Lúcia Helena Souto Martini e Francisco Souto Neto em noite de autógrafos.
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Comendador Francisco Souto Neto
JORNAL
DA RUA XV: A ENTREVISTA E O VISCONDE
Jornal da Rua XV - Edição 03 - Nov. 2017 - A capa.
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O Jornal da Rua XV, de
propriedade do jornalista José Gil de Almeida, no mês passado – novembro de
2017 – entrevistou Francisco Souto Neto pelo lançamento da biografia Visconde de Souto – Ascensão e “Quebra” no
Rio de Janeiro Imperial.
Adiante, a transcrição
da matéria constante do referido jornal:
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Os autores Lúcia Helena Souto Martini e Francisco Souto Neto. Entre ambos, Rubens Faria Gonçalves, revisor da obra.
Francisco Souto Neto
foi crítico de arte e militante das artes plásticas no Paraná, fundador do
Museu Banestado, um importante centro de apoio aos artistas plásticos paranaenses.
É escritor e jornalista. Autor, em coautoria com sua prima Lúcia Helena Souto
Martini, da biografia do seu trisavô, o Visconde de Souto (1813-1880), ele é o
nosso entrevistado deste mês.
A capa da biografia
Durante muitos anos
Francisco Souto Neto participou como diretor ou conselheiro de órgãos oficiais
ligados à Secretaria de Estado da Cultura. Nessa época chegou a assinar textos
para a página dos editoriais da Gazeta do Povo, graças ao apoio do diretor do
jornal, o saudoso Dr. Francisco Cunha Pereira Filho, de quem foi par de
diretorias e de conselhos de algumas instituições, tais como o Conselho de
Cultura da Telepar, da Sociedade dos Amigos dos Museus de Curitiba, e outras.
Os autores
Em 2014 Francisco Souto
Neto recebeu o título de comendador. É membro da Academia de Letras, a cuja
diretoria pertence, e onde ocupa a cadeira patronímica nº 26, de Emiliano
Perneta.
Nos últimos anos Souto
Neto escreveu artigos para o Jornal Água Verde, Folha do Batel e Jornal do
Centro Cívico.
*
* *
A ENTREVISTA
– Como foi o trabalho de pesquisa que resultou
no livro Visconde de Souto - Ascensão e "Quebra" no Rio de Janeiro
Imperial?
Francisco Souto Neto –
Eu e minha prima Lúcia Helena Souto Martini, que reside na cidade paulista da
Paulínia, iniciamos as pesquisa sobre nosso trisavô em 2006 e no ano seguinte
começamos a escrever a biografia. Além das viagens que fizemos ao Rio de Janeiro
para conhecermos as fontes primárias nos registros das instituições que guardam
a memória do Brasil, tais como Arquivo Nacional, Biblioteca Nacional, Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro e diversos outros, pesquisamos na internet e
consultamos o impressionante número de 620 livros graças a "Livros de
Google". Também compramos mais de uma centena de livros em sebos, alguns
editados no século XIX, através da Estante Virtual, que são parte dos alicerces
da biografia do Visconde de Souto. Após uns sete anos de trabalho intenso,
contratamos uma ONG, a Unicultura, para enquadrar a obra à Lei Rouanet e
publicar o livro através de sua própria editora. O enquadramento foi feito, com
publicação no Diário Oficial da União. Essa ONG, entretanto, disse-nos não ter
conseguido patrocínio de empresas e que o livro não seria publicado.
Sentimo-nos lesados pela tal ONG, e frustrados, pois só tivemos prejuízo,
decepção e perda de tempo. Até que surgiu uma editora de Curitiba, a Prismas,
que no começo deste ano de 2017 se interessou pela obra e editou o livro com
quase 600 páginas.
–
Fale sobre esse seu parente distante que foi o primeiro banqueiro particular do
Brasil.
