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Sol da meia-noite
Iza Zilli
Comendador Francisco Souto Neto
O Sol da Meia-Noite no Círculo Polar Ártico
Francisco Souto Neto
Viajávamos a bordo do Costa Allegra,
um navio de porte médio, com um objetivo na Noruega: ver o fascinante fenômeno
do Sol da Meia-Noite.
O navio atracou em Honningsvag, cidade
conhecida como a mais setentrional do mundo. Eram 21 horas do dia 9 de junho de
1995. Embora estivéssemos no auge do verão do Hemisfério Norte, a temperatura
beirava o zero grau. O céu encontrava-se
muito nublado e só raramente um raio de sol conseguia vencer a barreira de
nuvens. Tememos que a viagem se tornasse um insucesso no que se referia a
vermos o sol brilhando à meia-noite.
FOTO 1 – Honningsvag, na
Noruega, a cidade mais ao norte do mundo.
Vários ônibus esperavam-nos no porto
para transportar os passageiros rumo ao “fim do mundo”, que é como denominam o
Cabo Norte, o ponto extremo setentrional da Europa, distante cerca de 25
quilômetros de Honningsvag.
FOTO 2 – Rubens Faria
Gonçalves entre os trolls no porto de Honningsvag.
O panorama que se avistava da janela
do ônibus era inacreditável, indescritível. Naquela região do mundo não nascem
árvores, nem qualquer tipo de vegetação, exceto musgos. É uma completa
desolação. O chão é negro em contraponto a enormes placas de neve esparramadas
por todo o caminho. Era como uma cena de filme em preto-e-branco. Vez ou outra
avistávamos uma rena e alguma tenda de lapões.
FOTO 3 – A bordo de um
ônibus entre Honningsvag o Cabo Norte, vemos embarcações navegando entre as
ilhas.
FOTO 4 – A viajando para o
Cabo Norte, a paisagem cada vez mais desoladora composta de rocha negra e
placas de neve, no auge do verão do Hemisfério Norte.
Aquela vasta região que abrange o
norte de Noruega, Finlândia e Rússia é conhecida como Lapônia, a etnia mais
antiga da Europa. Os lapões, ou “samis”, são nativos nômades, com costumes,
cultura e língua próprias.
FOTO 5 – Um lapão e sua
rena, em foto da internet.
Chegamos ao Cabo Norte às 23,30
horas. Raios do sol apareciam rara e timidamente entre as nuvens. Existe lá um
enorme complexo comercial encimado por um globo branco, onde funcionam muitas
lojas, restaurantes e lanchonetes. Do lado de fora, caminha-se sob os fortes
ventos polares, até a um globo terrestre de metal, vazado, que marca o fim do
continente europeu.
FOTO 6 – O complexo
comercial do Cabo Norte.
FOTO 7 – Meia-noite. Rubens
Faria Gonçalves e Francisco Souto Neto, com o globo vazado ao fundo, que marca
o local onde o continente europeu acaba.
FOTO 8 - Rubens Faria
Gonçalves e Francisco Souto Neto à meia-noite no Cabo Norte, “onde o mundo
acaba”.
FOTO 11 – No horizonte, o
Sol da Meia-Noite encoberto pelas nuvens. Rubens Faria Gonçalves nos precipícios
do Cabo Norte.
FOTO 12 – Francisco Souto
Neto no platô do Cabo Norte, observando as pedrinhas do chão que se estendem
por quilômetros, que podem ser vistas quando não estão cobertas pela neve. Aqui
não existem árvores nem plantas. A única forma vegetal que sobrevive no verão é
o musgo.
O Cabo Norte é um platô nivelado pela
erosão, mais de 300 metros acima do Oceano Glacial Ártico, dividindo o Mar da
Noruega do Mar de Barents. Há uma escultura em bronze de mãe e filho em tamanho
natural; o menino aponta a um grupo de esculturas também em bronze, com cerca
de metro e meio de diâmetro, feitas com base em figuras modeladas por crianças
de todos os continentes, cujo conjunto se denomina “Paz no Mundo”.
FOTO 13 – Estátua da mãe
com o filho que aponta ao conjunto escultórico “Paz no Mundo”.
FOTO 14 – Francisco Souto
Neto e o menino do Cabo Norte (North Cape) apontam em direções diferentes.
FOTO 15 – Rubens Faria
Gonçalves com a mãe e o filho do Cabo Norte (North Cape.
FOTO 16 – Quando não há
nuvens, eis como se vê o Sol da Meia-Noite no Cabo Norte, em foto da internet.
