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IZA ZILLI
A cidade de Nápoles e o gigantesco vulcão Vesúvio.
Iza
Zilli
Comendador
Francisco Souto Neto
POMPEIA
À SOMBRA DO VULCÃO
Francisco Souto Neto
O visitante que chega a Nápoles, ao sul da península itálica, não pode
deixar de observar o Vesúvio, um vulcão que se eleva a 1277 metros ao
fundo da cidade. As construções se estendem ao sopé do vulcão e sobem as suas
encostas. Corajoso povo napolitano, pois o Vesúvio é um vulcão ativo que
poderá, a qualquer momento, entrar em erupção, como vem acontecendo através de
toda a História conhecida.
Cidade de Nápoles e seus subúrbios que sobem a encosta do vulcão
Vesúvio.
A cratera do vulcão cercada pela cidade que sobe pela encosta da sua
cratera.
No ano de 79 da nossa era, o Vesúvio sofreu a sua mais famosa e destruidora
erupção, sepultando importantes cidades como Pompeia e Herculano. Na maior
delas, Pompeia, morreram mais de duas mil pessoas.
Durante a erupção, os ventos espalharam cinzas e rochas incandescentes
para o lado oposto a Nápoles, na direção para onde o vulcão derramou também
seus mortais fluxos piroclásticos. Assim, Pompeia e Herculano foram sepultadas
com os habitantes e animais que não conseguiram fugir ao cataclismo.
Famílias inteiras calcinadas pelo fluxo piroclástico da erupção.
O cão petrificado em sua agonia durante a erupção.
No museu, homem petrificado em Pompéia ao tentar se proteger do
fluxo piroclástico do Vesúvio.
Pompeia e as outras povoações adjacentes ficaram enterradas
sob uma camada de vários metros de rochas e cinzas incandescentes. Passaram-se
dezessete séculos, tempo em que a terra carregada pelos ventos foi encobrindo o
espesso lençol já solidificado, em cuja superfície cresceu densa vegetação. E o
local das cidades foi esquecido através de muitas centenas de gerações. Até que
em 1748, por acaso descobriu-se a existência da cidade congelada no tempo,
quando então começaram as suas escavações.
Pompéia
hoje
Muitos
prédios resistiram à erupção e permaneceram intactos, assim como estátuas,
objetos de decoração e utilitários das vivendas. Até as pinturas murais e as
ruas calçadas revivem o passado, revelando que Pompeia era uma cidade de
veraneio, muito próspera, onde as famílias ricas mantinham verdadeiras mansões
para delas usufruir nas suas férias.
Passear
por Pompeia é retroceder dois mil anos no tempo e ver como viviam as pessoas
abastadas do Império Romano. A Via dell’Abbondanza (Rua da
Abundância) era a principal artéria da cidade, cheia de lojas. Estão lá os
bares onde serviam bebidas e pratos preparados, a casa que funcionava como
lavanderia e tinturaria, a padaria com seus fornos e utilitários de cerâmica.
Em outro setor da cidade está o Foro, que é onde se situavam os edifícios
públicos, como a basílica (onde se resolviam assuntos jurídicos e comerciais),
os templos de Apolo, Júpiter e Vespasiano, e também um grande mercado coberto.
Havia um enorme anfiteatro, além de teatros, termas, caserna e tudo o que se
poderia esperar de uma importante cidade do Império Romano.
Rua de Pompeia.
Praça central com Vesúvio no horizonte.
Há
mansões que tomam quarteirões inteiros e apresentam surpreendente luxo, muitas
delas com pinturas de incrível beleza, mosaicos muito bem elaborados e estátuas
de bronze. A residência que mais me impressionou foi a “Casa do Fauno
Dançante”, assim denominada por causa da pequena estátua que adornava o
seu impluvium, um pequeno espelho d’água situado no átrio de
entrada à mansão. Essa residência era extremamente luxuosa, com dois átrios,
dois peristilos e uma sala de refeição para cada uma das estações do ano. Um
dos maiores mosaicos, que se encontrava no quarto principal, foi transferido
para o Museu de Nápoles. Mas, havia casas maiores e mais luxuosas do que esta a
que me refiro.
Pintura decorando parede de mansão pompeiana.
Mural
na Vila dos Mistérios.
O
lupanar, bem no centro da cidade, também chama a atenção: era o prostíbulo
oficial da urbe. Sobre cada uma das portas que leva aos pequenos quartos há
pinturas com temas obscenos, para indicar a “especialidade” da prostituta que
ali se encontrava. Nas paredes dos cubículos há ainda grafites dos pompeianos
do primeiro século, relatando as impressões daqueles clientes sobre os serviços
prestados...
É
preciso ter sempre em mente que estou me referindo a uma cidade que foi
sepultada pelo Vesúvio apenas 46 anos depois da morte de Cristo e um milênio e
meio antes do Brasil ser descoberto!
Estátua
em bronze do Fauno Dançante no “impluvium” de uma mansão.
Francisco Souto Neto ao visitar Pompeia em 1980, na Casa do Fauno Dançante.
Na
Casa do Criptopórtico estão as imagens em gesso de como alguns dos habitantes
se encontravam no momento em que foram atingidos pelo fluxo piroclástico. Uns
morreram sentados, outros abraçando-se, há crianças cobrindo o rosto com as
mãos... Há até um cão petrificado no momento em que se contorcia agonizante.
Esses “moldes” de pedra vulcânica formada pela cinza incandescente foram
encontrados já sem vestígios dos corpos. Mas ao serem os espaços vazios preenchidos
com gesso, revelaram com detalhes as formas das pessoas e animais no momento de
sua morte no ano 79.
Um
passeio por Pompeia acaba transformando-se em reflexão a respeito da vida e da
morte: quase todas as pessoas eliminadas pelo Vesúvio tiveram seus nomes
esquecidos no tempo, viraram pó, algumas deixaram o molde em gesso da sua
agonia, mas foram, todas elas, seres humanos como nós, que nasceram, brincaram,
sofreram, amaram, viveram e desapareceram... há quase dois milênios.
-o-
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