terça-feira, 15 de março de 2016

O PALÁCIO DE VAUX-LE-VICOMTE E A FESTA IMPRUDENTE DE NICOLAS FOUQUET, do Comendador FRANCISCO SOUTO NETO para o PORTAL IZA ZILLI.

PORTAL IZA ZILLI
Vaux-le-Vicomte, o palácio que ousou ofender o Rei de França.


Iza Zilli


Comendador FRANCISCO SOUTO NETO

O Palácio de Vaux-Le-Vicomte e a festa imprudente de Nicolas Fouquet

     Vaux-Le-Vicomte é um castelo ou palácio setecentista situado a apenas 50 quilômetros de Paris, nos arredores da cidade de Melun. Foi construído em estilo barroco entre os anos de 1648 e 1661 por Nicolas Fouquet (1615-1680) que era o Superintendente das Finanças do reino. Paralelamente, em 1859, o jovem rei da França Luís XIV, que viria a ser o Rei Sol, era um menino de 10 anos quando Fouquet começou a construção de Vaux-Le-Vicomte. Quando o rei estava com apenas 21 anos, ainda sem conhecer o palácio de Fouquet, resolveu mudar-se de Paris para uma área mais afastada, e no ano seguinte estabeleceu-se na região rural de Versalhes, no pavilhão de caça do seu pai, para ali ao lado começar a construir a sua futura residência (o Palácio de Versalhes, como hoje o conhecemos).

     Portanto, quando Fouquet começou a construir o seu palácio de Vaux-le-Vicomte, o de Versalhes ainda não existia. Ele contratou o arquiteto Louis Le Vau, o pintor Charles Le Brun e o paisagista André Le Nôtre, para criarem o mais refinado e magnífico palácio da França, e jardins nunca antes vistos. Segundo estudiosos, Fouquet seria corrupto e estaria desviando dinheiro da corte francesa para erguer o seu fabuloso Vaux-Le-Vicomte.

FOTO 1 - Nicolas Fouquet.

FOTO 2 – Visão geral do Château Vaux-Le-Vicomte e seus jardins vistos de frente.

FOTO 3 – O palácio visto de trás e os jardins dos fundos.

     Fouquet, presunçoso, resolveu dar uma festa em seu castelo para impressionar o rei, a quem convidou para um banquete. Estava cioso de exibir sua riqueza e de ser admirado. Alguns historiadores informam que o total dos convidados para a festa chegou a 3.000 pessoas. Para realizar o jantar, o rei contratou o célebre cozinheiro François Vatel, maître d’hôtel, o inventor do creme de chantilly. Seria uma festa nunca antes imaginada, de esplendor inacreditável... que traria consequências desastrosas ao anfitrião.

     A festa ocorreu no dia 17 de agosto de 1661. Quando a carruagem do rei e seu séquito entraram na propriedade, Luís XIV assombrou-se com a imensidão do palácio e o requinte dos três quilômetros de jardins, com fontes e lagos ladeados por relva bem aparada salpicada de intermináveis canteiros de flores exóticas.

FOTO 4 – O rei Luís XIV quando jovem, ao visitar Vaux-Le-Vicomte.

FOTO 5 – O portão de entrada ao palácio.

FOTO 6 – O palácio visto de trás.

FOTO 7 - Detalhe dos jardins de Vaux-Le-Vicomte.

     Recebidos no palácio, os convidados alojaram-se nos seus 700 apartamentos. O maior e mais luxuoso apartamento, chamado de “Quarto do Rei”, acolheu Luís XIV. Um passeio pelos interiores do enorme edifício deixou o rei estupefato e cada vez mais irritado. Enquanto Fouquet pensava que estivesse sendo admirado pelo rei, este sentia-se humilhado pelo seu anfitrião e funcionário, que ousava aparentar mais riqueza do que o próprio rei.

     Sobre os jardins, ao anoitecer, houve uma queima de fogos de artifício que praticamente trouxe o dia de volta, tal o esplendor. Em seguida o banquete começou a ser servido: centenas de bandejas contendo carnes as mais variadas e com os aspectos mais inusitados, travessas com manjares, doces, cestas de frutas exóticas... O rei, que tinha sido alertado anteriormente, teve a certeza de que o palácio Vaux-Le-Vicomte era resultado de recursos desviados fraudulentamente para os bolsos de Fouquet. Conteve sua raiva pelo ambicioso funcionário que aparentava excessivo poder, e retirou-se.

FOTO 8 – O palácio Vaux-Le-Vicomte à noite.

FOTO 9 – Vista de dentro para fora.

FOTO 10 – Interiores do palácio: o "Grand Salon".

FOTO 11 – Interiores do palácio: uma das salas.

FOTO 12 – Interiores do palácio: sala do buffet.

FOTO 13 – Interiores do palácio: biblioteca.

FOTO 14 – Interiores do palácio: o “Quarto do Rei”.

FOTO 15 – Interiores do palácio: uma das portas.

FOTO 16 – Interiores do palácio: detalhe do teto de um dos salões.

     Pouco tempo depois, o rei ordenou a prisão de Fouquet.  Ao fim de um processo que durou três anos, Fouquet foi condenado a passar 15 anos preso na fortaleza de Pinerolo, na Itália, onde morreu em 1680. Depois de numerosas suposições sobre a identidade do "Homem da máscara de ferro", várias pesquisas afirmam que Nicolas Fouquet era esse prisioneiro. Ao que se sabe, tal hipótese foi confirmada graças ao estudo dos salários dos carcereiros e a diferentes depoimentos da época.

     Ainda impressionado com o palácio de Fouquet, o rei Luís XIV mandou chamar o arquiteto Louis Le Vau, o pintor Charles Le Brun e o paisagista André Le Nôtre, os mesmo que conceberam o palácio Vaux-le-Vicomte, e contratou-os para criarem para si um palácio que fosse o maior, o mais belo e mais rico do mundo. E os três geniais criadores puseram mãos à obra e levantaram os jardins e o Palácio de Versalhes, à altura do poder daquele soberano que passou a ser conhecido pela eternidade como o Rei-Sol.

FOTO 17 – O rei Luís XIV velho, em Versalhes, conhecido como Rei Sol.

FOTO 18 – Francisco Souto Neto, apontando à estátua equestre do rei Luís XIV, pergunta: “Tudo isto para um só homem?”. A resposta que todo francês tem na ponta da língua: “Não! Tudo isto pela glória da França”.


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