domingo, 31 de março de 2019

REUNIÃO DA ACADEMIA DE LETRAS JOSÉ DE ALENCAR EM MARÇO DE 2019 por Francisco Souto Neto.

Comendador Francisco Souto Neto

REUNIÃO DA ACADEMIA DE LETRAS JOSÉ DE ALENCAR EM MARÇO DE 2019
Francisco Souto Neto

No dia 20 do corrente realizou-se a reunião dos membros da Academia de Letras José de Alencar - ALJA, a primeira do ano corrente de 2019.  Como o Palacete dos Leões encontra-se em obras de restauro, o encontro ocorreu nos fundos da propriedade, onde se localiza o complexo administrativo da diretoria do BRDE.

Por motivo de força maior, pela primeira vez eu não pude permanecer até ao fim da reunião. Logo após o início das atividades sob a presidência de Anita Zippin, eu li a ata da reunião de outubro de 2018, por mim lavrada na qualidade de Secretário Geral da ALJA, e Rubens Faria Gonçalves leu a ata da sessão magna de novembro de 2018, por ele levrada na qualidade de Diretor 2º Secretário, e ambas as atas foram aprovadas por unanimidade. Isto posto, nós nos retiramos para cumprir compromissos anteriormente assumidos e que eram inadiáveis.

No mesmo dia a nossa confreira Vera Rauta publicou em seu mural do Facebook um apanhado geral de como transcorreu a reunião. Isto foi ótimo, porque ficamos sabendo de todos os assuntos que foram tratados.

Estou tomando a liberdade de copiar o texto de Vera Rauta acima referido e de colá-lo logo abaixo, e também algumas das fotografias feitas pela mesma colega. Graças a esse múltiplo trabalho de citada confreira, os leitores do meu blog e que me seguem poderão saber como transcorreu a primeira reunião da ALJA em 2019. O texto da colega Vera é o seguinte:

Reunião da ALJA no Espaço Cultural BRDE
por Vera Rauta

“Hoje tivemos a primeira reunião do ano da Academia de Letras José de Alencar, a ALJA. Neste ano a ALJA completará 80 anos! Dra. Anita Zippin, Presidente da ALJA, deu início aos trabalhos dando boas-vindas a todos os presentes. Tânia Rosa Ferreira Cascaes, nossa querida Diretora Sócio-Cultural, recebeu das mãos do Presidente de Honra, Arioswaldo Trancoso Cruz, o Prêmio Inspiração entregue na Cerimônia de Posse de Novos Membros realizada em 28/11/18. Francisco Souto Neto e Rubens Faria Gonçalves leram as atas das reuniões ocorridas em outubro e novembro de 2019. As atas escritas pelos queridos confrades nos fazem lembrar de detalhes que já havíamos esquecido. Parabéns a ambos pela redação impecável! Dois livros foram apresentados na reunião: "A construção da Fé", por Arioswaldo Trancoso Cruz, e "Um pouco de mel e sal", de Rubens Faria Gonçalves. Parabéns aos queridos confrades pelas belas produções! A ALJA é uma confraria que está em constante criação! Cintia Maria HonorioAngela MariaRoss Mary Vieira e eu, apresentamos ações que visam levar a ALJA a setores que trabalham com a infância: crianças, familiares e profissionais ligados a elas. Apresentamos também o "Japi", cuidadosamente produzido por nossa querida confreira, Cintia Maria Honorio. Japi é um cachorro que desempenha um papel simbólico no romance "Iracema" de José de Alencar, nosso patrono. Japi será o mascote da ALJA, que será utilizado nas ações por nós idealizadas, cujo objetivo é uma aproximação junto às crianças. Recebemos da Dra. Anita Zippin uma Moção de Júbilo pela ideia, o que nos deixou muito emocionadas! Nossas ações receberam prontamente o apoio de nosso confrade, Dr. Alberto Vellozo Machado, promotor de justiça do Ministério Público do Estado do Paraná. Valter Cardoso fez um rápido relato do evento "Parada Literária Curitibana”, que contou com a participação de escritores, poetas, cartunistas e professores que mediaram rodas de leitura, contações de histórias e atividades que abordam obras de autores curitibanos. Dra. Anita também sugeriu uma Moção de Júbilo aos confrades e confreiras que participaram do evento, entre eles Dione Mara Souto da RosaEduardo Brindizi Simões Silveira e Lilian Guinski. Outra Moção de Júbilo sugerida por nossa Presidente foi para o Sr. Ney Leprevost, atual Secretário Estadual da Justiça, Família e Trabalho. Votos de pesar foram também enviados às famílias de Dalio Zippin Filho, Joaquim Cardoso da Silveira e Orlando Woczikosky. Como sempre, contamos com a filmagem sempre cuidadosa de João Carlos Cascaes, que preserva com tanto cuidado as memórias de cada reunião. Nosso querido confrade Holsbach Brasil nos presenteou com camisetas com o brasão da ALJA! Que surpresa agradabilíssima! Termino o resumo das atividades da nossa primeira reunião com uma frase citada por Dra. Anita, cujo autor é seu pai, o saudoso advogado, Dr. Dálio Zippin: "Aja de tal forma que, mesmo quando falarem mal de ti, ninguém acredite." Agradecemos a presença de Rafaela Tasca e de Paulo Cesar Starke Junior em nome do BRDE que gentilmente nos cede o espaço para a realização de nossas reuniões. Um agradecimento especial pela presença de Sergio Vieira e Christofer Scorzato da Editora Collaborativa), convidados de nossa querida confreira Noilves Araldi”.

