sábado, 11 de agosto de 2018

CENTRO CÍVICO DE CURITIBA: BELEZAS E FEIURAS entre a PREFEITURA e o PALÁCIO IGUAÇU por Francisco Souto Neto.




Comendador Francisco Souto Neto

CENTRO CÍVICO DE CURITIBA:
BELEZAS E FEIURAS
entre a PREFEITURA e o PALÁCIO IGUAÇU

Francisco Souto Neto

No início da década de 50, Bento Munhoz da Rocha Neto foi eleito governador do Paraná e, com base no Plano Agache desenvolvido no Rio de Janeiro nos anos 20, resolveu destinar um local na periferia de Curitiba para reunir os órgãos da adminitração estadual. Como em 1953 seria comemorado o centenário da criação do Estado do Paraná, ele concebeu a realização de grandes obras como faziam os governantes dos países europeus, tais como o Centro Cívico, o Teatro Guaíra e a Biblioteca Pública do Paraná, dentre outros.
Assim, Curitiba foi a primeira capital brasileira a contar com um Centro Cívico. Cidadãos de pouca visão mostram-se contrários à ideia da construção de edifícios públicos para abrigarem os órgãos da administração do Estado. O próprio jornal Gazeta do Povo, que foi o diário mais importante do Paraná, publicou em sua edição de 31 de outubro de 1951 a manchete: “Curitiba dispensa os palácios”.
O fato é que a obra era necessária e foi imitada por outras capitais brasileiras. O Centro Cívico de Curitiba, além de tudo, contou com o paisagismo do arquiteto Burle Marx, o profissional mais importante do Brasil e internacionalmente renomado.
Com a passagem das décadas, o projeto original do Centro Cívico de Curitiba foi muitas vezes alterado, melhorado aqui ou deturpado acolá, e seu espaço tornou-se insuficiente para abrigar todos os órgão públicos. O paisagismo de Burle Marx infelizmente foi todo perdido e os últimos governos pouca importância têm dado aos jardins no entorno do Palácio Iguaçu.
No domingo passado fiz um passeio pelos jardins e fotografei algo que ainda se salva com um tanto de beleza, mas muito do que se perde pelo desleixo tanto do governo estadual quanto do municipal. Nessa caminhada não fui até ao Museu Oscar Niemeyer, apelidado "Museu do Olho", por isso não o incluí nas fotos abaixo como a autêntica beleza que é. 


BELEZA – o Palácio Iguaçu, que algumas vezes chamei de “arquitetura caixa-de-sapato”, após sua última reforma pareceu evidenciar algo de charme nos seus vidros esverdeados e na simplicidade das linhas, tão ao gosto dos arquitetos do modernismo em voga na metade do século XX.

FEIURA – Sempre foi permitida a passagem de transeuntes pela frente do Palácio Iguaçu. Eu mesmo, dirigindo-me a uma clínica oftalmológica situada na Rua Professor Benedito Nicolau dos Santos, passava em frente ao Palácio para proteger-me do sol, valendo-me da sua sombra generosa. Agora tornou-se proibido passar em frente ao palácio. A placa de PARE, muito antipática, faz parecer que a atual governadora tem medo da proximidade do povo. Ou isto já vinha dos últimos dias de Beto Richa? Medo do povo? Num ou noutro caso, compreende-se: a primeira, pela reação popular ao  como foi chamado por muitos  – "casamento-ostentação" da filha; o segundo, pelo malfadado e vergonhoso ataque com bombas contra os professores em 29 de abril de 2016.

FEIURA – Como não bastasse, ninguém pode agora aproximar-se do painel de Poty que confere beleza ao lado esquerdo do Palácio Iguaçu, onde se localiza a vice-governadoria. Retirem o cerco e devolvam o espaço aos cidadãos!

FEIURA – O estacionamento de carros em frente ao Palácio Iguaçu serve apenas para enfear e poluir a vista. O estacionamento deveria ser subterrâneo e o espaço em frente ao palácio adornado por um jardim bem florido. Um pessegueiro sobre as vagas de carros do Gabinete da Casa Civil é o único recanto de beleza em meio à feiura do estacionamento.

BELEZA – As bandeiras brasileira e paranaense ao sabor do vento.

FEIURA – A tribuna, inspirada na rostra dos romanos, localizada aos pés dos imensos mastros que ostentam as bandeiras do Brasil e do Paraná, está pessimamente conservada. Tornou-se uma VERGONHA por causa do desleixo. Placas de mármore negro descolam (ou são furtadas) dos paredões ao redor das bandeiras, e não são repostas. Além disso, a cola branca usada para fixar as pesadas placas em seus lugares, sob a ação das intempéries vai escorrendo como se derramassem um galão de tinta sobre as mesmas. Como a administração do Palácio Iguaçu pode ser tão RELAPSA?

FEIURA – As cicatrizes do granito.

