Frogner Park em Oslo, Noruega, com o monólito de Vigeland ao fundo.
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Comendador Francisco
Souto Neto
Oslo, na Noruega, e seu incrível Frogner
Park
Francisco Souto Neto
A Noruega é uma
estreita e longa faixa de terra, na qual o mar penetra numa infinidade de
fiordes, cingindo inúmeras ilhas. É uma das raras regiões do mundo onde se pode
ver o sol da meia-noite, porque o país é cortado pelo Círculo Polar Ártico e
muito próximo ao Pólo Norte. Os habitantes primitivos acreditavam que ali o
mundo acabava.
Oslo, a capital,
tem 630 mil habitantes e é a maior cidade do país. Foi fundada em 1050 e é
capital desde o ano de 1299. É onde se entrega o Prêmio Nobel da Paz, ao contrário
dos outros Nobel que são atribuídos em Estocolmo, Suécia. Oslo (pronuncia-se “Uslú”) é também a segunda
cidade mais cara do mundo.
Essa capital é
toda voltada para ao mar, mais precisamente para o fiorde de Oslo. Cheguei à
cidade pelo terminal de cruzeiros situado aos pés de Akershus, uma fortaleza
com mais de 700 anos, a poucos metros do seu antigo porto.
Frogner Park
Muitas são as
atrações de Oslo, que incluem cerca de 50 museus e incontáveis galerias de
arte. Entretanto, não há nada que atraia tanto os turistas, quanto o Frogner
Park, também conhecido como Vigeland Park.
Francisco Souto Neto na entrada do Frogner Park
de Oslo, Noruega. Ao fundo, muito longe, avista-se o monólito em forma de
obelisco, de Vigeland.
Tomei um bonde
que em poucos minutos me deixou na porta do famoso Frogner Park, onde estão 120
esculturas em pedra, resultado de décadas de trabalho do escultor Adof Gustav
Vigeland (1840-1943).
As imagens, onde
as pessoas estão representadas sempre nuas, são conhecidas como Círculo da
Vida, e começam com o nascimento do ser humano, isto é, com a estátua de uma
criança que parece representar a infelicidade e a tristeza do referido círculo
que se completará, na sua velhice, com a própria morte.
Mas, essa mesma
criança em princípio infeliz por ter tido que abandonar a segurança do útero
materno é vista, através da sequência das esculturas, passando pela infância
cheia de alegres brincadeiras com outras crianças e com os próprios pais. A
visita ao parque vai a cada passo se transformando numa festa em celebração da
vida. Mais adiante as crianças já se tornaram adolescentes que parecem
sonhadores e românticos.
Rubens Faria Gonçalves "segura" o
bebê para que não caia... A estátua de
bronze não
representa agressividade, mas uma simbólica celebração à vida. O homem não chuta,
mas ampara as crianças em sua inocente brincadeira. Na coluna à esquerda,vê-se
um monstro (a doença) subjugando um idoso.
Estátuas no
caminho para o monólito.
A escadaria
que leva ao monólito.
Logo depois
estão os adultos em sua luta no triste capítulo do combate e da competição pela
própria sobrevivência. Representa a luta pelo reconhecimento dentro do próprio
grupo e pelas conquistas do trabalho e da felicidade.
Finalmente, as
estátuas mostram homens e mulheres já velhos, decrépitos, próximos da morte,
mas ainda brincando com as novas crianças (seus netos e bisnetos) e prontos
para completar o ciclo da vida.
O monólito
Bem no final do
Frogner Park, está um monólito impressionante, no qual Vigeland representou 121
corpos retorcendo-se, nascendo, amando e morrendo, emaranhando-se uns aos
outros, elevando-se em direção ao céu e formando uma coluna quase fálica com
pouco mais de 14 metros, quase a altura do que seria um prédio de cinco
andares.
Ao fundo, o
monólito de Vigeland.
Passei quase
toda a tarde no Frogner Park. Muitas são as atrações de Oslo, berço dos bravos
vikings, uma das cidades mais bem organizadas do mundo, das mais limpas e
belas. Mas nada se compara ao magnífico Frogner Park, que leva até os mais
insensíveis a reflexões sobre a vida, tão dadivosa, tão bela e feliz, mas, ao
mesmo tempo, tão triste e fugaz.
-o-
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