terça-feira, 2 de agosto de 2016

VISITANDO OLÍMPIA, ONDE NASCERAM AS OLIMPÍADAS por Francisco Souto Neto

PORTAL IZA ZILLI

Assim era a antiga cidade de Olímpia, na Grécia.

Iza Zilli

Comendador Francisco Souto Neto

Visitando Olímpia, onde nasceram as Olimpíadas
Francisco Souto Neto

Pela primeira vez os Jogos Olímpicos serão sediados na América do Sul – no Rio de Janeiro – e pela segunda vez na América Latina, depois da Cidade do México. Trata-se de um evento multiesportivo global, como todos sabem, com modalidades de verão e inverno realizadas a cada dois anos, alternando-se. Cada uma dessas modalidades, portanto, acontece a cada quatro anos.

Os Jogos Olímpicos tiveram início na Grécia em 776 a.C., ou seja, há exatos 2.792 anos. São chamados “olímpicos” porque se realizavam na cidade de Olímpia, que era um santuário em honra de Zeus. Ali existiu uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, a estátua de Zeus Olímpico sentado num trono, que tinha 15 metros de altura e era toda em marfim e ébano. Seus olhos foram compostos com pedras preciosas. Na mão direita sustentava a estátua de Nike, deusa da vitória, e na esquerda uma esfera sobre a qual se equilibrava uma águia. Essa imensa estátua do senhor do Olimpo – que era a morada dos deuses helênicos – foi feita por Fídias, o mais famoso escultor da Grécia.


FOTO 1 – Reconstrução do centro da cidade-santuário de Olímpia, por volta de sete séculos antes de Cristo.


FOTO 2 – Mapa do antigo centro de Olímpia.


FOTO 3 – Estátua de Zeus Olímpico, gigantesca, uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, segundo estudos de Johann Bernhard Fischer von Erlach (1721). O templo e a estátua foram totalmente destruídos num terremoto.

Nos antigos jogos participavam somente homens gregos, que competiam nus. Os “bárbaros”, tal como consideravam os estrangeiros, eram proibidos de participar, assim como os escravos e as mulheres. A pena para a mulher que fosse ao estádio durante os jogos, era... a morte. Conta-se a história, não sei se verdadeira, de que uma mulher, vestida com roupas de homem, disfarçou-se de treinador para entrar no estádio e ver o filho lutar. Este venceu a prova. A mãe, ao aplaudi-lo, deixou cair o disfarce. Descoberta, foi presa e condenada.

Os jogos compunham-se de quatro modalidades de corridas pedestres, corridas equestres de bigas e de cavalo de sela, luta, pugilato e pancrácio. O pancrácio era uma combinação de pugilato e de luta, extremamente violenta, e o concorrente podia até mesmo morrer. Tudo era permitido na luta, exceto enfiar dedos nos olhos, agredir a região genital, arranhar ou morder. Quando um dos atletas não aguentava mais, ele tinha que levantar um dedo para que o juiz percebesse e encerrasse a luta.

Os atletas tinham sempre uma entrada triunfal, passando por um túnel (do qual hoje existe apenas um arco) que desembocava na arena.


FOTO 4 – Vestígios do túnel por onde os atletas passavam correndo rumo à arena.

FOTO 5 – Olhando para a câmera, Rubens Faria Gonçalves ao lado da parede do túnel (que era inteiramente coberto) por onde os atletas alcançavam a arena.

FOTO 6 – Francisco Souto Neto filmando a arena. Uma construção que se vê à esquerda da foto, é a pira que, tal como atualmente, permanecia acesa durante a realização dos jogos.

FOTO 7 – Rubens Faria Gonçalves de costas para a arena onde aconteciam os jogos. À esquerda, no limite da foto, o local da pira olímpica.

FOTO 8 – Atrás de Francisco Souto Neto, ruínas da êxedra-ninfeu de Olímpia.

FOTO 9 – Rubens Faria Gonçalves sentado onde era a entrada para uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo: o templo onde estava a estátua de Zeus Olímpico. Num terremoto que atirou as colunas ao chão (onde se encontram até hoje) o templo e a estátua foram destruídos.


FOTO 10 – Francisco Souto Neto e restos do templo que abrigou uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.

FOTO 11 – A estátua do deus Hermes de Olímpia com o menino Dionísio, de Praxítenes, está no Museu Arqueológico de Olímpia.

FOTO 12 – Busto do deus Hermes de Olímpia, cópia feita na Itália. Acervo de Francisco Souto Neto, entre os retratos de seu avô Francisco Souto Júnior (1881-1948) e seu pai Arary Souto (1908-1963).

Hoje os Jogos Olímpicos trazem com eles, através dos seus atletas, o símbolo da paz e da confraternização entre os povos. Espera-se sempre que os países que hospedam as Olimpíadas saibam dar um exemplo de civilidade para o mundo. Sempre sinto um desconforto quando me lembro da abertura da Copa do Mundo em São Paulo, porque quando Dilma Rousseff chegou ao estádio representando o povo brasileiro, um coro de baixo calão vindo das arquibancadas ecoou pelo planeta. Tenho a mim que a vaia é um instrumento válido para a democracia. A vaia dirigida a uma figura pública representa a população insatisfeita e é legítima. Isso pode acontecer em qualquer lugar do mundo civilizado. Entretanto, o que se ouviu naquela ocasião não foram vaias, mas obscenidades gritadas por pais e mães que não se constrangem em dar o exemplo da grosseria para os próprios filhos.

Por isso, temo pela abertura dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, que ocorrerá dentro de apenas três dias. O que acontecerá quando o presidente Michel Temer for enquadrado pelas câmeras de televisão no Estádio do Maracanã, ele que desde o primeiro dia após sua posse como presidente interino se cercou em seus ministérios por homens envolvidos em suspeitas, denúncias e corrupção? Desejo mais uma vez que o público não se manifeste através de palavrões. Uma simples vaia, esta sim, é um caminho mais civilizado do que aquele dos xingamentos nas manifestações de insatisfação.

Desejo também que nosso país conquiste merecidas medalhas. E que, finalmente, tudo transcorra em perfeita ordem, e o Rio de Janeiro mostre-se um cidade realmente maravilhosa para todos os visitantes, brasileiros e estrangeiros. Quem viver verá.

OBSERVAÇÃO: 

ADIANTE, O FILME FEITO POR FRANCISCO SOUTO NETO NO NAVIO VIAJANDO PARA A GRÉCIA, O DESEMBARQUE E CENAS EM KATAKOLON E NO SANTUÁRIO DE OLÍMPIA:


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