quinta-feira, 28 de abril de 2016

"Em 29 DE ABRIL DE 2016, o 1º ANIVERSÁRIO DA AGRESSÃO DO GOVERNADOR BETO RICHA AOS PROFESSORES DO PARANÁ" do Comendador FRANCISCO SOUTO NETO para o PORTAL IZA ZILLI.

PORTAL IZA ZILLI



No dia seguinte da agressão aos professores, o espelho d'água do Palácio Iguaçu todo vermelho.

Iza Zilli

Comendador Francisco Souto Neto


Em 29 de abril de 2016, o 1º aniversário da agressão do Governador Beto Richa aos professores do Paraná

Francisco Souto Neto

Este 29 de abril de 2016 marca a passagem de um ano da violentíssima agressão sofrida pelos professores do Paraná, ordenada pelo governador Beto Richa.

O Paraná quebrado

Antes de lembrar alguns detalhes daquele desastre de tão nefasta memória, vale observar que muito antes daquilo, em 31 de março de 2014, eu publiquei em minha página de crônicas do Jornal Centro Cívico (Ano 13, Edição 113) uma advertência ao estado catastrófico em que se encontravam as finanças do nosso Estado. Se alguém desejar conhecer o texto na íntegra, o endereço, ou link, é o seguinte:


Quem não tiver tempo para a leitura da crônica na sua totalidade, transcrevo apenas o seu último parágrafo:

“Enquanto os carros da polícia se amontoam quebrados, o comércio e as residências ficam à mercê dos bandidos. Enquanto pessoas doentes morrem à espera de socorro, as ambulâncias estão paradas nas oficinas sem que o governo lhes pague o que deve. Isso é inadmissível, é até imoral. O governo continua negando que esteja em dificuldades financeiras, mas as imagens que o contradizem estão todas na internet, à disposição de quem quiser comprovar. Que decepção! Faz-me lembrar de quando foi eleito o primeiro governo pelo voto popular, após os obscuros anos da ditadura militar. o Governo José Richa, empossado em março de 1983. Eu era assessor de diretoria no Banestado – Banco do Estado do Paraná – e acompanhei de perto todos os passos dos novos diretores e seus contatos com os vários segmentos do governo no sentido de promover a moralização, a ética e o desenvolvimento. Um tempo grandioso de construção, de crescimento. Filho de José Richa, o atual governador Beto Richa era um garoto de 17 anos. Desde então passaram-se 30 anos. E agora? Agora o Paraná vai em marcha lenta, quase parando. Com o Estado à beira do abismo, qual será o legado de Beto Richa à História do Paraná?”

Sem encontrar meios para solucionar os seus problemas financeiros, o governador teve a má ideia de alterar as regras do fundo de previdência dos servidores do Estado, para poder valer-se de dinheiro que de fato foi uma conquista dos professores em prol das suas aposentadorias. Com toda razão, esses educadores revoltaram-se contra tal arbitrariedade e mobilizaram-se para que os deputados não aprovassem a proposta.

Para garantir o sucesso do seu desiderato, considerado abusivo e ilícito, o governador mobilizou milhares de policiais militares, vindos de várias cidades do Paraná, que compuseram um aparato que mais se assemelhava a um estado de guerra, coisa jamais antes vista. Enquanto esses pobres soldados ficaram em Curitiba mal alojados em sua maioria e mal alimentados, o interior do Paraná ficou à disposição de ladrões.

A agressão aos professores e servidores

Eu resido a uns 200 metros do Palácio Iguaçu. Minha esquina foi bloqueada por um cordão compacto de policiais fortemente armados. O conflito começou quando algumas pessoas que, como se vê em todos os filmes divulgados, não seriam mais do que uns dez ou quinze indivíduos, avançaram contra as pesadas cercas que circundam a Assembleia Legislativa, aparentemente querendo removê-las com as mãos... uma tarefa que seria humanamente impossível. Mas foi o motivo para o início do conflito por parte dos policiais, obviamente a mando não do comandante, mas do governador, o que foi feito com inacreditável truculência e brutalidade. Comecei a ouvir estrondos. Pareciam tiros de canhão. Fiquei perturbado sem entender o que acontecia. Meu vizinho Rubens, que mora andares acima do meu apartamento, me telefonou indignado: “Estão lançando bombas contra os professores! Como pode?! Como pode?!”, indagava meu amigo. Descemos juntos à rua, e evitando a esquina que estava bloqueada para a passagem de pedestres, encontramos um caminho que nos levou até relativamente próximo ao conflito. Pessoas corriam, os estrondos não se interrompiam, e passaram por nós dois homens carregando uma moça desmaiada. Tirei muitas fotografias, porém guardando certa distância de onde havia muita fumaça e pessoas que corriam em várias direções. Senti-me profundamente revoltado. Fui invadido por uma espécie de visceral repúdio à demonstração de força do governador contra aquelas pessoas, homens e mulheres, que são no seu cotidiano educadores, isto é, construtores de pessoas. Vi que esses professores honestos apenas defendiam os seus direitos de mãos vazias e sem armas, contra o arbítrio e a brutalidade do Estado.

