Interior da Igreja Expiatória da Sagrada
Família (Barcelona) em 2017
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Iza Zilli
Comendador Francisco
Souto Neto
A incrível Igreja Expiatória da Sagrada
Família, de Gaudí, em Barcelona.
Francisco Souto Neto
Antoni Gaudí (Antoni Placid Gaudí i Cornet) em foto de 15 de
março de 1878, Barcelona, foi um famoso arquiteto catalão.
No final da década de 70 desembarquei em
Barcelona, na Catalunha, com um objetivo principal: conhecer a Igreja
Expiatória da Sagrada Família, obra iniciada (e ainda inacabada) em 1884 por um
dos mais controversos arquitetos de todos os tempos, e o mais importante da
Espanha: Antoni Gaudí (1852-1926).
Decidido a construir a maior e mais
inovadora catedral do mundo, e antevendo que a obra duraria séculos, ocorreu a Gaudí que a fachada leste – a Fachada da Natividade – deveria ser levantada antes das
demais e completada ainda durante a sua geração. Deu início à construção em
1884, trabalhando nisso ao longo de ininterruptos 40 anos, até ver as primeiras
quatro torres prontas, adornadas com a sua Porta da Fé, Esperança e Caridade, e
sentiu-se satisfeito com a conclusão da primeira parte da obra.
Início da construção, por volta de 1890.
A Sagrada Família em 1892.
Antes do fim do século XIX, com uma parede lateral à
esquerda (que será a parede da abside) e o começo da Fachada da Natividade,
aqui vista do seu lado interno.
Parte interna da Fachada da Natividade por volta de 1899-1900.
A elevação das quatro primeiras torres, de um total
previsto de dezoito torres.
Em 1935, as quatro primeiras torres concluídas
Detalhe da Fachada da Natividade.
Gaudí morreu aos 74 anos atropelado por
um bonde, e as obras pararam. Somente após a Guerra Civil Espanhola, a
construção foi retomada, mas muito lentamente, porque sem apoio governamental,
apenas com doações dos visitantes.
No final da década de 70, eu em
Barcelona:
Francisco Souto Neto
numa ponte entre duas torres.
Perigosos caminhos
externos entre as torres. Foto Souto Neto.
As paredes da futura
abside era tudo o que existia entre os dois conjuntos a céu aberto das torres.
As quatro torres da Fachada
da Natividade.
Detalhe da Fachada da
Natividade.
Na minha primeira visita ao templo, a
construção das quatro torres da fachada oeste já tinha alcançado o seu ápice,
mas estava ainda em obras. A entrada fazia-se pela Fachada da Natividade.
Galgando as alturas
Naquela ocasião, a igreja apresentava-se
assim: de um lado, as quatro torres da fachada leste; do outro, as quatro
torres da oeste... e todo o espaço entre tais fachadas estava a céu aberto, com
grama no seu centro vazio!
Maquete que mostra as oito torres separadas
de quatro em quatro em 1980. Fachada da Natalidade.
A Fachada da Paixão em
construção em 1980. Fachada da Paixão.
Eram, portanto, duas fachadas isoladas,
monumentais em altura e beleza, mas que pareciam cenários de teatro. Com a
altura de 125 metros, equivaliam a um prédio de cerca de 40 andares. A entrada
à igreja fazia-se pela Fachada da Natividade, que é a original de Gaudí.
O elevador da torre da Natividade não
estava funcionando, e eu me dispus a subir os 400 degraus para poder apreciar o
panorama de Barcelona. Mais que isto, a escalada serviu para que eu pudesse
observar o espetáculo visual sem precedentes da construção de Gaudí, e sentir de
perto a magnificência das suas paredes de pedra.
Estive também na cripta, onde está Gaudí
enterrado, e vi a maquete do que será a igreja quando pronta, com uma torre
central ainda mais alta do que as anteriores, projetada para ter 170 metros de
altura, mais do que um prédio de 50 andares.
Maquete que prevê como
será a igreja quando concluída. A entrada será feita pela Fachada da Glória, que
ainda não existe.
Aspecto de como ficará a
Igreja Expiatória da Sagrada Família quando for inaugurada em 2026.
Num desvairio de formas arquitetônicas que lembram a Natureza, tais como troncos de
árvores e folhas, toda a construção e as esculturas são feitas em pedra. Lembro-me
de que, naquela ocasião, embora ainda muito jovem e viajando com apertada
economia, não resisti ao entusiasmo e emoção ante a beleza da obra e fiz uma
doação espontânea ao cofre da igreja, pensando: “quero ajudar na construção
deste templo fantástico, nem que seja com o equivalente a uma modesta pequena
pedra”.
A Fachada da Paixão
Só em 1991 retornei a Barcelona, agora
na companhia do meu amigo Rubens Faria Gonçalves, e ambos logo rumamos à
Sagrada Família. A Fachada da Paixão (lado oeste) já estava inaugurada, e por
ali é que agora se fazia a entrada dos visitantes, em oposição à outra fachada,
original de Gaudí, onde é relatada na pedra a alegria do nascimento de Jesus, a
nova fachada evoca desolação, dor, sacrifício e a morte de Cristo.