FEIURA – Granito faltante ao redor do espelho d’água que tem seu fundo encardido pela falta de limpeza. Cuidem-se para que isso não se torne um criadouro do mosquito da dengue.

 
FEIURA – O granito negro borrado de branco.

FEIURA – Detalhe do granito negro borrado de branco.

FEIURA – Ao fundo desse horroroso paredão quebrado, a porta de entrada ao Palácio Iguaçu.

FEIURA – Aquilo que poderia ser um cartão postal para o Palácio Iguaçu é uma demonstração de desleixo.

FEIURA – Seriam três mastros? Não; são dois; um deles é um poste com fios aéreos. O Centro Cívico foi concebido para ter fiação elétrica subterrânea. Por quê insistem em manter esses postes HORROROSOS em frente ao Palácio Iguaçu?

FEIURA – Postes antiestéticos, com fios aéreos, em frente ao Palácio Iguaçu.

FEIURA – Postes antiestéticos, com fios aéreos, em frente ao Palácio Iguaçu.

FEIURA – Belo poste antigo, com duas luminárias, em contraste com o poste vulgar ao fundo.

FEIURA – No Centro Cívico deveriam existir somente postes antigos, como o que se vê à esquerda. O poste mais à direita, com fios aéreos, não deveria existir neste local.

FEIURA – Poste com transformador enfeando o Centro Cívico.

FEIURA – Até isto...

BELEZA – Os jardins em frente ao Palácio Iguaçu. São belos por causa da grama e das  altas árvores, mas faltam-lhes flores coloridas.

BELEZA – Pessoas passeando com seus cães e pais com seus bebês: um belo compartilhamento do espaço urbano.

BELEZA – Um memorial para o governador Bento Munhoz da Rocha Netto, o idealizador e implantador do Centro Cívico de Curitiba.

FEIURA – Visto de perto, o memorial exibe as cicatrizes do DESLEIXO.

FEIURA – O estado de abandono do memorial.  

    
FEIURA – O estado de abandono do memorial. 

 
FEIURA – O estado de abandono do memorial.

FEIURA – Até o busto do governador está torto.

BELEZA - Na Praça Nossa Senhora da Salete estas três estátuas fazem referências à aparição de Maria na montanha de La Salette, nos Alpes franceses, em 19 de setembro de 1846, às crianças Maximin Giraud, de 11 anos, e Mélanie Calvat, de 15 anos. 

BELEZA - Para ver-se as estátuas de pedra, é preciso subir os degraus mostrados na foto.

FEIURA - Mas... como subir os degraus se três deles foram quebrados há anos e nunca consertados?

FEIURA - Há muitos anos este é o estado dos degraus da Praça Nossa Senhora da Salete, uma VERGONHA pelo DESLEIXO das autoridades competentes (incompetentes?).


BELEZA - Pobre e linda estátua de Mélanie Calvat, com os braços quebrados há anos.


FEIURA - Uma câmera de vídeo no local afugentaria os depredadores.


BELEZA - Esta praça, aberta ao público, foi fechada por infeliz iniciativa do deputado Aníbal Khuri (1924-1999). Muitos anos depois, as grades que a isolavam foram retiradas e o povo pôde voltar a desfrutar da beleza e calma do lugar, em frente à Assembleia Legislativa. 

BELEZA - A beleza da praça comentada na foto anterior.

FEIURA - Na mesma época em que Anibal Khury mandou cercar a Assembleia Legislativa, o presidente do Palácio da Justiça imitou-o e mandou isolar a praça em frente ao prédio que se vê à esquerda, na foto acima. E nunca mais esse belo espaço, tomado à população de Curitiba, voltou a se integrar aos jardins do Centro Cívico. Os presidentes do Tribunal de Justiça foram se sucedendo, mas nenhum deles se dispôs a devolver os jardins à população.

BELEZA - Vistos através da grades, os jardins do TJPR que foram furtados dos amplos espaços abertos do Centro Cívico. Grandioso e generoso será o presidente do TJPR que haverá de retirar essas horríveis grades que isolam os jardins.

FEIURA - O atual presidente do TJPR, Desembargador Renato Braga Bettega, mandou pintar as grades de branco (elas eram pretas) para que o isolamento da praça parecesse mais leve. Entretanto, só será "leve" quando essas grades forem retiradas dos jardins.

BELEZA - Do outro lado da rua, impera a liberdade de ir e vir.

BELEZA - Estátua de bronze de Nossa Senhora da Salete, com as mãos sempre com flores.

BELEZA - Placa no pedestal da estátua.

BELEZA - Nossa Senhora da Salete (Notre-Dame de la Salette).

BELEZA - Num passeio ao redor do Palácio Iguaçu (entre a lateral deste e o Tribunal de Contas), num caminho conhecido por bem poucas pessoas.

BELEZA - O gramado no passeio ao redor do Palácio Iguaçu.

BELEZA - Passeio ao redor do Palácio Iguaçu.

