quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

JORNAL DA RUA XV: A ENTREVISTA E O VISCONDE para o Portal Iza Zilli

Lúcia Helena Souto Martini e Francisco Souto Neto em noite de autógrafos. 

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Comendador Francisco Souto Neto 

JORNAL DA RUA XV: A ENTREVISTA E O VISCONDE


Jornal da Rua XV - Edição 03 - Nov. 2017 - A capa.

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O Jornal da Rua XV, de propriedade do jornalista José Gil de Almeida, no mês passado – novembro de 2017 – entrevistou Francisco Souto Neto pelo lançamento da biografia Visconde de Souto – Ascensão e “Quebra” no Rio de Janeiro Imperial.

Adiante, a transcrição da matéria constante do referido jornal:

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 Os autores Lúcia Helena Souto Martini e Francisco Souto Neto. Entre ambos, Rubens Faria Gonçalves, revisor da obra.

Francisco Souto Neto foi crítico de arte e militante das artes plásticas no Paraná, fundador do Museu Banestado, um importante centro de apoio aos artistas plásticos paranaenses. É escritor e jornalista. Autor, em coautoria com sua prima Lúcia Helena Souto Martini, da biografia do seu trisavô, o Visconde de Souto (1813-1880), ele é o nosso entrevistado deste mês.

A capa da biografia

Durante muitos anos Francisco Souto Neto participou como diretor ou conselheiro de órgãos oficiais ligados à Secretaria de Estado da Cultura. Nessa época chegou a assinar textos para a página dos editoriais da Gazeta do Povo, graças ao apoio do diretor do jornal, o saudoso Dr. Francisco Cunha Pereira Filho, de quem foi par de diretorias e de conselhos de algumas instituições, tais como o Conselho de Cultura da Telepar, da Sociedade dos Amigos dos Museus de Curitiba, e outras.

Os autores

Em 2014 Francisco Souto Neto recebeu o título de comendador. É membro da Academia de Letras, a cuja diretoria pertence, e onde ocupa a cadeira patronímica nº 26, de Emiliano Perneta.

Nos últimos anos Souto Neto escreveu artigos para o Jornal Água Verde, Folha do Batel e Jornal do Centro Cívico.

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A  ENTREVISTA

 – Como foi o trabalho de pesquisa que resultou no livro Visconde de Souto - Ascensão e "Quebra" no Rio de Janeiro Imperial?

Francisco Souto Neto – Eu e minha prima Lúcia Helena Souto Martini, que reside na cidade paulista da Paulínia, iniciamos as pesquisa sobre nosso trisavô em 2006 e no ano seguinte começamos a escrever a biografia. Além das viagens que fizemos ao Rio de Janeiro para conhecermos as fontes primárias nos registros das instituições que guardam a memória do Brasil, tais como Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e diversos outros, pesquisamos na internet e consultamos o impressionante número de 620 livros graças a "Livros de Google". Também compramos mais de uma centena de livros em sebos, alguns editados no século XIX, através da Estante Virtual, que são parte dos alicerces da biografia do Visconde de Souto. Após uns sete anos de trabalho intenso, contratamos uma ONG, a Unicultura, para enquadrar a obra à Lei Rouanet e publicar o livro através de sua própria editora. O enquadramento foi feito, com publicação no Diário Oficial da União. Essa ONG, entretanto, disse-nos não ter conseguido patrocínio de empresas e que o livro não seria publicado. Sentimo-nos lesados pela tal ONG, e frustrados, pois só tivemos prejuízo, decepção e perda de tempo. Até que surgiu uma editora de Curitiba, a Prismas, que no começo deste ano de 2017 se interessou pela obra e editou o livro com quase 600 páginas.

– Fale sobre esse seu parente distante que foi o primeiro banqueiro particular do Brasil.

Francisco Souto Neto – O português António José Alves Souto, o Visconde de Souto, meu trisavô, veio para o Brasil em 1828 aos 15 anos, criou a primeira casa bancária particular do país, conhecida popularmente como Casa Souto, que chegou a rivalizar com o Banco do Brasil. Fundou a Junta de Corretores que se transformou na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, fez parte da primeira diretoria da Caixa Econômica e presidiu a Beneficência Portuguesa. Através de decreto, tornou-se o banqueiro oficial da Casa Imperial do Brasil. Por volta de 1850 formou um jardim zoológico em sua chácara, importando animais de três continentes; foi a primeira vez que os brasileiros viram leões, ursos, elefantes. Aos domingos ele abria o zoológico ao público, sem nada cobrar. Abolicionista, comprava escravos para alforriá-los. Sustentou creches, amparou crianças órfãs e assegurou-lhes a educação. Sua casa bancária faliu em 10 de setembro de 1864, acontecimento noticiado até em países remotos como Nova Zelândia e Austrália. Esse episódio, registrado na História como "Quebra do Souto", é tratado na segunda metade do livro biográfico.

– Quais as diferenças entre o banqueiro do Rio de Janeiro Imperial e os atuais?

Francisco Souto Neto – O que realmente surpreende até a nós que somos os autores do  livro, é que a inculpabilidade e a probidade do Visconde no episódio da "Quebra do Souto" foram enaltecidas pela Comissão de Inquérito, que o inocentou, e confirmadas através de centenas de autores que escreveram sobre o assunto. Nosso livro não teve o propósito de defender o Visconde de Souto, mas apenas tirar do esquecimento um dos mais importantes personagens do Brasil Imperial. Daí, lendo os editoriais dos três jornais do Rio de Janeiro que funcionavam na década de 60 do século XIX, bem como as revistas da época, podemos ter uma certeza: o Visconde de Souto e os outros banqueiros, tais como Gomes & Filho, Montenegro, Lima & Cia, Oliveira & Bello – que foram de roldão nas mais de cem falências arrastadas pelo "Quebra do Souto" – eram extremamente honestos e entregaram às suas respectivas massas falidas todos os seus bens, até mesmo as alianças de casamento, para pagamento aos credores. As diferenças daqueles banqueiros com os atuais "banqueiros usurários" e alguns corruptos, denunciados pela mídia nacional, são de tal modo ululantes que nem precisarei me estender nesta reflexão; basta procurar na internet por "10 banqueiros que se enrolaram nos últimos 15 anos".

– Fale sobre o lançamento do livro no Palacete dos Leões em Curitiba.

Francisco Souto Neto – Graças às gentilezas do BRDE, proprietário do Centro Cultural que funciona no histórico e belo Palacete dos Leões aqui em Curitiba, eu e minha prima tivemos uma notável noite de autógrafos. Foi um sucesso, com a presença de muitos amigos que lá estiveram e participaram do coquetel. Referido palacete é sede da Academia de Letras José de Alencar, da qual sou membro, onde ocupo a cadeira patronímica nº 26, de Emiliano Perneta.

– Onde encontrar o livro à venda?

Francisco Souto Neto – Como transferimos os direitos autorais à Editora Prismas para que publicasse o livro, por exigência do contrato nós tivemos que comprar muitos exemplares para revendê-los na noite de autógrafos. Para evitar que faltassem livros naquela ocasião, compramos um número bem grande de exemplares... e grande parte dos que sobraram continuam em nossas mãos. Ainda por exigência do contrato, somos obrigados a revender os livros por no mínimo R$98,00. Se alguém tiver interesse em conhecer a obra, poderá entrar em contato comigo através do Facebook "in box", ou com minha prima, que ficarei muito grato. A editora também o vende pelo mesmo preço.

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