Fotos de Vera Rauta

























Ata da reunião da ALJA, de outubro de 2018, lavrada pelo Secretário Geral Francisco Souto Neto. 
Ata da reunião festiva da ALJA, de novembro de 2018, lavrada pelo Diretor 2º Secretário Rubens Faria Gonçalves (1ª página).
Ata da reunião festiva da ALJA, de novembro de 2018, lavrada pelo Diretor 2º Secretário Rubens Faria Gonçalves (2ª página).

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segunda-feira, 18 de março de 2019

OS GRADUANDOS DO CURSO CIENTÍFICO, NO COLÉGIO REGENTE FEIJÓ, EM 1962 por Francisco Souto Neto.


OS GRADUANDOS DO CURSO CIENTÍFICO, NO COLÉGIO REGENTE FEIJÓ, EM 1962

 
Alunos do Curso Científico (Colégio Regente Feijó), graduandos de 1962.

 
Francisco Souto Neto
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 Adolescência feliz
Tendo concluído o curso ginasial em 1959, no ano seguinte ingressei no Curso Científico do Colégio Regente Feijó. Eu era um adolescente aos 16 anos.
Esse período do Curso Científico representou uma reviravolta em minha vida, quando meu pai adoeceu. Meu pai, Arary Souto, que entre as décadas de 40 e 50 fora o diretor de redação do matutino Jornal do Paraná, era, desde o final de 1955, o diretor da Rádio Central do Paraná, uma época anterior ao advento da televisão em Ponta Grossa, quando o rádio era o mais importante veículo de comunicação de massas. Vivíamos – meus pais, eu e meus irmãos Olímpio e Ivone – num amplo e lindo casarão na Rua Augusto Ribas nº 571, entre a Rua XV de Novembro e a Rua Marechal Deodoro, ao lado do antigo prédio da Assembleia Legislativa, onde hoje existe uma gigantesca agência do Banco do Brasil.

Minha casa na Rua Augusto Ribas, 571. À esquerda vê-se uma pequena parte da Assembleia Legislativa, com mais ou menos um metro de sua parede pintada de um azul bem desbotado.

O pai Arary Souto (1908-1963) em casa, em 1957.

