Detalhe do tríptico O Jardim das Delícias Terrenas, de Bosch,
no Museu do Prado.
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Iza Zilli
Comendador Francisco
Souto Neto
Madrí e Salamanca
Francisco Souto Neto
Em Madri, o Palácio Real e
o Museu do Prado
Chegamos
ao Aeroporto de Barajas, em Madrí, no meio da tarde de um ameno início do outono
europeu. Hospedamo-nos na Gran Via, junto às galerias de arte que expõem os
mais importantes artistas plásticos europeus contemporâneos, no vértice de um
triângulo imaginário cujas outras pontas tocam o Palácio Real e o Museu do
Prado.
Francisco Souto Neto e Rubens Faria Gonçalves em frente ao Palácio
Real de Madrí
Interior do Palácio Real de Madrí: o salão dos tronos do rei
e rainha da Espanha.
O Palácio Real… ele é o maior de toda a
Europa Ocidental, ocupando uma extensão de 135.000m2, com três andares e quatro
entrepisos. A fachada mede 130 metros de extensão por 33 de altura. Conta com
870 janelas e 240 balcões. O Salão dos Tronos é esplendoroso. Na sua
coleção de instrumentos musicais há um violino Stradivarius.
Quanto ao Museu do Prado, o acervo é admirabilíssimo,
com seus El Greco, Goya, Velázquez, Paul Rubens, Van Dyck… e a Guernica de
Picasso. Dentre todos os tesouros lá expostos, provavelmente o Jardim das
Delícias Terrenas, um delirante tríptico de Bosch, era o que mais atraía minha
curiosidade.
Abaixo, pode-se ver o referido tríptico,
seguido de alguns detalhes que selecionei para a curiosidade dos leitores. É
preciso lembrar que Hieronymus Bosch, o autor de O Jardim das Delícias
Terrenas, viveu de 1450 a 1516, isto é, há mais de seis séculos. É incrível que
tal tríptico tenha sobrevivido à sanha destruidora dos fundamentalistas da
Igreja Católica daquele tempo.
O tríptico “Jardim das Delícias Terrenas”, de Hieronymus Bosch.
Detalhe.
Detalhe.
Detalhe.
Detalhe.
Detalhe.
Detalhe.
Detalhe.
Entretanto, um dos nossos objetivos
principais na Espanha era uma visita à cidade de Salamanca, terra dos
antepassados do meu companheiro de viagem Rubens Faria Gonçalves.
Salamanca,
berço do plateresco
Dois ou três anos antes de partir para a
viagem que o levaria a descobrir a América, Cristóvão Colombo esteve em
Salamanca para realizar conferência sobre geografia, astronomia, cartografia e
algumas outras ciências ligadas às suas teorias a respeito de um novo caminho
marítimo para as Índias. Naquela ocasião Salamanca já contava com mais de dois
séculos de tradição universitária. Aliás, a Universidade de Salamanca, nos
séculos XIV e XV, era tão importante quanto as de Paris e Oxford.
A
cidade guarda monumentos de rara beleza, como a velha catedral em estilo
românico, do século XII, e a “nova”, gótica, do século XVI. A Plaza Mayor,
construída no século XVIII, é exemplo de um dos mais felizes momentos da
arquitetura espanhola, verdadeiro orgulho da Espanha.
Sob o nome de Salamânica, a cidade já
existia, sob o domínio de Roma, no ano 220 a.C. Ela é, portanto, uma cidade que
existe há mais de dois mil anos. Apesar de saqueada e semidestruída pelas
terríveis tropas de Aníbal, foi reconstruída pelos romanos. Ainda há vestígios
destes, em muros e pontes.
No século XVIII, o ouro e principalmente
a prata vindos da América, serviram para enriquecer conventos, palácios e
igrejas. Foi aí que surgiu em Salamanca um estilo arquitetônico único, que
existe somente ali: o plateresco. Esse nome vem dos artesões da prata (plata em
espanhol), que eram os plateros.
O plateresco nos tetos das igrejas, nas
grandes fachadas das antigas construções e em colunas, é uma delicada
ornamentação esculpida na pedra. Extraordinariamente complexa, como se vê
nas fotos que ilustram este artigo.
Atrás de Rubens Faria Gonçalves, a Catedral Nova (séc. XVI).
Souto Neto filmando a fachada plateresca da Catedral Nova
(séc. XVI).
Detalhe do pórtico plateresco da Catedral Nova.
Teto plateresco da Catedral Nova.
Teto plateresco da Catedral Nova.
Salamanca tem hoje 145 mil habitantes,
mas é uma das mais visitadas cidades da Espanha. É moderna e movimentada,
embora seu traçado permaneça medieval, com ruas curvas e estreitas no seu setor
antigo. A sua famosa e antiga universidade aqui permanece atuante, atraindo
jovens não somente da Espanha, como um dos mais respeitados centros de estudos
de todo o mundo.
-o-
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