segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

NÚCLEO DE LITERATURA E CINEMA ANDRÉ CARNEIRO por Francisco Souto Neto para o Portal Iza Zilli.


Valter Cardoso, coordenador do NLCAC, e Keetrin Oliveira, secretária.

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Iza Zilli

Comendador Francisco Souto Neto


Núcleo de Literatura e Cinema André Carneiro


       Há três meses venho participando dos encontros mensais do Núcleo de Literatura e Cinema André Carneiro – NLCAC, que se realizam na Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Antes de referir-me especificamente ao mencionado Núcleo, acho oportuno tecer algumas informações biográficas da personalidade que dá o nome ao NLCAC.

André Carneiro

       Segundo a Wikipédia, André Granja Carneiro (1922-2014) foi poeta, escritor, cineasta e artista plástico que nasceu em Atibaia, SP, e faleceu em Curitiba. Quando jovem, organizou reuniões artísticas e culturais em sua cidade natal e criou, com César Mêmolo, a primeira Biblioteca Pública de Atibaia. Promoveu exposições e encontros culturais, levando a Atibaia artistas como Aldemir Martins, Anita Malfatti, Oswald de Andrade e Di Cavalcante.

André Carneiro aos 87 anos (Foto Arthur Dantas). 

       Nos anos seguintes fez literatura, fotografia e cinema, e foi premiado nas três áreas, no Brasil, França, Holanda, Itália e Inglaterra. Na literatura, ramo ao qual mais se dedicou, tem obras publicadas na Espanha, Argentina, França, Suíça, Alemanha, Bélgica, Inglaterra, Itália, Bulgária, Suécia, Rússia, Japão, Portugal e Estados Unidos, e recebeu, dentre outros, os seguintes prêmios: Machado de Assis, Alphonsus de Guimaraens, Pen Club Internacional e Nestlé. Membro de sociedades artísticas e científicas, integrou a Parapsychological Association, a Science Fiction and Fantasy Writers of America, e a Academie Ansaldi, de Paris. A partir 1970 ministrou cursos e palestras em universidades e centros culturais no Brasil, Argentina, Cuba, México, Estados Unidos e França.

       Sua fotografia Trilhos, de 1951, é considerada um dos marcos do modernismo fotográfico no Brasil e está presente no recém-lançado Fotografias Achadas, Perdidas e Construídas”

“Trilhos” (1951), fotografia de André Carneiro.

       Além de renomado poeta, ele é considerado o maior escritor brasileiro de ficção científica. Segundo Arthur Dantas, “Ângulo e Face, sua estreia como poeta, foi editado por Cassiano Ricardo em 1949 e o colocou no rol dos grandes poetas do momento". O crítico francês Bertrand Lorraine afirmou que "Carneiro é um dos maiores poetas vivos do Brasil". Fez roteiros para filmes de Roberto Santos e Walter Hugo Cury. Seu conto O Mudo foi transformado no filme Alguém, de Júlio Xavier da Silveira.

Mustafá Ibn Ali Kanso e Gustavo Brasman com André Carneiro (TrekCon 2013).

       O meu saudoso amigo Musafá Ibn Ali Kanso, que faleceu no ano passado, conviveu bastante com André Carneiro – que residiu em Curitiba os seus últimos 15 anos – e deixou algumas palavras sobre o amigo, registradas no blog “Semana André Carneiro”.

André Carneiro e as Oficinas Literárias

       Abaixo estão as seguintes palavras de Mustafá, transcritas no blog ante mencionado, que me foi indicado por Valter Cardoso, atual coordenador das Oficinas Literárias:

  “A exemplo do que realizou em São Paulo, André Carneiro deu início a um movimento literário em Curitiba por meio de suas Oficinas de Literatura e Cinema. Desde seu início, a dinâmica das oficinas tem sido basicamente a mesma. Em reuniões mensais cada escritor apresenta seu trabalho, que é lido e comentado pelos demais — atuando assim como leitores beta —, com a vantagem adicional de que todos são escritores e bem sabedores dos calos ardentes dos espancadores de teclados. Os principais objetivos da oficina são: a busca incessante pela qualidade e pelo aperfeiçoamento na arte da escrita e o incentivo à leitura, à escrita e ao livre pensar. A presença de André Carneiro representava, invariavelmente, um insight. Uma inspiração. Ele materializava a máxima de William Yeats, não tendo a mínima pretensão de encher cântaros. Apenas o singelo propósito de encadear uma chama. E que cada um levasse seu combustível. (...) Em 2001 iniciaram-se as reuniões no campus de Curitiba da UTFPR — Universidade Tecnológica Federal do Paraná — pela iniciativa de quatro escritores que na ocasião fundaram a Confraria de Escritores de Ficção Científica, a saber: Bertoldo Schneider Jr., Clair Nery Cardoso, Sílvio Xavier e Carlos Machado”.

Francisco Souto Neto recebe Mustafá Ibn Ali Kanso em 30.6.2017

       Em 2004, por indicação do produtor Mario Mendonça, Mustafá Ibn Ali Kanso foi convidado por Nery Cardoso e Carlos Machado a ingressar nas oficinas. Com a saída de Machado em 2005 para iniciar seu programa de mestrado, Mustafá foi convidado por André Carneiro para assumir a secretaria e, alguns anos depois, a coordenação do grupo.

       Das oficinas realizadas em Curitiba saíram textos premiados em concursos nacionais e que têm sido publicados em diversas antologias ao lado de grandes nomes da ficção científica nacional.

O Núcleo de Literatura e Cinema André Carneiro.