Francisco Souto Neto –
O português António José Alves Souto, o Visconde de Souto, meu trisavô, veio
para o Brasil em 1828 aos 15 anos, criou a primeira casa bancária particular do
país, conhecida popularmente como Casa Souto, que chegou a rivalizar com o
Banco do Brasil. Fundou a Junta de Corretores que se transformou na Bolsa de
Valores do Rio de Janeiro, fez parte da primeira diretoria da Caixa Econômica e
presidiu a Beneficência Portuguesa. Através de decreto, tornou-se o banqueiro
oficial da Casa Imperial do Brasil. Por volta de 1850 formou um jardim
zoológico em sua chácara, importando animais de três continentes; foi a
primeira vez que os brasileiros viram leões, ursos, elefantes. Aos domingos ele
abria o zoológico ao público, sem nada cobrar. Abolicionista, comprava escravos
para alforriá-los. Sustentou creches, amparou crianças órfãs e assegurou-lhes a
educação. Sua casa bancária faliu em 10 de setembro de 1864, acontecimento
noticiado até em países remotos como Nova Zelândia e Austrália. Esse episódio,
registrado na História como "Quebra do Souto", é tratado na segunda
metade do livro biográfico.
–
Quais as diferenças entre o banqueiro do Rio de Janeiro Imperial e os atuais?
Francisco Souto Neto –
O que realmente surpreende até a nós que somos os autores do livro, é que a inculpabilidade e a probidade
do Visconde no episódio da "Quebra do Souto" foram enaltecidas pela
Comissão de Inquérito, que o inocentou, e confirmadas através de centenas de
autores que escreveram sobre o assunto. Nosso livro não teve o propósito de
defender o Visconde de Souto, mas apenas tirar do esquecimento um dos mais importantes
personagens do Brasil Imperial. Daí, lendo os editoriais dos três jornais do
Rio de Janeiro que funcionavam na década de 60 do século XIX, bem como as
revistas da época, podemos ter uma certeza: o Visconde de Souto e os outros
banqueiros, tais como Gomes & Filho, Montenegro, Lima & Cia, Oliveira
& Bello – que foram de roldão nas mais de cem falências arrastadas pelo
"Quebra do Souto" – eram extremamente honestos e entregaram às suas
respectivas massas falidas todos os seus bens, até mesmo as alianças de
casamento, para pagamento aos credores. As diferenças daqueles banqueiros com
os atuais "banqueiros usurários" e alguns corruptos, denunciados pela
mídia nacional, são de tal modo ululantes que nem precisarei me estender nesta
reflexão; basta procurar na internet por "10 banqueiros que se enrolaram
nos últimos 15 anos".
–
Fale sobre o lançamento do livro no Palacete dos Leões em Curitiba.
Francisco Souto Neto –
Graças às gentilezas do BRDE, proprietário do Centro Cultural que funciona no
histórico e belo Palacete dos Leões aqui em Curitiba, eu e minha prima tivemos
uma notável noite de autógrafos. Foi um sucesso, com a presença de muitos
amigos que lá estiveram e participaram do coquetel. Referido palacete é sede da
Academia de Letras José de Alencar, da qual sou membro, onde ocupo a cadeira
patronímica nº 26, de Emiliano Perneta.
–
Onde encontrar o livro à venda?
Francisco Souto Neto –
Como transferimos os direitos autorais à Editora Prismas para que publicasse o
livro, por exigência do contrato nós tivemos que comprar muitos exemplares para
revendê-los na noite de autógrafos. Para evitar que faltassem livros naquela
ocasião, compramos um número bem grande de exemplares... e grande parte dos que
sobraram continuam em nossas mãos. Ainda por exigência do contrato, somos
obrigados a revender os livros por no mínimo R$98,00. Se alguém tiver interesse
em conhecer a obra, poderá entrar em contato comigo através do Facebook
"in box", ou com minha prima, que ficarei muito grato. A editora
também o vende pelo mesmo preço.
-o-
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