PORTAL IZA ZILLI
No dia seguinte da agressão aos professores, o espelho d'água do Palácio Iguaçu todo vermelho.
Iza Zilli
Comendador Francisco Souto Neto
Em 29 de abril de 2016, o 1º aniversário da agressão do Governador Beto Richa aos
professores do Paraná
Francisco
Souto Neto
Este 29 de abril de 2016 marca a
passagem de um ano da violentíssima agressão sofrida pelos professores do Paraná, ordenada
pelo governador Beto Richa.
O Paraná quebrado
Antes de lembrar alguns detalhes daquele desastre de tão
nefasta memória, vale observar que muito antes daquilo, em 31 de março de 2014, eu publiquei em minha
página de crônicas do Jornal Centro Cívico (Ano 13, Edição 113) uma advertência
ao estado catastrófico em que se encontravam as finanças do nosso Estado. Se alguém desejar conhecer
o texto na íntegra, o endereço, ou link,
é o seguinte:
Quem não tiver tempo para a leitura
da crônica na sua totalidade, transcrevo apenas o seu último parágrafo:
“Enquanto os carros da polícia se amontoam quebrados, o comércio e as
residências ficam à mercê dos bandidos. Enquanto pessoas doentes morrem à
espera de socorro, as ambulâncias estão paradas nas oficinas sem que o governo
lhes pague o que deve. Isso é inadmissível, é até imoral. O governo continua
negando que esteja em dificuldades financeiras, mas as imagens que o
contradizem estão todas na internet, à disposição de quem quiser comprovar. Que
decepção! Faz-me lembrar de quando foi eleito o primeiro governo pelo voto
popular, após os obscuros anos da ditadura militar. o Governo José Richa,
empossado em março de 1983. Eu era assessor de diretoria no Banestado – Banco
do Estado do Paraná – e acompanhei de perto todos os passos dos novos diretores
e seus contatos com os vários segmentos do governo no sentido de promover a
moralização, a ética e o desenvolvimento. Um tempo grandioso de construção, de
crescimento. Filho de José Richa, o atual governador Beto Richa era um garoto
de 17 anos. Desde então passaram-se 30 anos. E agora? Agora o Paraná vai em
marcha lenta, quase parando. Com o Estado à beira do abismo, qual será o legado
de Beto Richa à História do Paraná?”
Sem encontrar meios para solucionar
os seus problemas financeiros, o governador teve a má ideia de alterar as
regras do fundo de previdência dos servidores do Estado, para poder valer-se de
dinheiro que de fato foi uma conquista dos professores em prol das suas
aposentadorias. Com toda razão, esses educadores revoltaram-se contra tal
arbitrariedade e mobilizaram-se para que os deputados não aprovassem a
proposta.
Para garantir o sucesso do seu
desiderato, considerado abusivo e ilícito, o governador mobilizou milhares de policiais
militares, vindos de várias cidades do Paraná, que compuseram um aparato que
mais se assemelhava a um estado de guerra, coisa jamais antes vista. Enquanto
esses pobres soldados ficaram em Curitiba mal alojados em sua maioria e mal
alimentados, o interior do Paraná ficou à disposição de ladrões.
A agressão aos professores e servidores
Eu resido a uns 200 metros do Palácio
Iguaçu. Minha esquina foi bloqueada por um cordão compacto de policiais
fortemente armados. O conflito começou quando algumas pessoas que, como se vê em todos os filmes divulgados, não seriam mais do que uns dez ou quinze indivíduos,
avançaram contra as pesadas cercas que circundam a Assembleia Legislativa, aparentemente
querendo removê-las com as mãos... uma tarefa que seria humanamente impossível.
Mas foi o motivo para o início do conflito por parte dos policiais, obviamente
a mando não do comandante, mas do governador, o que foi feito com inacreditável
truculência e brutalidade. Comecei a ouvir estrondos. Pareciam tiros de canhão.
Fiquei perturbado sem entender o que acontecia. Meu vizinho Rubens, que mora andares
acima do meu apartamento, me telefonou indignado: “Estão lançando bombas contra
os professores! Como pode?! Como pode?!”, indagava meu amigo. Descemos juntos à
rua, e evitando a esquina que estava bloqueada para a passagem de pedestres,
encontramos um caminho que nos levou até relativamente próximo ao conflito.
Pessoas corriam, os estrondos não se interrompiam, e passaram por nós dois homens
carregando uma moça desmaiada. Tirei muitas fotografias, porém guardando certa
distância de onde havia muita fumaça e pessoas que corriam em várias direções.
Senti-me profundamente revoltado. Fui invadido por uma espécie de visceral
repúdio à demonstração de força do governador contra aquelas pessoas, homens e
mulheres, que são no seu cotidiano educadores, isto é, construtores de pessoas. Vi que esses professores honestos apenas
defendiam os seus direitos de mãos vazias e sem armas, contra o arbítrio e a
brutalidade do Estado.