Os filmes mostrando como tudo ocorreu nem precisam ser descritos por mim. Que sentir vontade de verificar, basta entrar no YouTube e procurar por “agressão aos professores do Paraná”, que encontrará dezenas de filmes feitos por diferentes pessoas e diversos ângulos. Que vergonha para a História do Paraná!

Dois dias depois, 1º de maio, pela primeira vez não houve a tradicional festividade pelo Dia do Trabalhador. Ao contrário, a estátua de La Salete recebeu uma venda preta em sinal de luto, e o mastro em frente ao Palácio Iguaçu teve a bandeira do Paraná baixada. Mãos vermelhas, simbolizando o sangue dos professores feridos na agressão, mancharam mastro e a própria bandeira. O espelho d’água tingiu-se de vermelho. Também fotografei alguns ângulos dessa manifestação, e algumas dessas fotos serão encontradas ao final deste artigo.

O governo apropriou-se de recursos do fundo de previdência dos servidores... e até agora, passado um ano, suas finanças continuam em estado de miserabilidade.

A imprensa moralmente falida

Curiosamente a revista Veja, na edição de 31 de dezembro de 2015, ao anunciar o “Ranking de Competitividade dos Estados” em educação e segurança pública, ilustrou a matéria com as fotos dos governadores do Paraná e de São Paulo, respectivamente Beto Richa e Geraldo Alkmin, como “os melhores do Brasil”. Em São Paulo, em novembro do ano passado, a Polícia Militar foi flagrada em inúmeros atos de agressão a adolescentes que simplesmente protestavam contra a chamada “reorganização escolar” proposta pelo governo, que previa o fechamento de quase cem escolas da rede pública de ensino. Que protesto mais justo e necessário do que esse? A revista Veja parece ter ficado vesga. Ou cega, com terceiras intenções. Com suas posteriores capas estarrecedoras, cheias de sugestões subliminares baseadas em notícias falsas ou em meras suposições, parece ter perdido o rumo e está ajudando a levar o país ao estado de histeria coletiva em que se encontra. Isso faz com que eu me recorde da nefasta “imprensa marrom”, como eram chamadas as revistas de escândalos da década de 50, quando ainda campeava nos Estados Unidos o repulsivo macarthismo. Eu, que colecionei Veja desde o seu primeiro número, nunca mais voltei a procura-la nas bancas.

Neste triste 1º aniversário da data que lembra aquilo que vem sendo chamado de “o massacre dos professores”, fica o meu irrestrito apoio e admiração a essa classe de construtores de pessoas, que merece reverência e profundo respeito.

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FOTOGRAFIAS

As 6 fotos abaixo foram tiradas por mim e publicadas em meu mural do Facebook, no qual escrevi em 29.4.2015:

“NESTE MOMENTO CURITIBA ENCONTRA-SE EM ESTADO DE GUERRA. A mando do cretino governador do Paraná, Beto Richa, os professores que protestam pelos direitos que lhes foram desrespeitados, estão sob tremendo bombardeio militar há mais de meia hora. Fui até onde as barricadas permitem aproximação e tirei algumas fotos deste momento VERGONHOSO. Enquanto isso, os malditos deputados votam contra direitos que considero sagrados: os da aposentadoria. Professores estão sendo tratados como trastes. Dá vontade de vomitar. Que governo abjeto!”.








As 5 fotos seguintes, foram-me enviadas no mesmo dia por uma amiga que trabalha na Assembleia Legislativa.