      O NLCAC surgiu em 2001, como Confraria dos Escritores de Ficção Científica, quando os quatro autores acima mencionados convidaram o escritor André Carneiro para realizar uma oficina literária em Curitiba. Mustafá Ali Kanso começou a participar em 2004 e Valter Cardoso em 2007. Em 2010 foi lançado o primeiro livro da oficina, uma antologia de contos, com o nome Proibido Ler de Gravata. Em 2015 lançou-se a segunda antologia de contos, intitulada Estranhas Histórias de Seres Normais.

    A partir de 2011, o nome mudou para Núcleo de Literatura e Cinema André Carneiro. O coordenador no início foi André Carneiro, secretariado por Carlos Alberto Machado. O referido secretariado em 2007 passara a ser exercido por Mustafá Ali Kanso, o mesmo que, com o falecimento de André Carneiro, assumiu a coordenação. Atualmente Valter Cardoso exerce a coordenação, secretariado por Keetrin Oliveira, que é proprietária da Editora DTX.

Valter Cardoso, o coodenador do Núcleo de Literatura e Cinema André Carneiro, abrindo a "oficina", ao lado de Keetrin Oliveira.

       A última oficina de 2017 realizou-se no dia 16 de dezembro, quando foi “oficinado” um conto de Nicole Sigaud, denominado A Festa da Corda. Dessa reunião coordenada por Valter Oliveira e secretariada por Keetrin Oliveira, participaram: Adriano Siqueira, Alba Regina Bonotto, Alonir Pedro Gonçalves, Dione Mara Souto da Rosa, Eduardo Brindizi Simões Silveira, Francisco Geraldo Stingelin Cardoso, Francisco Souto Neto, José Assumpção, Liana Zilber Vivekananda, Luís Ronconi, Nicole Sigaud (a autora do texto sob análise), Rafael Bertolozzo Duarte, Rafael Golob, Rubens Faria Gonçalves. Um a um, todos analisaram e opinaram sobre o conto apresentado por Sigaud. Ao final de todas as manifestações, o coordenador sempre faz uma síntese dos comentários e das sugestões à obra analisada.

       Na ocasião, Keetrin Oliveira anunciou os nomes dos autores que participarão da primeira antologia de contos com tema livre que, brevemente, sua editora tornará realidade. São os seguintes: Bryan Haveroth (com Eliminatórias); Eduardo Brindizi (com Que se dane a literatura); Francisco Souto Neto (com O homem do ar); Liana Zilber (com A verdade); Marcos Migliorini (com Seis); Nicole Sigaud (com A festa da corda); Osvaldo Meza (com O homem de uma só face); Rubens Faria Gonçalves (com O homem, a águia e o mar); Valter Cardoso (com O espaço que nos cabe); Vitória Zavattieri (com Muito caminhar).

       Interessante observar que o coordenador Valter Cardoso organiza a disposição das mesas em forma circular, ou num quadrado, onde não haja uma cabeceira, de modo que ninguém, nem ele próprio, ocupe alguma posição de destaque, para simbolizar que ali estão todos em pé de igualdade. Além disso, tudo naquele grupo transcorre da maneira mais democrática e participativa possível. Por exemplo, na reunião anterior havia sido proposto aos membros do grupo que apresentassem sugestões para um logomarca a ser adotada pelo Núcleo. Na reunião em apreço, todas as sugestões apresentadas foram passadas aos presentes para que, um a um, votassem pela logomarca de sua preferência. A maioria votou num trabalho do designer Conrado Dittrich. Na mesma ocasião Keetrin Oliveira colheu sugestões para o título da antologia que será editada pela DTX, sugestões estas que também serão submetidas à votação dos membros do grupo. Não poderia haver melhores exemplos do que se possa considerar uma administração democrática.

José Assumpção, Liana Zilber Vivekananda, Adriano Siqueira.

 
Eduardo Brindisi Simões Silveira, Rafael Golob.

Rubens Faria Gonçalves e Francisco Geraldo Stingelin Cardoso.

 
Nicole Sigaud, que nessa tarde teve o seu texto “A Festa da Corda” analisado por todos os presentes, e Rubens Faria Gonçalves.

 
Dione Mara Souto da Rosa e Nicole Sigaud.

 
Nicole Sigaud, Alonir Pedro Gonçalves, Rubens Faria Gonçalves.

 
Nicole Sigaud, Alonir Pedro Gonçalves, Rubens Faria Gonçalves.

 
Valter Cardoso, Keetrin Oliveira (informando os nomes dos colegas que participarão da antologia que será publicada por sua Editora DTX) e Francisco Souto Neto.

 
Luís Ronconi, Eduardo Brindisi Simões Silveira, Rafael Golob.

Francisco Geraldo Stingelin Cardoso, José Assumpção, Liana Zilber Vivekananda, Adriano Siqueira.

 
À esquerda Nicole Sigaud, que tinha seu texto sob análise.

 
Rubens Faria Gonçalves, Alba Regina Bonotto, Francisco Geraldo Stingelin Cardoso.

 
Valter Cardoso, Keetrin Oliveira, Francisco Souto Neto, Dione Mara Souto da Rosa.

 
Rafael Golob, Rafael Bertozzo Duarte, Valter Cardoso e Keetrin Oliveira.

       Pelos motivos expostos, deixo aqui o registro da minha opinião de que o NLCAC está em plena expansão, e que os resultados das suas atuações em prol da Literatura e do Cinema em Curitiba deixarão marcas profundas na memória da intelectualidade paranaense destas primeiras décadas do século corrente.

-o-

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