O bonde futurista de Strasbourg
na Praça do Homem de Ferro.
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Iza Zilli
Comendador Francisco Souto Neto
Strasbourg: bondes, canais e catedral
Francisco Souto Neto
Strasbourg
(ou Estrasburgo), capital da Alsácia, localiza-se quase na fronteira com a
Alemanha, a meio caminho entre Paris e Praga. Chamada de “encruzilhada da
Europa”, é uma das capitais da União Europeia.
Há
alguns anos, com meu companheiro de viagem Rubens Faria Gonçalves, conhecemos
Colmar, localizada na mesma região, e tão encantados ficamos que planejávamos
voltar à Alsácia para conhecer a sua capital. Fizemos então uma reserva no
Hotel Pax para uma permanência de cinco dias, que foi confirmada pelo gerente Monsieur
Dollinger.
Foto 1 – Hotel Pax, onde nos hospedamos.
Foto 2 – Da nossa janela, vejo passar o bonde da cidade.
Chegando
a Strasbourg, fomos arrastando as nossas malas com rodinhas, desde a estação
ferroviária até ao hotel, num percurso de uns 300 metros, e íamos brincando de
imaginar como seria o Monsieur Dollinger. Para Rubens, ele seria um senhor
magro, alto, cabelos escuros. Para mim, ele seria como Alfred Hitchcock.
Chegamos ao hotel rindo-nos nas nossas próprias brincadeiras. Na recepção
engoli o riso, não sem um pequeno susto, porque Monsieur Dollinger era bastante
parecido com o velho diretor de cinema, principalmente de perfil.
Impressionante coincidência ou premonição? Até charuto ele fumava, tal como
Hitchcock. Depois dessa, pensei, por brincadeira, que ao voltar ao Brasil
poderia mudar de profissão, comprando um turbante e abrindo uma barraca de
vidente.
O
Hotel Pax foi o melhor de todos os hotéis que conhecemos naquela viagem. O
nosso apartamento, com uma “bay window” como se diz nos Estados Unidos – que é
uma espécie de sacada saliente, porém com janelas – foi igualmente o mais
confortável dos hotéis. O café da manhã cobrado à parte, o que é bastante comum
na França, compunha-se de um “buffet”
excelente e farto. Também achamos ótimo o restaurante do próprio hotel,
apresentado como um dos melhores da cidade. Vale ressaltar que desde os dias
que passamos em Le Mont Saint-Michel, minha sobremesa predileta passou a ser
“île flotant” (“ilha flutuante”), duma extrema simplicidade e idêntica delícia,
que consiste de um prosaico mingau de maisena com gemas de ovos, sobre o qual
“flutua” a tal ilha de claras batidas...
Foto 3 – Monumento de Strasbourg.
Foto 4 – Rubens em frente a uma fonte que lembra o filme Amarcord de
Fellini.
Foto 5 – No centro de Strasbourg, o dedo de Souto Neto aponta um
prédio de 5 andares incrivelmente estreito.
Foto 6 – A Petite France de Strasbourg.
Foto 7 – Uma casa medieval de madeira entalhada.
O bonde
O
bonde de Strasbourg, quando lá estivemos, era considerado o mais moderno e
ousado de toda Europa. Ao vê-lo pela primeira vez, achei-o futurista como se fosse
saído de um filme “science fiction” de Flash Gordon. Era não só bonito, mas
muito eficiente, confortável e jamais superlotado, nem mesmo nas horas de
“rush”. Havia um ponto em frente ao hotel e muitas vezes fiquei na “bay window”
do apartamento apreciando o ir e vir dos deslumbrantes veículos do transporte
coletivo.
O
transporte urbano sobre trilhos, seja em bondes ou em metrôs subterrâneos, são
o meio mais confortável e eficiente que há no mundo.
Por
duas vezes, nos dias em que estivemos em Strasbourg, pedi ao Rubens que tirasse
fotos minhas “sofrendo um choque cultural” no instante em que passasse o bonde
moderno, veículo um século à frente do que existe no Brasil em termos de
transporte coletivo. Nessas minhas fotos “sofrendo o choque cultural”, fiz ao
mesmo tempo uma divertida paródia a “O Grito” de Munch.
Foto 8 – Movimento de bondes na
rua, visto do nosso apartamento no Hotel Pax.
Foto 9 – Os silenciosos,
rápidos, confortáveis e belos bondes de Strasbourg.
Foto 10 – Linhas do bonde num
bairro de Strasbourg. Os trilhos são instalados sobre um tapete de grama.
Foto 11 – Acima, Francisco
Souto Neto brincando de “sofrer um choque cultural” ao ver o bonde de
Strasbourg, espantado com a modernidade do mesmo. O gesto é uma paródia a “O
Grito” de Munch.
Foto 12 – Noutro dia, Francisco
Souto Neto brinca de continuar sofrendo “choque cultural” com o transporte coletivo
de Strasbourg, mais uma vez parodiando “O Grito” de Munch.