A mãe dona Edith Barbosa Souto (1911-1997) em casa, em 1957.

Olímpio Souto (1934-2007), o irmão mais velho, em casa, em 1957.

Ivone Barbosa Souto (Souto da Rosa após o casamento), a irmã do meio (1938-2010), em casa, em 1957.

Francisco Souto Neto, o irmão caçula, em casa, em 1957, aos 14 anos.

O primeiro dos três anos do Científico, em 1960, transcorreu muito tranquilamente, eu sentindo-me seguro e sossegado na casa paterna, frequentando o Cine Ópera que ficava a apenas uns 50 metros do meu portão, e levando uma vida de adolescente cheio de planos e sonhos. Já pensava no curso universitário para dali a três anos e sentia-me dividido entre dois: de Medicina (para especializar-me em Psiquiatria) ou de Arquitetura.

Dona Edith Barbosa Souto e a filha Ivone atravessando a Rua Augusto Ribas em dia de chuva.

 A doença do pai
Entre o final de 1961 e começo de 1962 meu pai adoeceu. Soubemos que ele tinha um câncer agressivo. Meu mundo desabou como um castelo de cartas. Após esgotados os recursos para o seu tratamento em Ponta Grossa, minha mãe levou-o para São Paulo, onde ficaram hospedados com minha avó paterna, enquanto ele se submetia a tratamentos com os médicos professores Mélega e Loverso, uns dos mais importantes oncologistas do Brasil na época.
Meu irmão, que já estava residindo em São Paulo, casou-se. Ficamos eu e minha irmã em Ponta Grossa, cuidando da casa e então trabalhando para ajudar nas despesas.
Com essa reviravolta em nossas vidas, meu curso científico ficou como que num plano secundário. Estranhamente, com a passagem dos anos, acabei por esquecer-me de muitos dos professores e os nomes de alguns dos colegas de classe. A causa de tal esquecimento talvez provenha do trauma sofrido pelo falecimento de meu pai. Se até agora, que estou tão bem estruturado emocionalmente aos 75 anos de idade, a morte de parentes e amigos é-me muitíssimo pesarosa, durante a adolescência a dor teria sido ainda mais intensa.

 Os professores do Curso Científico

Eram duas as turmas que concluíam o Curso Científico em 1962.  E também, como disse acima, não me recordo muito bem de meus professores. Os três únicos dos quais me lembro com clareza, são Cyro Martins, de Matemática, Glacy Sêcco, de Português, e Maria da Graça Aguiar Armellini (Grací Armellini), de Literatura Francesa.
Cyro Martins está bem claro na minha memória, talvez porque fosse amigo do meu pai e colega do Rotary Club, e também porque foi um professor afável e moderno, que ensinava matemática sem que nós, os alunos, nos sentíssemos ameaçados, tal como ocorria em relação à minha irritada e agressiva professora da mesma matéria nos tempos do ginásio.
Se durante os quatro anos do Curso Ginasial contei com a sorte de ter Egdar Zanoni como professor de Português, durante os três anos do Curso Científico Glacy Secco sucedeu-o à altura. Foi uma grande professora que também me inspirou às Letras.

Inesquecível foi o professor Pascoal Salles Rosa, que fora meu professor de Francês durante os quatro anos do Curso Ginasial na Academia (Ginásio Ponta-grossense). Agora no Curso Científico, lecionava Espanhol. Sua técnica, leve e agradável, proporcionou-me ensinamentos que, até agora, permitem-me ler e falar naqueles dois idiomas.
A professora de Literatura Francesa, a mais extraordinária dentre os mestres que tive durante toda a vida, tinha o apelido de Grací (era Maria da Graça Aguiar Armellini, que após enviuvar e casar-se em segundas núpcias, passou a assinar Maria da Graça Trèny), abria sua casa aos seus alunos para discutir sobre literatura, pintura, música, cinema, teatro, tal como a Madame de Rambouillet, do século XVII, que abria seu Salão Azul para reuniões com a intelectualidade parisiense, que inspiraram inovações sociais, culturais, arquitetônicas e literárias. Dona Graci foi preciosa amizade que levei por toda a vida.