As 10 fotos seguintes foram tiradas por mim no dia 1º de maio de 2015, que coloquei em meu mural do Facebook no dia 2. As legendas que acompanham as fotos são originais daquela data.

Ontem, 1º de maio, foi um dia depressivo no Centro Cívico, com a bandeira nacional a meio mastro, e a do Paraná ao solo, manchada de vermelho, para simbolizar os professores machucados no confronto com os policiais militares no dia anterior.

A Santa de La Salete com os olhos vendados (de luto)

 
O mastro com as manifestações de repúdio à violência do governador Richa.

 
É muito ruim ver a bandeira do Paraná ao chão, manchada de mãos vermelhas (simbolizando o sangue dos professores machucados), mas tirei a foto para memorizar a violência muito maior que foi a do governador contra os direitos dos professores e por se apoderar de dinheiro da aposentadoria destes. Impressiona também ouvir as "justificativas" de Beto Richa, que é um deslavado mentiroso.

O símbolo do espelho d'água manchado do sangue dos professores feridos.

O espelho d'água...

Mensagem que vi dentro do espelho d'água e imediatamente fotografei:

Mais mensagens dos professores no dia 1º de maio (não houve comemorações ao Dia do Trabalhador em Curitiba),

 
Esta foto, sim, tirei com prazer. Mostra o governador desmoralizado.

Com mais detalhes...

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sábado, 23 de abril de 2016

"A CASA E OS JARDINS DE CLAUDE MONET" - Do Comendador FRANCISCO SOUTO NETO para o PORTAL IZA ZILLI.

Casa e jardins de Claude Monet

PORTAL IZA ZILLI


Iza Zilli
   
 
Comendador Francisco Souto Neto

A casa e os jardins de Claude Monet

Francisco Souto Neto

É muito fácil visitar a mansão e os exuberantes jardins de Claude Monet, sempre citado como um dos mais belos do mundo. Primeiro deve-se ir à cidade de Vernon, às margens do Sena, que pode ser alcançada a bordo dos maravilhosos trens franceses. A antiga propriedade de Monet situa-se a uns quatro quilômetros da estação ferroviária de Vernon, numa vila chamada Giverny. Faz-se o percurso de táxi por preço relativamente barato.

Perfil de Monet

O pintor francês Claude Monet nasceu em Paris em 1840 e faleceu em Giverny em 1926, aos 86 anos. Ele e alguns outros artistas franceses estabeleceram as bases do impressionismo com uma pintura revolucionária para os padrões da época: nas suas pinceladas, eles passaram a ater-se mais à qualidade da atmosfera e da luz, e menos na precisão da imagem propriamente dita. Monet, mais particularmente, dedicou-se a temas fluídos e tratou em cores vibrantes e claras os efeitos luminosos do ar e da água. As flores do seu jardim foram pintadas como que em explosões de cores e luzes.


FOTO 1 – Monet no lago do seu jardim, com ponte japonesa ao fundo, às suas costas.


FOTO 2 – Monet vindo pelo jardim, de frente para a entrada da sua casa.


FOTO 3 – Monet pintando os lírios d’água.

Em 1883 Monet já estava instalado na sua propriedade de Giverny, onde plantou o extraordinário jardim em frente à casa, hoje transformada em museu.

Monet teve a sorte de conhecer o sucesso em vida. Costumava receber convidados para o jantar, e mostrava-se exigente, comme il faût, em termos de horários e de disciplina: assim, mesmo aos mais íntimos amigos não dispensava pontualidade à mesa.

FOTO 4 - Pintura de Monet.


FOTO 5 - Pintura de Monet.

FOTO 6 - Pintura de Monet.

A casa

A gigantesca fachada da casa, com 40 metros de extensão, pintada em cor-de-rosa e com janelas verdes, é coberta de roseiras e trepadeiras.


FOTO 7 – Francisco Souto Neto em frente à mansão de Claude Monet.

Começa-se a visita pelo atelier do artista, que exibe apenas cópias dos quadros, cujos originais estão nos mais importantes museus do mundo. Numa das paredes, observei uma foto de Monet no Le Mont-Saint-Michel, exatamente no lugar onde eu estivera alguns dias antes.

FOTO 8 – O estúdio onde Monet pintava.

FOTO 9 – Outro ângulo do estúdio.