BELEZA - Passeio ao redor do Palácio Iguaçu.

BELEZA - Passeio pelos fundos do Palácio Iguaçu.


BELEZA - Dos fundos do Palácio Iguaçu avista-se a lateral severa do Tribunal de Contas.

BELEZA - Belo passeio pelos fundos do Palácio Iguaçu, apesar da feiura de sua "culatra".

BELEZA - Entre o gramado dos fundos do Palácio Iguaçu e os jardins em segundo plano pertencentes ao Museu Oscar Niemeyer (MON), há um nicho que é a Rua Deputado Mário de Barros. Logicamente o MON é uma das belezas do Centro Cívico, porém não o incluí neste artigo por estar considerando apenas o espaço do Palácio Iguaçu à Prefeitura.

BELEZA - Seria maravilhoso se a Prefeitura unisse através de uma passarela, o gramado dos fundos do Palácio Iguaçu com o gramado dos Edifícios das Secretarias e do MON.

FEIURA - O DESLEIXO da placa de ponta-cabeça.

Primeiro lance da descida para o nível da rua.

Segundo lance da descida para o nível da rua.

Rua Deputado Mário de Barros, sobre a qual deveria haver uma passarela unindo os gramados de ambos os lados. Favor anotar, IPPUC! Favor observar e refletir, senhor atual prefeito Rafael Greca de Macedo.

FEIURA - Um pequeno muro quase desabando sobre a calçada da Rua Deputado Mário de Barros.

BELEZA - O jardim da Praça da China (rotatória entre as ruas Marechal Hermes e Deputado Mário 
de Barros).

BELEZA e FEIÚRA - A beleza da estátua de Confúcio e a feiura do prédio ao fundo, associado aos horrendos fios elétricos aéreos.

BELEZA - Detalhe do painel de Rogério Dias na Praça do Rio Iguaçu.

BELEZA - Da Praça do Rio Iguaçu, no Centro Cívico, olhando aos prédios do Juvevê.

BELEZA - Exemplo, no Centro Cívico, de arquitetura da década de 70 do século XX (à esquerda), e da década de 10 do século XXI (à direita).

-o-

Um comentário:

  1. Uma querida amiga, Marilena Wolf De Mello Braga, fez uma apreciação no meu mural do Facebook ao assunto acima, com a agudeza de visão da jornalista que é e que cobriu os três poderes por 22 anos, o Estadual e o Municipal, como articulista diária do jornal O Estado do Paraná, e que residiu num belo edifício do Centro Cívico, de cuja janela acompanhou todas as modificações, às vezes mutilações, que foram sendo feitas sobre aquele espaço “nada cívico, que contraria em tudo a ideia original”. Dali também assistiu a manifestações populares de repúdio a vários e diferentes governos. Tão interessante é o que Marilena descreve, sobretudo por seu profundo sentido político e histórico, que tomo a liberdade de transcrever adiante, para que possa estar à disposição, através da internet, de possíveis pesquisadores da História do Paraná:
    -
    “Bem minucioso olhar. Morei 23 anos em frente ao Centro Cívico, no Ed. Porto Alegre. Vi todas as transformações e a área se transformar em depósito de carros. Os jardins originais eram de painas altas, vegetação única em Curitiba. Foram arrancadas para o estacionamento do TJ, que como bem diz você, foi roubado da municipalidade. Era espaço aberto, meus filhos aprenderam a andar de bicicleta ali. As grades do TJ surgiram depois das que foram colocadas na AL, ambas as áreas isoladas por motivo de COVARDIA. A Assembleia foi invadida uma vez, durante sessão plenária e Anibal Curi mandou erguer grades. Tempos depois foi a vez do TJ ser apedrejado, tendo algumas janelas quebradas. Vieram mais grades e isolamento. As agressões voltaram no ano 2001, e ali funcionava também o MP, que depois se mudou para sede própria nos "prédios das secretarias", na Mário de Barros. Assim como o TJ foi reformado, com entrada pela rua de trás, único endereço naquele trecho estranho, onde tudo ficava (fica) de costas para a rua. Aquele terror de arquitetura barata, com a fonte estagnada e o pedestal para os mastros de bandeiras, em frente ao Palácio Iguaçu, é obra do Mario Pereira, governador tampão (de quem mesmo?). Fez uma breguice interiorana no Iguaçu, deixando sua marca. Sem contar que houve tempo em que aquela área toda foi cercada também, por causa dos acampamentos dos sem-terra. Isso já era uma demonstração da terra mesquinha em que nos estávamos tornando, que culminou nessa odiosa República de Curitiba. Abraços, caro Francisco Souto Neto, muito mais há sobre esse pedaço nada cívico, que contraria em tudo a ideia original, que conheço bem, pois meu pai foi o Secretário dos Negócios de Governo do Bento (assim se chamava a Casa Civil), e seguiu todo o passo a passo do magnífico projeto”.

    ResponderExcluir