 Colegas: todos bons, exceto um...

Amigos constantes da minha sala de aula, do 1º ao 3º ano do Curso Científico, foram Waldemar Serman e os gêmeos James Jordan e Júlio César Gizzi, todos, infelizmente, já falecidos. Os gêmeos tornaram-se médicos. James foi-se num acidente de automóvel e Júlio num colapso cardíaco. 

  
Na minha casa da Rua Augusto Ribas, meus amigos gêmeos James e Júlio, na foto comigo e João Vargas d’Oliveira Júnior (este último não pertencia à turma de formandos de 1959).

Eu entre os gêmeos James e Júlio no dia da formatura.

 
Lembrança da visita que recebi de Cristóvão Gaia, que fotografei segurando A Divina Comédia, de Dante Alighieri.

 
Eu entre o colega Waldemar Bocchi Serman e seu irmão Rogério Serman, em minha casa, servindo-lhes um drink.

Tornei-me amigo dos filhos de Dona Grací Armellini (Tuca, Lúcia e Célia) e também da própria professora. Na foto acima, uma das visitas que ela nos fez. Fotografei-a ouvindo um dos meus discos de Julie London.

Apenas de um dos colegas do Curso Científico deixou na minha memória uma lembrança extremamente negativa. Chamava-se Stanislawczuk, e seu “nome de guerra” era simplesmente Zuk. Durante os intervalos entre uma e outra aula, ele perambulava pelos corredores do colégio, acompanhado de alguns amigos semelhantes – eu falava com meus botões que eles eram “a gang” – e ele mantinha sempre uma expressão num misto de má e apalermada que carregava no bojo o seu sorriso esquisito, debochado e malfazejo, apavorando sadicamente aos colegas de aparência mais indefesa. Ali mesmo, nos corredores cheios de estudantes para lá e para cá, costumava chegar de surpresa, enquanto o jovem estivesse distraído, e num golpe lhe agarrava os testículos, apertando-os e retendo-os entre seus dedos até quase desfalecer a vítima. Vi-o por várias vezes praticar essa obscenidade a que hoje denominaríamos bullying. Nunca fez isso comigo, talvez porque eu cuidasse para que ele não se aproximasse sorrateiramente. Eu sentia por ele um misto de medo e indignação. Foi o pior colega que conheci em toda vida. Hoje, ao lembrar-me disso, impressiona-me que um indivíduo com tal índole tenha conseguido fazer uma carreira política de sucesso... Talvez tivesse se regenerado quando adulto.
Meu pai esteve em tratamento durante todo o ano de 1962. Quando os médicos de São Paulo não encontraram mais nenhum recurso para sua saúde que declinava, permitiram que ele retornasse a Ponta Grossa, onde ele viria a falecer em abril de 1963.
Meu terceiro ano do Curso Científico foi, portanto, um caos, mas consegui concluí-lo. Tudo o que me restou são algumas fotografias que tiramos em frente ao Regente Feijó no domingo 16 de dezembro de 1962.

Alunos do Ginásio Ponta-grossense (Academia), graduandos de 1962. Nesta foto estão mesclados os alunos de duas diferentes turmas. Ao lado direito, o senhor calvo é o diretor Paulo Grott. Dentre os rapazes, lembro-me dos nomes de Cristóvão Gaia, dos gêmeos James Jordan Gizzi e Júlio César Gizzi (os três infelizmente já falecidos), Guilherme Natel de Paula Xavier, Érico Marques Figueira, Dalton Nadal. Dentre os homens, eu (Francisco Souto Neto) sou o único a usar óculos. Dentre as moças, identifico apenas Sônia Maria Thomaz, quase no centro da foto com blusa branca, filha do casal Nadil e Nadir Thomaz (quase homônimos), pessoas de destaque na sociedade local.