FOTO 17 – Sequência
fotográfica da paisagem em 180°, com fotos tiradas de hora em hora durante doze
horas. À esquerda, é a altura do Sol às 6 horas da tarde, ao centro à
meia-noite e à direita às 6 da manhã, sempre acima do nível do horizonte. O Sol
da Meia-Noite só acontece durante o verão polar.
À meia-noite alguns passageiros que
levaram garrafas de champanhe e taças do navio, fizeram brindes. Entretanto
todos estávamos decepcionados, porque vimos apenas uns raios do sol, mas não o
astro brilhando por causa do obstáculo das nuvens. Duas noites depois, porém,
presenciaríamos triunfantes o espetacular Sol da Meia-Noite.
Retornamos ao navio, que partiu de
Honnigsvag por volta de quase duas horas da madrugada, rumo à Islândia, num
percurso que duraria mais dois dias. Por volta das três e meia o navio
contornou o Cabo Norte. Avistamos o globo branco sobre o complexo comercial, e
também o globo vazado que marca o fim do continente europeu.
O filme que fizemos da chegada no
navio a Honningsvag, pode ser visto neste endereço do YouTube:
O filme da chegada ao Cabo Norte em
busca do Sol da Meia-Noite e, depois, a partida rumo à Islândia, quando o navio
contorna o Cabo Norte, pode ser visto neste endereço do YouTube:
No dia seguinte após a visita ao Cabo Norte,
enfrentamos uma tempestade violentíssima que durou doze horas e que quase levou
o navio ao naufrágio. No segundo dia o mar ficou plácido como um espelho, e o
céu mostrou-se sem nuvens. Tivemos um maravilhoso sol à meia-noite, com o
astro-rei brilhando como ouro acima do horizonte. Do convés, apesar do frio, as
senhoras idosas olhavam placidamente ao espetáculo, com as pedrarias e os
brilhos dos seus vestidos longos ao vento, refletindo o dourado daquele
estranho e magnífico céu que não anoitece. Todos perdiam-se na contemplação ao
sol, como querendo esquecer os horrores da tempestade vividos há tão poucas
horas...
O filme do fulgurante SOL DA
MEIA-NOITE poderá ser visto neste endereço do YouTube:
Depois de muitos dias viajando dentro
do Círculo Polar Ártico com o céu nublado, justamente na nossa última noite
dentro do Círculo Polar as nuvens desapareceram, o céu mostrou-se azul e pudemos
ver o Sol da Meia-Noite em seu esplendor.
O meu artigo na revista INFORME MAGAZINE sobre a tempestade e o Sol da Meia-Noite poderá ser lido no seguinte link:
FOTO 18 – Navegando dentro
do Círculo Polar Ártico, entre Honningsvag (Noruega) e Akureyri (Islândia), no Oceano Glacial Ártico
(Mar do Norte), Rubens Faria Gonçalves iluminado pelo Sol da Meia-Noite através
da grande escotilha do navio Costa Allegra.
FOTO 19 – Navegando dentro
do Círculo Polar Ártico, entre Honningsvag (Noruega) e Akureyri (Islândia), no Oceano Glacial Ártico
(Mar do Norte), Francisco Souto Neto no convés do navio Costa Allegra, com o
Sol da Meia-Noite brilhando no horizonte.
FOTO 21 – Navegando dentro
do Círculo Polar Ártico, entre Honningsvag (Noruega) e Akureyri (Islândia), no Oceano Glacial Ártico
(Mar do Norte), Francisco Souto Neto iluminado pelo Sol da Meia-Noite no convés
do navio Costa Allegra.
FOTO 22 – Navegando dentro
do Círculo Polar Ártico, entre Honningsvag (Noruega) e Akureyri (Islândia), no Oceano Glacial Ártico
(Mar do Norte), Rubens Faria Gonçalves no convés do navio Costa Allegra, com o
Sol da Meia-Noite brilhando no horizonte.
FOTO 23 – Navegando
dentro do Círculo Polar Ártico, entre Honningsvag (Noruega) e Akureyri (Islândia), no Oceano Glacial Ártico
(Mar do Norte), as sombras de Francisco Souto Neto e Rubens Faria Gonçalves que
observam o Sol da Meia-Noite do convés do navio Costa Allegra.
Agora navegávamos placidamente rumo a
um dos países mais estranhos do mundo: a Islândia, terra do gelo e do fogo,
onde andaríamos pelas bordas das crateras de vulcões e entre gêiseres em
erupção.
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