segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

"AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ", coluna do Comendador FRANCISCO SOUTO NETO no PORTAL IZA ZILLI.

PORTAL IZA ZILLI


Portal Iza Zilli de 10.1.2016

Iza Zilli

Comendador FRANCISCO SOUTO NETO
AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ

As novidades parecem ser sempre bem-vindas aos mais jovens, mas em se tratando de trabalho formal, todos costumam ser resistentes a novas regras. Afirmo isso como bancário que fui durante 30 anos. Trabalhei no Banestado – o extinto Banco do Estado do Paraná – até aposentar-me em 1991.

A novidade do computador

            Durante o governo Jaime Canet Júnior (de 15.3.1975 a 14.3.1979) meu cargo era de Assessor de Diretor e eu atuava com Ivo Meirelles de Almeida, que respondia pela Diretoria de Crédito Rural na referida instituição bancária. Era o período da ditadura militar. Em 15.3.1979 Nei Braga foi eleito indiretamente para o governo do Paraná, que nomeou Lourival Guebert para assumir a diretoria onde eu trabalhava. Foi durante esse período que os técnicos do Banestado visitaram-me em meu gabinete, informando-me que iriam instalar computadores nas mesas de trabalho de todas as diretorias do banco. Minha reação foi: “Na minha mesa, não!”. A reação do diretor foi idêntica: “Na minha mesa também não”. Os técnicos argumentavam: “Mas o computador vai ser muito bom para todos, que receberão aulas para aprenderem a utilizá-lo”... Eu e meu diretor fomos inflexíveis: “Não!”.  Eu estava decidido a jamais pôr as mãos naquela engenhoca desagradável a que chamavam de computador.
Com a passagem dos anos eu viria a compreender que o computador iria reger o mundo e que todos nós dependeríamos de tal tecnologia. Embora eu trabalhasse em tempo integral no Banestado, nos finais de semana me dedicava à coluna “Expressão & Arte” que eu assinava no Jornal Indústria & Comércio a convite de Aroldo Murá. Naquela década nós, jornalistas, datilografávamos nossas matérias em laudas de papel-jornal, que levávamos à redação, onde as equipes de linotipistas transcreviam esses textos para que fossem impressos.

Somando esforços com Iza Zilli

          Não me recordo quando, talvez no começo da década de 80, minha amiga Iza Zilli tinha oito páginas no Jornal do Estado para publicar as suas matérias. Como tal espaço jornalístico era vastíssimo, convidou-me a inserir ali um apêndice da minha coluna. Assim, durante certo tempo eu e Iza somamos nossos trabalhos.

Francisco Souto Neto e Iza Zilli 
na segunda metade da década de 80.

Naquela época a minha coluna “Expressão & Arte”, que era publicada em meia página (depois página inteira), encontrava-se em franca ampliação. Estava também na revista Charme, e aos sábados era levada ao ar por mim mesmo na Rádio Estadual, a convite de Eron da Luz Trindade e Sale Wolokita, na gestão de René Dotti na Secretaria de Estado da Cultura. Essa variante radiofônica da minha coluna tinha a função de me treinar para que em alguns meses eu inaugurasse “Expressão & Arte” na TV Cultura (Estadual). Portanto, publicar meus textos também na coluna da Iza, ajudaria a ampliar o meu leque de leitores.

O universalismo da internet

A certa altura, não sei precisar em que ano, disseram-me na redação do jornal que eu era o único jornalista de Curitiba que não usava o computador para escrever as matérias. Em vista disso, resolvi comprar a moderna geringonça. Escrevi meu texto e aprendi a transferi-lo para um disquete, que eu levava pessoalmente à redação do jornal, então instalado na Rua Comendador Araújo. Com a passagem das semanas, os meus amigos da redação do jornal fizeram-me ver que eu não precisaria ter o trabalho de atravessar a cidade para levar-lhes o disquete com meus escritos e fotos. Bastaria integrar-me à internet para enviar-lhes a matéria em um segundo, simplesmente acionando um botão
Eu, que até então usava o meu computador apenas como um substituto da máquina datilográfica, descobri que a minha conexão à internet era muito mais do que isto. Representava ter o universo inteiro ao alcance das mãos.
Muito tempo depois, por volta de 2010, conversando com Iza Zilli, contou-me a minha amiga que as pessoas estavam preferindo a internet, e não a imprensa tradicional, para a veiculação dos seus assuntos. Essa assertiva foi-se confirmando com a passagem do tempo. Lembrei-me disso quando li a notícia de que o tradicionalíssimo e respeitado Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, deixaria de circular no papel e que passaria a existir apenas virtualmente na internet. Levei um susto. Mas essa diminuição – melhor seria dizer desaparecimento – da forma física dos jornais está se ampliando. Basta dizer que a partir do corrente mês, dezembro de 2015, desapareceu e edição dominical da Gazeta do Povo. Se Dino Almeida e Juril Carnasciali estivessem ainda entre nós e ouvissem essa notícia, certamente gritariam em uníssono: “Não acreditamos”.

Olhando para o futuro

Mas assim é. Diminui a importância da notícia no papel e cresce desmesuradamente na tela do computador.

Os acadêmicos Francisco Souto Neto e Iza Zilli 
em foto atual na Academia de Letras José de Alencar.

É neste embalo que Iza Zilli está hoje inaugurando o seu Portal na web. Uma vez mais minha amiga me convida para caminharmos lado a lado nessa novíssima jornada cibernética. Este novo caminho é muito promissor e universalizado porque, no prodígio da atual tecnologia, nossas palavras poderão ser alcançadas instantaneamente por qualquer pessoa em qualquer parte do mundo.
Iza tem tudo para fazer do seu Portal um sucesso em acessos não apenas por parte dos seus amigos de Curitiba e do Paraná, mas de pesquisadores incógnitos pelo mundo afora. Vamos todos tentar influir para que o interesse pelo Portal Iza Zilli só faça por se multiplicar a cada nova edição.
Sucesso, amiga Iza! 

-o-

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