 
Na foto acima, apenas os componentes da minha turma.

Aqui, somente os homens da minha turma. Eu (Francisco Souto Neto) estou na fila mais baixa, o último do lado direito. Nesta foto, além de mim, também o Júlio César Gizzi está usando óculos.

As fotografias dos colegas reunidos antes da colação de grau, foram tiradas no dia 16 de dezembro de 1962.
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UM ADENDO:


Meu Jardim de Infância e Curso Primário:


Meu Curso Ginasial


Meu Curso Superior de Direito:



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Francisco Souto Neto atualmente.

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sexta-feira, 15 de março de 2019

OS GRADUANDOS DO GINÁSIO PONTA-GROSSENSE (ACADEMIA) EM 1959 por Francisco Souto Neto.


OS GRADUANDOS DO GINÁSIO PONTA-GROSSENSE (ACADEMIA) EM 1959

 
Alunos do Ginásio Ponta-grossense (Academia), graduandos de 1959.

 
Francisco Souto Neto

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No distante dia 18 de dezembro de 1959, há praticamente 50 anos  – vale dizer há meio século –  eu recebi meu diploma de conclusão do curso ginasial. Conservei o convite para as solenidades de formatura e, graças a isso, tenho os nomes de todos os colegas que se graduaram naquela ocasião.
A entrega dos diplomas ocorreu no Cine-Teatro Ópera, que distava apenas uns 50 metros da minha residência que era no nº 571 da Rua Augusto Ribas. Foram chamadas algumas autoridades presentes para fazerem parte da mesa de honra montada no palco. Meu pai, Arary Souto, que era o diretor da Rádio Central do Paraná, foi convidado para compor a mesa das autoridades. E nós, os alunos, fomos sendo chamados por ordem alfabética. Quando chegou minha vez, subi a escadinha para alcançar o palco... e qual minha surpresa e emoção ao receber meu diploma das mãos do meu próprio pai. Três meses antes, eu completara 16 anos.

No palco do Cine-Teatro Ópera, Francisco Souto Neto recebeu das mãos de seu pai, o jornalista e radialista Arary Souto, seu diploma do curso ginasial.

A Academia

Cursei todo o ginásio, de 1956 a 1959, na Academia, que era o nome pelo qual chamávamos o Ginásio Ponta-grossense, que pertencia ao professor Altair Mongruel e era considerado o melhor colégio da cidade.
As turmas não eram mistas. As aulas para as turmas masculinas do ginásio funcionavam somente pela manhã. À tarde era a vez das turmas femininas. E à noite as aulas eram para turmas mistas do pós-ginasial, com o curso de Contabilidade, que era chamado de “curso médio”. Os outros “cursos médios” eram o Científico e Clássico, todos eles com duração de três anos, que equivaliam, de certo modo, a uma preparação para a Universidade.
Tive professores realmente extraordinários, tais como o moderno e inovador Egdar Zanoni (Português), Joselfredo Cercal de Oliveira (Geografia), Pascoal Salles Rosa (Francês), Nelson Abilhôa (Desenho), Aristeu Costa Pinto (História) e outros. Alguns eram enfadonhos, como os de Química e Física. Maçante era o professor de Latim; porém, apesar de tudo, até hoje eu sei as declinações da língua latina, e esse conhecimento facilitou o entendimento do meu próprio idioma. O professor de Inglês lecionava em meio a uma interminável baderna. Mas também tivemos professores tiranos, como a de Matemática, que agredia fisicamente os alunos. Eu nunca apanhei dela, mas estudava furiosamente para que isso não me acontecesse. Se o aluno cometesse algum erro no quadro negro, dela levava um “croque” (cascudo). Se ela ficasse muito irritada com algum erro da vítima, digo, do aluno, lascava-lhe na cabeça o livro de chamada, que era pesado e de capa grossa. Como meus pais nunca levantaram a mão para agredir os filhos, eu considerava aquilo que ocorria na sala de aula o máximo da violência e não queria que acontecesse comigo. Ao terminar os quatro anos de ginásio com a mesma professora, eu me vinguei, esquecendo-me deliberadamente de tudo o que aprendi daquela matéria. Até hoje conto nos dedos sossegadamente.

