quarta-feira, 19 de julho de 2017

MADRI E SALAMANCA, por FRANCISCO SOUTO NETO para o PORTAL IZA ZILLI.

Detalhe do tríptico O Jardim das Delícias Terrenas, de Bosch, no Museu do Prado.

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Comendador Francisco Souto Neto

Madrí e Salamanca

Francisco Souto Neto


Em Madri, o Palácio Real e o Museu do Prado
     

        Chegamos ao Aeroporto de Barajas, em Madrí, no meio da tarde de um ameno início do outono europeu. Hospedamo-nos na Gran Via, junto às galerias de arte que expõem os mais importantes artistas plásticos europeus contemporâneos, no vértice de um triângulo imaginário cujas outras pontas tocam o Palácio Real e o Museu do Prado.

Francisco Souto Neto e Rubens Faria Gonçalves em frente ao Palácio Real de Madrí

 
Interior do Palácio Real de Madrí: o salão dos tronos do rei e rainha da Espanha.

       O Palácio Real… ele é o maior de toda a Europa Ocidental, ocupando uma extensão de 135.000m2, com três andares e quatro entrepisos. A fachada mede 130 metros de extensão por 33 de altura. Conta com 870 janelas e 240 balcões. O Salão dos Tronos é esplendoroso. Na sua coleção de instrumentos musicais há um violino Stradivarius.

       Quanto ao Museu do Prado, o acervo é admirabilíssimo, com seus El Greco, Goya, Velázquez, Paul Rubens, Van Dyck… e a Guernica de Picasso. Dentre todos os tesouros lá expostos, provavelmente o Jardim das Delícias Terrenas, um delirante tríptico de Bosch, era o que mais atraía minha curiosidade.

       Abaixo, pode-se ver o referido tríptico, seguido de alguns detalhes que selecionei para a curiosidade dos leitores. É preciso lembrar que Hieronymus Bosch, o autor de O Jardim das Delícias Terrenas, viveu de 1450 a 1516, isto é, há mais de seis séculos. É incrível que tal tríptico tenha sobrevivido à sanha destruidora dos fundamentalistas da Igreja Católica daquele tempo.

O tríptico “Jardim das Delícias Terrenas”, de Hieronymus Bosch.

 
Detalhe.

Detalhe.

 
Detalhe.

 
Detalhe.

Detalhe.

 
Detalhe.

 
Detalhe.

       Entretanto, um dos nossos objetivos principais na Espanha era uma visita à cidade de Salamanca, terra dos antepassados do meu companheiro de viagem Rubens Faria Gonçalves.

Salamanca, berço do plateresco

       Dois ou três anos antes de partir para a viagem que o levaria a descobrir a América, Cristóvão Colombo esteve em Salamanca para realizar conferência sobre geografia, astronomia, cartografia e algumas outras ciências ligadas às suas teorias a respeito de um novo caminho marítimo para as Índias. Naquela ocasião Salamanca já contava com mais de dois séculos de tradição universitária. Aliás, a Universidade de Salamanca, nos séculos XIV e XV, era tão importante quanto as de Paris e Oxford.

       A cidade guarda monumentos de rara beleza, como a velha catedral em estilo românico, do século XII, e a “nova”, gótica, do século XVI. A Plaza Mayor, construída no século XVIII, é exemplo de um dos mais felizes momentos da arquitetura espanhola, verdadeiro orgulho da Espanha.

       Sob o nome de Salamânica, a cidade já existia, sob o domínio de Roma, no ano 220 a.C. Ela é, portanto, uma cidade que existe há mais de dois mil anos. Apesar de saqueada e semidestruída pelas terríveis tropas de Aníbal, foi reconstruída pelos romanos. Ainda há vestígios destes, em muros e pontes.

      No século XVIII, o ouro e principalmente a prata vindos da América, serviram para enriquecer conventos, palácios e igrejas. Foi aí que surgiu em Salamanca um estilo arquitetônico único, que existe somente ali: o plateresco. Esse nome vem dos artesões da prata (plata em espanhol), que eram os plateros.

       O plateresco nos tetos das igrejas, nas grandes fachadas das antigas construções e em colunas, é uma delicada ornamentação esculpida na pedra. Extraordinariamente complexa, como se vê nas fotos que ilustram este artigo.

Atrás de Rubens Faria Gonçalves, a Catedral Nova (séc. XVI).

Souto Neto filmando a fachada plateresca da Catedral Nova (séc. XVI).

 
Detalhe do pórtico plateresco da Catedral Nova.

 
Teto plateresco da Catedral Nova.

 
Teto plateresco da Catedral Nova.

       Salamanca tem hoje 145 mil habitantes, mas é uma das mais visitadas cidades da Espanha. É moderna e movimentada, embora seu traçado permaneça medieval, com ruas curvas e estreitas no seu setor antigo. A sua famosa e antiga universidade aqui permanece atuante, atraindo jovens não somente da Espanha, como um dos mais respeitados centros de estudos de todo o mundo.


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