Francisco Souto Neto


Peste Negra, ou Morte Negra, é como ficou conhecida uma das mais devastadoras pandemias da História. Morreram entre 75 a 200 milhões de pessoas na Eurásia. Somente no continente europeu, foi vitimado um-terço da população. O auge da peste ocorreu no século XIV, entre os anos de 1346 e 1353, e ela foi transmitida ao ser humano através das pulgas dos ratos-pretos, porém as pessoas ignoravam que eram os roedores os transmissores da doença.
A peste negra na Idade Média

 A peste na Idade Média em tela de Brueghel.

A peste na Idade Média em tela de Brueghel. 

A peste na Idade Média numa antiga gravura.

Acredita-se que aquela peste bubônica tenha surgido nas planícies áridas da China. Os primeiros registros datam de 1334 na província de Hubei, e foi se espalhando principalmente pela rota da seda, alcançando a Crimeia. No total, a pandemia pode ter reduzido a população mundial que era em torno de 450 milhões de pessoas, para apenas 350–375 milhões em meados daquele século. A população humana não retornou aos níveis pré-peste até o século XVII. Ásia, Europa, África: a Peste Negra espalhou-se pelo mundo e continuou a aparecer de forma intermitente e em pequena escala pela Europa até praticamente desaparecer do continente no começo do século XIX. Os sintomas da Peste Negra (que era uma peste bubônica) incluem inchaço dos gânglios linfáticos, que podem ficar grandes como ovos de galinha, na virilha, na axila ou no pescoço. Eles eram sensíveis e quentes. Até hoje a peste bubônica requer tratamento hospitalar urgente com antibióticos fortes.

Naqueles tempos arcaicos de mentes toscas, as pessoas precisavam de um lenitivo para enfrentar a peste. Sem contar ainda com recursos da ciência, surgiram então os Flagelantes, um movimento religioso místico como reação à peste. 


Gravura da Idade Média: flagelantes ferindo-se ao açoitarem as próprias costas

Afinal, as populações não encontraram outro socorro senão no sobrenatural. Uma das nações mais avançadas do mundo, a República Sereníssima de Veneza, que no século XIV tinha alcançado um requintadíssimo nível na arquitetura e na arte em geral, contava com numerosas equipes de dedicados médicos. Sua base científica era, obviamente, muito primitiva. Por exemplo, eles passaram a usar um uniforme que se completava com uma máscara na qual despontava um “nariz”, uma espécie de bico de pássaro, com uns 30 ou 40 centímetros de comprimento. Esse “nariz” em forma de bico era recheado de flores, porque todos acreditavam que o perfume afastava a peste, mas também porque as flores ajudavam a disfarçar o cheiro da decomposição dos corpos que se empilhavam por toda cidade.

 A máscara e a indumentária de um doutor em Veneza.

Na minha mão, a miniatura em bronze de uma "máscara de doutor" (il Dottore) que comprei em Veneza, onde essas peças são hoje vendidas como obras de arte para decoração.

A pandemia do coronavírus (o COVID-19)

Na semana passada, quando a Itália teve as fronteiras fechadas para evitar a proliferação do coronavírus que, tendo ultrapassado as fronteiras da China, espalha-se rapidamente pelo mundo, não puder deixar de pensar na peste da Idade Média. Na sexta-feira passada, dia 13 de março de 2020, inúmeros outros países europeus seguiram o bom exemplo da Itália e também fecharam as fronteiras. Até a Suíça, o meu país predileto, isolou-se para tentar salvar seus cantões da contaminação do povo pelo novo coronavírus, o COVID-19. Outros países europeus estão buscando proteção atrás das fronteiras bloqueadas.

É claro que o novo coronavírus não tem absolutamente nada em comum com as pestes da Idade Média. São coisas completamente diferentes e, além disso, a peste bubônica do passado foi muito mais letal do que este que é uma família de vírus que causam infecções respiratórias, enquanto a peste bubônica é provocada pela bactéria Yersinia pestis e pode se disseminar pelo contato com pulgas infectadas, conforme mencionei ao início deste artigo. Entretanto, o atual avanço do mal através do mundo, faz-me pensar nos horrores dos povos medievais, tal como vimos numa das obras-primas do cineasta sueco Ingmar Bergman, o filme “O Sétimo Selo”.


