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EDIFÍCIO
CANADÁ e EDIFÍCIO AGE 360,
DOIS
ÍCONES DA ARQUITETURA PARANAENSE,
60
ANOS VOS SEPARAM
por Francisco Souto Neto
Inaugurado em 1963, o Edifício
Canadá, localizado na Rua Comendador Araújo, foi o primeiro prédio no Paraná
com um apartamento por andar e também o pioneiro em usar esquadrias de alumínio
nas janelas de toda a construção. Até então, as esquadrias eram de ferro. Foi
incorporado e construído pela empresa Vellozo & Camargo.
No começo da década de 60 eu
morava em Ponta Grossa e, quando vinha a Curitiba, o ônibus entrava pela Av. do
Batel (Benjamim Lins) rumo à "rodoviária velha". Quando o veículo passava
pelo cruzamento das ruas Buenos Aires e Desembargador Motta, o Edifício Canadá
podia ser visto de longe e, sendo único na paisagem, parecia muito alto. Era
majestoso e moderno, então considerado um dos mais belos prédios de Curitiba.
O Edifício Canadá conta com
dois níveis de garagens entremeados pela portaria, e 18 pavimentos com 18
apartamentos-tipo, cada qual tomando o andar inteiro. A sala foi concebida em
dois níveis diferentes, unidos por dois degraus que em alguns apartamentos são
em mármore branco, o mesmo material do piso mais baixo da sala. A área
total de cada apartamento é de 295,40 m². São quatro quartos (um deles, contíguo
à sala principal, pode ser usado como sala de tevê ou biblioteca). Conta com
uma despensa ou “quarto de despejo” e tem ainda um quarto de empregada de
apreciáveis dimensões. Tem um lavabo e mais três banheiros. O lavabo original,
todo pastilhado, possui dois compartimentos separados: no primeiro está o
lavatório propriamente dito, e no segundo o vaso sanitário.
No 19º andar há um pequeno
apartamento utilizado pelo pessoal da portaria e que também serve para reuniões
do condomínio.
Logo após inaugurado, residiram no Edifício Canadá dois amigos de meu pai, que eram seus companheiros do Rotary Club. Um foi Ercílio Slaviero, que era o proprietário da enorme loja que vendia automóveis da marca Ford e que funcionava na esquina da Comendador Araújo com a Visconde do Rio Branco. O outro morador foi João Vargas de Oliveira, importante empresário e ex-prefeito de Ponta Grossa, que quando eleito deputado estadual veio com a família para Curitiba, e se instalou no 4º andar. Sua esposa, Dona Argentina, era amiga de minha mãe e eu era – e sou até hoje – amigo do filho caçula do casal, Joãozinho (João Vargas d’Oliveira Júnior).
O arquiteto autor do projeto
foi Elgson Ribeiro Gomes, que criou muitos outros altos prédios de grande
importância e beleza. Ele já era muito conhecido desde que projetou o
Condomínio Mapi em Caiobá, no ano de 1957, o primeiro prédio alto do litoral
paranaense.
O Edifício Canadá em Curitiba notabilizou-se como a obra-prima de Elgson Ribeiro Gomes. A fachada de linhas curvas, onduladas, composta inteiramente por vidraças do chão ao teto, chamou a atenção de outros arquitetos e de estetas pela imponência e plasticidade. O andar térreo é formado por três poderosas estruturas em forma de V que sustentam a fachada vertical de 18 andares. Uma volumosa coluna cilíndrica no meio da ampla sala dá sustentação à área social do prédio, somada a seis outras colunas um pouco menos volumosas, que ficaram no exterior, isto é, no lado de fora da sala, dando ao prédio um aspecto que atualmente é conhecido como “exoesqueleto”, tal como se vê no edifício O-14 de Dubai, no Hotel Morpheus em Macau – China – ou mesmo o Beaubourg (Centro George Pompidou) em Paris.
Vale acrescentar que o Edifício Canadá é administrado pela empresa Batel Administração de Condomínios, estabelecida à Rua Inácio Lustosa nº 406, que tem como gestores Fábio Luiz Lopes e Marcos Grabowski os quais, com o escritório composto por uma equipe bem treinada e atenta, atendem no que lhes compete às necessidades do prédio quanto ao seu bom funcionamento e preservação. A equipe da portaria do Edifício Canadá, administrada pela Batel, merece os melhores elogios.
Este é o andar-tipo do Edifício Canadá. Cada apartamento ocupa um andar inteiro. A magnífica planta isométrica acima, é da autoria da jovem arquiteta Vivian Brune, da empresa Brune Arquitetura.
Abaixo, fotos da sala de oito diferentes apartamentos do Edifício Canadá, que tem como características uma grande coluna em seu centro e a ampla vidraça com 12 metros de comprimento, do chão ao teto, de frente para a Rua Comendador Araújo:
Sala
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O EDIFÍCIO AGE 360
No ano passado, os agentes
midiáticos anunciaram a construção de um prédio em Curitiba que deverá ser um
dos mais inovadores e espetaculares das últimas décadas, o AGE 360, da empresa AG7, dita "uma
boutique de negócios imobiliários". A Construtora Teich o está erguendo. Desde
então passei a acompanhar todos os passos de sua construção no bairro de
Ecoville.
Acredito que a inauguração do
AGE 360 será equivalente à do Edifício Canadá em 1963, em termos de obras
arquitetonicamente revolucionárias, e igualmente na importância de projetos que
foram criados com o propósito de tornarem-se icônicos e exemplos de inovação e
admiração em suas respectivas épocas.
Da janela do edifício onde
resido, tenho uma visão completa do conjunto de prédios em Ecoville, um bairro
novo que foi criado principalmente para que ali se erigissem construções
destinadas a uma classe mais privilegiada. O AGE 360 começou a aflorar aos meus
olhos quando já estava no 12º andar. É que do meu ponto de vista de onde resido,
olhando em direção a Ecoville, existe uma elevação do solo lá pela altura da
Rua Luísa Dariva, com altas árvores, que ocultam os 11 primeiros andares do
prédio. Na manhã deste domingo, 13 de fevereiro de 2022, fotografei as obras do
AGE 360 com zoom de grande aproximação, neste momento em que ele atinge o 20º
andar, quando se encontra prestes a começar a erguer os andares 20 e 21 cujas
áreas serão totalmente comunitárias para os moradores, dotada de escadarias,
rampas, extensos jardins com altas árvores, folhagens e flores. O prédio terá 35 andares.
Acho interessante acrescentar que a AG7 não denomina as unidades
autônomas como “apartamentos”, mas como “casas (ou mansões) suspensas”... e é o
que de fato elas serão, e também como “gardens suspensos”, que são as “casas”
dotadas de amplos jardins.
Tal como eu disse no título deste texto, “Edifício Canadá e
Edifício AGE 360, 60 anos vos separam”. Separados em suas construções por 60
anos, continuarão pelas décadas futuras a simbolizar o que de melhor os
arquitetos inovadores souberam criar, cada qual a seu tempo.
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ADITAMENTO EM 19.1.2023
Um ano após escrever o artigo acima, o Edifício AGE 360 chega ao seu 35º andar, na sua altura máxima. Vejo-o da área de serviço do apartamento onde resido no centro de Curitiba e alcanço o bairro Alfaville aproximando-o com o zoom de minha câmera fotográfica. As duas fotografias abaixo mostram o prédio com seu aspecto atual, já um dos mais altos da capital. Deverá ser inaugurado no próximo ano.
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