Foto 13 – Souto Neto na Praça
do Homem de Ferro, onde se cruzam várias linhas do bonde.
Bem
a propósito, na companha das últimas eleições para prefeito aqui em Curitiba,
quando ouvi o candidato Rafael Greca dizer que “metrô é coisa de tatu”,
senti-me decepcionado e pasmo pela miopia do candidato. Infelizmente ele foi
eleito prefeito e por isso nossa capital continuará presa ao seu já obsoleto
sistema de “ônibus expressos”, um meio de transporte coletivo que foi útil,
eficiente e revolucionário, porém isto quando foi criado em meados da segunda
metade do século passado. Transporte urbano bom e confortável é só mesmo sobre
trilhos, seja bonde ou VLT.
A catedral
Já
vi incontáveis catedrais europeias, todas elas de grande beleza, mas
provavelmente a que mais profunda impressão me causou foi a de Strasbourg. Sua
imensa fachada é um rendilhado de pedra, de riqueza indescritível. Só mesmo
Goethe para defini-la: “Ergue-se como a mais sublime árvore de Deus, com amplos
e abobadados galhos”.
Sua
construção começou no século XI (há mil anos) e foi concluída em 1277. O
projeto original seria para duas torres, mas a verdade é que somente uma delas
foi erguida. Com 142 metros de altura – mais ou menos como um prédio de 50
andares – foi a maior catedral do planeta até 1880, quando então foi superada
pela catedral de Colônia. Atualmente é a quarta maior igreja do mundo.
Localizada
numa praça pequena e estreita, não se tem uma visão muito favorável da
construção, mas pode-se sentir o gigantismo da mesma e pasmar ante o rendilhado
da sua fachada.
Foto 14 – A magnífica
catedral de Strasbourg fica numa pequena praça, na qual desemboca esta rua
apertada.
Foto 15 – O fantástico
rendilhado da fachada da catedral.
Foto 16 – À direita,
fragmento da fachada da catedral.
Foto 17 – Desta fotografia
até à de nº 26, a autoria é de Renata Rocha Inforzato, encontradas no seu blog
da internet.
Foto 18 – Fachada da
catedral.
Foto 19 – Fachada da
catedral.
Foto 20 – Fachada lateral
em restauro.
Foto 21 – Vitral.
Foto 22 – O órgão.
Foto 23 – Detalhe do
órgão.
Foto 24 – O imenso
relógio astronômico da catedral.
Foto 25 – Detalhe do
relógio astronômico.
Foto 26 – Detalhe do
relógio astronômico.
Os
interiores da catedral reforçam a impressão de colossal. A sua rosácea é um
intenso caleidoscópio, o órgão de majestade esmagadora... e o relógio
astronômico de estonteante beleza. Figuras mecânicas aparecem no relógio
diariamente às 12h31, acompanhadas de um carrilhão. Encontrei nas pesquisas de
Google algumas fotografias da catedral (atribuídas a Renata Rocha Inforzato) e
seus interiores que são, de longe, as mais belas existentes na internet, e tomo
a liberdade de emprestar algumas para ilustrar este meu artigo.
Os canais do Rio Ill
Outro
encanto de Strasbourg reside nas pontes cobertas e nos canais do Ill com
intenso movimento de embarcações. Observar as margens com suas casas seculares
transforma-se num dos momentos mais bonitos da estada nessa interessante
cidade, e andar margeando-os, é uma experiência ímpar. Para isso é preciso
passar alguns dias em Strasbourg, como sempre faço nas cidades que visito...
Mesmo assim, os cinco dias em que lá estivemos foram pouco tempo em proporção à
beleza que a cidade oferece.
Foto 27 – Francisco Souto Neto nos canais de Strasbourg.
Foto 28 – Rubens Faria Gonçalves nos canais de Strasbourg.
Foto 29 – Canais do Rio Ill.
Foto 30 – Rubens filma o teto de vidro de um barco-restaurante
passando por um dos canais.
Foto 31 – Rubens (à esquerda) filma o barco que passa.
Foto 32 – Souto Neto na entrada de uma casa localizada numa ilha do
Rio Ill.
Foto 33 – Rubens no teto da Ponte Coberta. Ao fundo, as torres que
são vigias medievais sobre os canais.
Foto 34 – Canais de Strasbourg.
Foto 35 – A moderna estação ferroviária de Strasbourg.
Strasbourg...
uma cidade absolutamente encantadora que merece ser muitas vezes visitada.
-o-
QUATRO CURTOS FILMES FEITOS EM STRASBOURG:
1: STRASBOURG – A chegada, Hotel Pax, os bondes, os canais,
os barcos:
2: STRASBOURG – Ponte coberta, estátuas, wc indiscreto,
vitrines:
3: STRASBOURG – Catedral de Notre-Dame. Vitrines da cidade:
4: STRASBOURG – Passeio de bonde, a cidade, o povo, os
canais:
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