As cores do interior da residência são também aquelas que Monet apreciava. Os cômodos que mais me impressionaram foram a sala de jantar com paredes e móveis amarelos, e  cozinha com azulejos azuis e as panelas de cobre, com brilho impecável, penduradas em ganchos nos armários das paredes.


FOTO 10 – A sala de jantar amarela.



FOTO 11 - Detalhe da mesa posta.

FOTO 12 – A cozinha azul.

FOTO 13 – Outro ângulo da cozinha.

FOTO 14 – O quarto de Monet.

No andar superior estão os quartos e banheiros. Retornando às salas do andar térreo e ao estúdio do artista, pus-me a imaginar as maiores celebridades daquela época e os mais importantes artistas plásticos do mundo ali reunidos.


Os jardins

Se a casa encanta, que dizer dos jardins? Eles estendem-se por uns 200 metros abaixo e são de uma exuberância inenarrável. Atualmente estão divididos ao meio por uma estrada, mas a comunicação por ambas as partes faz-se através de um túnel particular para pedestres, que passa sob referida via pública.

A parte de baixo do jardim tem um lago coalhado de lírios d’água, sobre o qual está a ponte chinesa de cor verde que Monet imortalizou em tantas telas. Ali também passa um riacho com não mais do que dois metros de largura, mas aparentemente profundo e – o que é impressionante – de águas muito rápidas. Tal riacho corre ao nível dos jardins, sem barrancos laterais, o que ajuda a criar a sensação de um lugar mágico, sem paralelo no mundo.

FOTO 15 – A ponte japonesa verde sobre o lago cheio de lírios d’água.

FOTO 16 – Francisco Souto Neto entre turistas na ponte verde.


FOTO 17 – Os jardins de Monet.

FOTO 18 – Os jardins de Monet.

FOTO 19 – Os jardins de Monet.

FOTO 20 – Os jardins de Monet.

FOTO 21 – Os jardins de Monet.

FOTO 22 – Os jardins de Monet.

As flores são extraordinariamente variadas e nascem de todos os lados, ora formando alamedas, ora fechando-se em caramanchões, ora espalhando-se pelos caminhos e misturando-se numa amálgama quase irreal de tipos e cores.

Após algumas horas de verdadeiro encantamento, deixei a antiga propriedade de Claude Monet com a certeza de ter conhecido um dos lugares mais belos do planeta.


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Filme nos jardins de Claude Monet feito por
Francisco Souto Neto e Rubens Faria Gonçalves:


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quarta-feira, 13 de abril de 2016

"POMPEIA À SOMBRA DO VULCÃO" do Comendador FRANCISCO SOUTO NETO para o PORTAL IZA ZILLI.

PORTAL IZA ZILLI


A cidade de Nápoles e o gigantesco vulcão Vesúvio.


Iza Zilli


Comendador Francisco Souto Neto


POMPEIA À SOMBRA DO VULCÃO

Francisco Souto Neto


O visitante que chega a Nápoles, ao sul da península itálica, não pode deixar de observar o Vesúvio, um vulcão que se eleva a 1277 metros ao fundo da cidade. As construções se estendem ao sopé do vulcão e sobem as suas encostas. Corajoso povo napolitano, pois o Vesúvio é um vulcão ativo que poderá, a qualquer momento, entrar em erupção, como vem acontecendo através de toda a História conhecida.



Cidade de Nápoles e seus subúrbios que sobem a encosta do vulcão Vesúvio.

A cratera do vulcão cercada pela cidade que sobe pela encosta da sua cratera.

No ano de 79 da nossa era, o Vesúvio sofreu a sua mais famosa e destruidora erupção, sepultando importantes cidades como Pompeia e Herculano. Na maior delas, Pompeia, morreram mais de duas mil pessoas.

Durante a erupção, os ventos espalharam cinzas e rochas incandescentes para o lado oposto a Nápoles, na direção para onde o vulcão derramou também seus mortais fluxos piroclásticos. Assim, Pompeia e Herculano foram sepultadas com os habitantes e animais que não conseguiram fugir ao cataclismo.


Famílias inteiras calcinadas pelo fluxo piroclástico da erupção.

O cão petrificado em sua agonia durante a erupção.

No museu, homem petrificado em Pompéia ao tentar se proteger do fluxo piroclástico do Vesúvio.