Os colegas constantes do convite

Lembro-me de quase todos os colegas. Afinal, tivemos um convívio diário durante quatro longos anos. Alguns deles, entretanto e lamentavelmente, esqueci-me. Lendo os nomes no convite, percebo, com tristeza, que alguns já faleceram. Por exemplo, Álvaro César Ribas Junqueira, Gilberto Mezzomo (este foi um grande amigo, e seus pais eram muito amigos dos meus), os gêmeos James Jordan Gizzi e Júlio César Gizzi (estes foram também muito meus amigos) e Waldemar Bocchi Serman (nossas mães eram amigas e frequentavam-se). Um dos meus colegas, Carlos Roberto Emílio, conheci-o desde os 5 anos de idade – éramos vizinhos na Rua Visconde de Nácar –, juntos frequentamos o mesmo Jardim da Infância no Colégio Santana... e somos amigos até hoje. Os colegas dos quais me recordo mais claramente são Ademar Silva Scheidt, Cícero César Grande, Celso Marçal, César Roberto Küster, Calixto Abrão Miguel Ajuz, Carlos Henrique P. Bach, Carlos Oswaldo Bevilácqua, Carlos Fernando Nunes da Matta, Dalton Scheidt, Dimas Agner Júnior, Edir Sucow, Edson Oberg, Edson Luiz Costa Machado de Souza, Érico Marques Figueira, Flávio Ribas Tebchirani, Flávio Carneiro Filho, Germano Moss, Guilherme Natel de Paula Xavier Filho, Joel Maia, Joel Veiga, José Carlos Madalozzo, José Lourival Ditzel Gobbo, Lauro Fanchin, Oscar Ernesto Kossatz, Osmar João de Geus, Rogério José Florenzano e Yves Consentino Cordeiro.
Tive também amigos que se formaram um ano antes de mim, outros um ano depois, mas que continuamos mantendo laços de amizade através das décadas. Um deles é Ednei Francisco Ferreira (que foi também meu colega no Banestado), outro é Eduardo Domingos de Souza e outro foi Paulo Ernesto Stunitz Filho (este último, lamentavelmente falecido há pouco tempo). Mas igualmente não encontro no convite de formatura os nomes de alguns importantes colegas, tais como Gilson Renato Wiecheteck, Francisco de Lima e outros, porém não sei qual o motivo dessas ausências. Talvez tenham mudado de colégio antes do fim do curso, ou quem sabe se foram reprovados na última série - algo que, infelizmente, minha memória não consegue alcançar. 

Homenagem a um colega falecido
Lembrando o dia em que Francisco Souto Neto (segurando seu chihuahua Paco Ramirez) recebeu a visita de Paulo Ernesto Stunitz Filho (sentado), cerca de um ano antes do falecimento deste.

Embora as turmas masculinas tivessem aulas pela manhã e as femininas à tarde, e portanto os meninos e meninas não tinham contato e não se conheciam, seus nomes foram todos reunidos em ordem alfabética num único convite para a formatura.
Referido convite preserva também os nomes de todos os professores e de mais alguns homenageados. Naquela ocasião notei que na relação dos professores e homenageados, faltou o nome da professora de Matemática, e então registrei o fato a lápis na última página, de maneira jocosa, talvez até desrespeitosa, o que, entretanto, para mim evidencia agora, meio século depois, nada mais do que o bom humor de um garoto inocente e despretensioso.
Abaixo, a capa e todas as páginas do convite.  










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