Os filmes mostrando como tudo ocorreu
nem precisam ser descritos por mim. Que sentir vontade de verificar, basta
entrar no YouTube e procurar por “agressão aos professores do Paraná”, que
encontrará dezenas de filmes feitos por diferentes pessoas e diversos ângulos.
Que vergonha para a História do Paraná!
Dois dias depois, 1º de maio, pela
primeira vez não houve a tradicional festividade pelo Dia do Trabalhador. Ao
contrário, a estátua de La Salete recebeu uma venda preta em sinal de luto, e o
mastro em frente ao Palácio Iguaçu teve a bandeira do Paraná baixada. Mãos
vermelhas, simbolizando o sangue dos professores feridos na agressão, mancharam
mastro e a própria bandeira. O espelho d’água tingiu-se de vermelho. Também
fotografei alguns ângulos dessa manifestação, e algumas dessas fotos serão
encontradas ao final deste artigo.
O governo apropriou-se de recursos do
fundo de previdência dos servidores... e até agora, passado um ano, suas
finanças continuam em estado de miserabilidade.
A imprensa moralmente falida
Curiosamente a revista Veja, na
edição de 31 de dezembro de 2015, ao anunciar o “Ranking de Competitividade dos
Estados” em educação e segurança pública, ilustrou a matéria com as fotos dos governadores do
Paraná e de São Paulo, respectivamente Beto Richa e Geraldo Alkmin, como “os
melhores do Brasil”. Em São Paulo, em novembro do ano passado, a Polícia
Militar foi flagrada em inúmeros atos de agressão a adolescentes que
simplesmente protestavam contra a chamada “reorganização escolar” proposta pelo
governo, que previa o fechamento de quase cem escolas da rede pública de
ensino. Que protesto mais justo e necessário do que esse? A revista Veja parece
ter ficado vesga. Ou cega, com terceiras intenções. Com suas posteriores capas estarrecedoras, cheias de
sugestões subliminares baseadas em notícias falsas ou em meras suposições, parece
ter perdido o rumo e está ajudando a levar o país ao estado de histeria
coletiva em que se encontra. Isso faz com que eu me recorde da nefasta “imprensa
marrom”, como eram chamadas as revistas de escândalos da década de 50, quando
ainda campeava nos Estados Unidos o repulsivo macarthismo. Eu, que colecionei
Veja desde o seu primeiro número, nunca mais voltei a procura-la nas bancas.
Neste triste 1º aniversário da data
que lembra aquilo que vem sendo chamado de “o massacre dos professores”, fica o
meu irrestrito apoio e admiração a essa classe de construtores de pessoas, que merece reverência e profundo respeito.
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FOTOGRAFIAS
As 6 fotos abaixo foram tiradas por
mim e publicadas em meu mural do Facebook, no qual escrevi em 29.4.2015:
“NESTE MOMENTO CURITIBA ENCONTRA-SE
EM ESTADO DE GUERRA. A mando do cretino governador do Paraná, Beto Richa, os
professores que protestam pelos direitos que lhes foram desrespeitados, estão
sob tremendo bombardeio militar há mais de meia hora. Fui até onde as
barricadas permitem aproximação e tirei algumas fotos deste momento VERGONHOSO.
Enquanto isso, os malditos deputados votam contra direitos que considero
sagrados: os da aposentadoria. Professores estão sendo tratados como trastes.
Dá vontade de vomitar. Que governo abjeto!”.
As 5 fotos seguintes, foram-me enviadas
no mesmo dia por uma amiga que trabalha na Assembleia Legislativa.
As 10 fotos seguintes foram tiradas
por mim no dia 1º de maio de 2015, que coloquei em meu mural do Facebook no dia
2. As legendas que acompanham as fotos são originais daquela data.
Ontem, 1º de maio, foi um dia
depressivo no Centro Cívico, com a bandeira nacional a meio mastro, e a do
Paraná ao solo, manchada de vermelho, para simbolizar os professores machucados
no confronto com os policiais militares no dia anterior.
A Santa de La Salete com os olhos
vendados (de luto)
O mastro com as manifestações de
repúdio à violência do governador Richa.
É muito ruim ver a bandeira do Paraná
ao chão, manchada de mãos vermelhas (simbolizando o sangue dos professores
machucados), mas tirei a foto para memorizar a violência muito maior que foi a
do governador contra os direitos dos professores e por se apoderar de dinheiro
da aposentadoria destes. Impressiona também ouvir as "justificativas"
de Beto Richa, que é um deslavado mentiroso.
O símbolo do espelho d'água manchado
do sangue dos professores feridos.
O espelho d'água...
Mensagem que vi dentro do espelho
d'água e imediatamente fotografei:
Mais mensagens dos professores no dia
1º de maio (não houve comemorações ao Dia do Trabalhador em Curitiba),
Esta foto, sim, tirei com prazer.
Mostra o governador desmoralizado.
Com mais detalhes...
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