 A Morte no filme "O Sétimo Selo", dirigido por Ingmar Bergman.

O encontro de Bolsonaro com Trump na Flórida

Até dia 13 deste corrente março de 2020, parece-me que não tínhamos nos conscientizado da dura realidade. O próprio presidente brasileiro, antes de viajar para os Estados Unidos na semana passada, declarava pela televisão que a epidemia (ainda não estava sendo tratada como pandemia embora já o fosse) não era tão séria como a mídia vinha alardeando, e ele queria fazer crer que, em outras palavras, o novo coronavírus não seria muito mais do que "uma gripezinha". Um dos membros da comitiva, Fábio Waingarten, secretário de Comunicação da Presidência da República, e que aparece em fotos ao lado de Bolsonaro e entre o presidente Trump e o vice-presidente dos Estados Unidos, testou positivo para o coronavírus. Dois outros integrantes da comitiva de Jair Bolsonaro e que viajaram no mesmo avião presidencial, tiveram confirmação no sábado 14 de março, de estarem também contaminados.


  Fábio Waingarten entre Trump e Bolsonaro.

 Fábio Waingarten entre Trump e Bolsonaro.

 Fábio Waingarten (à direita) ao lado de Trump.

É claro que ante tamanha evidência o presidente Bolsonaro mudou o seu discurso, que é o que ele costuma fazer com grande frequência nos mais diversos assuntos ou temas. A propósito, para esse presidente, dizer e desdizer é a coisa mais natural do mundo. Um dos seus filhos também disse, depois desdisse, mais tarde voltou a dizer para depois desdizer verdades e mentiras sobre a saúde do pai.


Bolsonaro diz e desdiz (agora protegendo-se com uma máscara)

De todo esse imbróglio, o Estadão de 13 do corrente esclareceu: “Mesmo com o primeiro resultado do exame de coronavírus tendo dado negativo, o presidente Jair Bolsonaro vai repetir o teste no início da semana que vem. Ele também deverá ficar mais alguns dias em isolamento no Palácio da Alvorada. A medida será necessária pelo tempo que o presidente passou no avião e ao lado do secretário da Comunicação, Fabio Wanjgarten, diagnosticado com a doença nesta quinta-feira (12). O cardiologista Leandro Echenique afirmou que o presidente deverá ficar mais um tempo em isolamento. ‘Ele segue de quarentena até o começo da próxima semana no Palácio da Alvorada. Precisa ficar isolado pelo menos sete dias depois do contato’, disse ele”.

Acrescente-se que o presidente Trump, que afirmava peremptoriamente que não faria exames para detectar contaminação pelo coronavírus, resolveu mudar de ideia. É lógico, porque o contrário disso seria ignorância demasiada.

Impressões de Dione Mara Souto da Rosa e Rubens Faria Gonçalves

Pelo menos todo esse quiproquó serviu para alertar aos brasileiros de que a situação é séria e requer que todos cumpramos os protocolos de procedimentos. O primeiro exemplo em minha família veio de minha sobrinha, a advogada Dione Mara Souto da Rosa, que deveria vir hoje, domingo dia 15 de março, acompanhada da filha e do genro, para assistirmos a uma habitual “sessão de cinema” no nosso home theater. Perguntou-me ela através de e-mail: “Olá, Padrinho. Tudo bem? Você acha que tudo bem mesmo irmos domingo à sua casa? Com toda essa questão da pandemia não sei se é oportuno. Acho que também devemos evitar beijos e toques de mãos. Tenho feito um cumprimento à moda oriental unindo as mãos para dar ‘oi’. O afeto é o mesmo, mas é preciso seguir as prevenções. O que você pensa?”.

Penso que minha sobrinha está agindo conforme a situação requer. Aqui em casa passamos a evitar contatos sociais e locais com aglomeração de pessoas, tais como cinemas, reuniões e situações similares.