Pompeia e as outras povoações adjacentes ficaram enterradas sob uma camada de vários metros de rochas e cinzas incandescentes. Passaram-se dezessete séculos, tempo em que a terra carregada pelos ventos foi encobrindo o espesso lençol já solidificado, em cuja superfície cresceu densa vegetação. E o local das cidades foi esquecido através de muitas centenas de gerações. Até que em 1748, por acaso descobriu-se a existência da cidade congelada no tempo, quando então começaram as suas escavações.

Pompéia hoje

Muitos prédios resistiram à erupção e permaneceram intactos, assim como estátuas, objetos de decoração e utilitários das vivendas. Até as pinturas murais e as ruas calçadas revivem o passado, revelando que Pompeia era uma cidade de veraneio, muito próspera, onde as famílias ricas mantinham verdadeiras mansões para delas usufruir nas suas férias.

Passear por Pompeia é retroceder dois mil anos no tempo e ver como viviam as pessoas abastadas do Império Romano. A Via dell’Abbondanza (Rua da Abundância) era a principal artéria da cidade, cheia de lojas. Estão lá os bares onde serviam bebidas e pratos preparados, a casa que funcionava como lavanderia e tinturaria, a padaria com seus fornos e utilitários de cerâmica. Em outro setor da cidade está o Foro, que é onde se situavam os edifícios públicos, como a basílica (onde se resolviam assuntos jurídicos e comerciais), os templos de Apolo, Júpiter e Vespasiano, e também um grande mercado coberto. Havia um enorme anfiteatro, além de teatros, termas, caserna e tudo o que se poderia esperar de uma importante cidade do Império Romano.


Rua de Pompeia.

Praça central com Vesúvio no horizonte.


Há mansões que tomam quarteirões inteiros e apresentam surpreendente luxo, muitas delas com pinturas de incrível beleza, mosaicos muito bem elaborados e estátuas de bronze. A residência que mais me impressionou foi a “Casa do Fauno Dançante”, assim denominada por causa da pequena estátua que adornava o seu impluvium, um pequeno espelho d’água situado no átrio de entrada à mansão. Essa residência era extremamente luxuosa, com dois átrios, dois peristilos e uma sala de refeição para cada uma das estações do ano. Um dos maiores mosaicos, que se encontrava no quarto principal, foi transferido para o Museu de Nápoles. Mas, havia casas maiores e mais luxuosas do que esta a que me refiro.


Pintura decorando parede de mansão pompeiana.

Mural na Vila dos Mistérios.

O lupanar, bem no centro da cidade, também chama a atenção: era o prostíbulo oficial da urbe. Sobre cada uma das portas que leva aos pequenos quartos há pinturas com temas obscenos, para indicar a “especialidade” da prostituta que ali se encontrava. Nas paredes dos cubículos há ainda grafites dos pompeianos do primeiro século, relatando as impressões daqueles clientes sobre os serviços prestados...

É preciso ter sempre em mente que estou me referindo a uma cidade que foi sepultada pelo Vesúvio apenas 46 anos depois da morte de Cristo e um milênio e meio antes do Brasil ser descoberto!


 Estátua em bronze do Fauno Dançante no “impluvium” de uma mansão.


Francisco Souto Neto ao visitar Pompeia em 1980, na Casa do Fauno Dançante.

Na Casa do Criptopórtico estão as imagens em gesso de como alguns dos habitantes se encontravam no momento em que foram atingidos pelo fluxo piroclástico. Uns morreram sentados, outros abraçando-se, há crianças cobrindo o rosto com as mãos... Há até um cão petrificado no momento em que se contorcia agonizante. Esses “moldes” de pedra vulcânica formada pela cinza incandescente foram encontrados já sem vestígios dos corpos. Mas ao serem os espaços vazios preenchidos com gesso, revelaram com detalhes as formas das pessoas e animais no momento de sua morte no ano 79.

Um passeio por Pompeia acaba transformando-se em reflexão a respeito da vida e da morte: quase todas as pessoas eliminadas pelo Vesúvio tiveram seus nomes esquecidos no tempo, viraram pó, algumas deixaram o molde em gesso da sua agonia, mas foram, todas elas, seres humanos como nós, que nasceram, brincaram, sofreram, amaram, viveram e desapareceram... há quase dois milênios.

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