Meu amigo Rubens Faria Gonçalves também escreveu hoje e publicou em seu mural do Facebook as seguintes palavras: “Sobre o coronavírus, mesmo que ele possa provocar apenas uma gripezinha de fácil cura para os mais jovens, estes também correm o risco de ser propagadores do vírus e, assim, contaminar um idoso ou qualquer outra pessoa mais vulnerável, provocando consequências muito sérias e, em certos casos, até mesmo a morte. Portanto, é responsabilidade e obrigação de TODOS seguir as recomendações básicas divulgadas pelas autoridades médicas e outras credenciadas em higiene e saneamento, seja para não adoecer seriamente, seja para não se tornar um propagador do vírus. Mas SEM PÂNICO. Pânico só irá atrapalhar a administração e resolução do problema tanto no plano individual quanto coletivamente.”.

O fato é que o mundo acaba de mudar radicalmente. Vivemos um novo tempo de novos perigos, responsabilidades e ações. Cabe-nos, por ora, estarmos atentos às recomendações básicas que nos estão sendo apresentadas pelas autoridades sanitárias... e, ainda assim, irmos navegando por caminhos ameaçadores e imprevisíveis.

O tempora! O mores!

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P.S.

Os nefastos acontecimentos com a saúde pública mundial ampliam-se com a vertiginosa velocidade de uma grande avalanche. A cada dia muda a face do planeta e impõe-se uma nova ordem mundial que nenhum cidadão pode ignorar... Nenhum cidadão, muito menos um presidente da República. Por isso, vejo-me compelido neste dia 17 de março de 2020 a acrescentar este post scriptum ao meu artigo. Abaixo, a transcrição de notícias de ontem no Estadão:

ORIENTADO A FICAR EM ISOLAMENTO, BOLSONARO CUMPRIMENTA APOIADORES EM MANIFESTAÇÃO (O Estadão).

“Brasília - Orientado a ficar em isolamento até refazer testes para o coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro passou de carro ao lado de manifestantes no ato pró-governo deste domingo, na Esplanada dos Ministérios e, na volta, foi ao encontro de apoiadores no Palácio do Planalto.
Ele cumprimentou com a mão e tirou selfies com manifestantes que se aglomeraram em uma grade de proteção diante do Palácio do Planalto. Os apoiadores de Bolsonaro gritavam contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, pediram o fechamento do Congresso Nacional e apoio à ditadura.
Na sede do governo, Bolsonaro desceu a rampa para cumprimentar os manifestantes. A participação dele no ato foi transmitida desde o início pelo Facebook.
Os manifestantes gritavam "Fora Maia" e um deles chegou a pedir que o presidente fechasse o Congresso Nacional. "Estamos juntos, presidente, fecha o Congresso", gritou um apoiador.
"Não é um movimento contra nada, é a favor do Brasil", disse Bolsonaro para câmera do celular. "Juntos podemos mudar o Brasil. Acredito nessa terra maravilhosa que Deus me deu", continuou.
No início, Bolsonaro acenou para os manifestantes do alto da rampa do Planalto. Em seguida, desceu e se aproximou. Primeiro, manteve distância, mas em seguida se aproximou e passou a tocar os manifestantes com a mão. Ele ainda pegava o celular das pessoas para fazer selfies. Em alguns momentos, chegou a colar o rosto ao de apoiadores para fazer fotos”.

 Irresponsabilidade

  Irresponsabilidade

  Irresponsabilidade

 Irresponsabilidade

Além de todas essas afrontas e desprezo às orientações do seu próprio governo, os jornais noticiaram ontem: “Sobe para 15 número de pessoas [da comitiva presidencial durante o vôo, na semana passada, dos Estados Unidos ao Brasil] que encontraram Bolsonaro e estão com o novo coronavírus”.

O próprio presidente corre ainda o risco de contaminar-se e, pior, de estimular a contaminação ao declarar que o coronavírus não é tão perigoso quanto propaga a mídia. Nunca se viu tamanha irresponsabilidade. Que diferença das atitudes tomadas pelos chefes de governo ao redor do mundo inteiro nesta nefasta pandemia. 

Devo ainda acrescentar que manifestações pedindo a queda dos demais Poderes da República (Legislativo e Judiciário) e incitação à ditadura são crimes de lesa-pátria. Ao que parece ninguém sabe disso, nem mesmo o próprio presidente.
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