Em 1987, nomeado pela Junta de
Construção, o escultor Josep María Subirachs começou a fazer a parte
escultórica da nova fachada, mas impôs a condição de não imitar Gaudí para não interferir
nem copiar o estilo da fachada original, deixando claro aquilo que era criação
do genial Gaudí (isto é, a Fachada da Natividade), e o que seria dos artistas
dos tempos por vir. E deste modo as esculturas de Subirachs resultaram
“descarnadas”... e polêmicas. Mas não são justamente a polêmica e a inovação
que costumam movimentar a arte? A mim, o resultado pareceu interessantíssimo.
Aspecto da nova Fachada
da Paixão.
Detalhe dos conjuntos
escultóricos da Fachada da Paixão.
Figura sofrida na
Fachada da Paixão.
O beijo de Judas em
Jesus.
Jesus coroado de
espinhos.
Jesus coroado de
espinhos (detalhe).
Apesar da mudança de estilo das novas
estátuas (pois Subirachs é nosso contemporâneo), está em harmonia com a
arquitetura da igreja, que é toda de Gaudí. Quando for erguida a terceira
fachada, que será a frente da igreja, certamente algum artista – que talvez
hoje não tenha ainda nascido – irá esculpir conforme os ditames do futuro.
Atrás de Francisco Souto
Neto, duas novas torres da igreja (1991).
Rubens Faria Gonçalves
na ponte entre duas torres (1991).
Na segunda sacada de
baixo para cima vê-se Rubens Gonçalves. Essas paredes no futuro serão INTERNAS,
isto é, ficarão DENTRO da igreja. Observem-se as torres acima.
Subimos os 400 degraus da torre e imaginei
que era a última vez em toda a vida que eu me dispunha a fazer tal esforço.
A visita de 2001
Em 2001 estive outra vez em Barcelona, e
novamente com Rubens Gonçalves, meu velho companheiro de viagens. E é claro que
logo acorremos à Igreja Expiatória da Sagrada Família.
A construção avançou muito. Agora as
duas fachadas laterais estão unidas pelo teto da futura nave central do templo.
Ficamos longamente observando o trabalho ruidoso dos construtores serrando
grandes blocos de pedra e erguendo altíssimas colunas. Pensei, assombrado, que
estávamos tendo o raro privilégio de acompanhar alguns dos passos da construção
da “Catedral dos Pobres” – a Sagrada Família é também assim conhecida, porque
vive e cresce de pequenas “esmolas” doadas pelo povo.
Rubens Faria Gonçalves na
Fachada da Natividade em 2001.
Francisco Souto Neto pela
terceira vez subindo os 400 degraus em 2001.
Uma das alegorias das
torres, vista de trás.
Souto Neto na ponte
entre as duas torres em 2001.
Rubens observando a
paisagem.
As quatro torres do
outro lado e, à esquerda, avança a construção entre elas.
Abaixo, a parede da
abside que existe desde o século XIX, e à esquerda vê-se a construção que sobe.
A construção que sobe
entre as torres.
A construção no centro
da igreja.
Vimos o local onde se erguerá a Fachada
da Glória e a torre do domo central que, de tão alta (170 metros) “tocará o
céu”. Talvez seja concluída em 2026, quando então deverá ser a maior e mais
alta igreja do mundo.
Como de hábito, mais uma vez
dispusemo-nos a subir as quatro centenas de degraus de uma das torres. A subida
é muito divertida, cheia de paradas para observar a um ou outro detalhe. A meia
altura, as torres intercomunicam-se através de uma ponte de pedra. As escadas
espiraladas estão sempre coalhadas de turistas. Quando alguém ultrapassa, é
preciso que o outro se encoste à parede para abrir espaço. Sobe-se por uma
escada e desce-se por outra. Chegar ao alto da torre é tão maravilhoso que o
turista logo se esquece do cansaço da subida.
Além de Gaudí
A Sagrada Família foi “apenas” a última
construção de Gaudí. As obras do assombroso arquiteto espalham-se para além da
Catalunha. Por exemplo, até mesmo a Catedral de Palma de Majorca (onde estive
há quatro anos) tem o altar projetado por Gaudí.
Além disso, Barcelona não é “somente
Gaudí”. Trata-se de uma cidade riquíssima, a segunda da Espanha em população,
que rivaliza com a capital daquele país em cultura e beleza. Eu,
particularmente, gosto muito mais de Barcelona do que de Madri. Seus habitantes
não se consideram espanhóis. Barcelona, capital da Catalunha (região que aspira
se separar da Espanha) quer ser a capital do “país catalão”. Até língua própria
eles têm, que é, obviamente, o catalão, e nem mesmo gostam de falar o espanhol.
Questões políticas à parte, eu penso
mesmo é em um dia voltar a Barcelona para “fiscalizar” os progressos da
construção e ter ainda vigor bastante para dispensar o elevador e subir os 400
degraus da extraordinária, esplendorosa e monumental Igreja Expiatória da
Sagrada Família.
Abaixo, fotografias encontradas na internet
dão conta de quão fascinante está se tornando o interior do templo. Como em
Gaudí a arquitetura deve seguir as linhas curvilíneas da Natureza, as colunas
assemelham-se a troncos de árvores e as cores da pintura, bem como os reflexos
dos vitrais, tornam a Sagrada Família um verdadeiro delírio de beleza e
originalidade.
ABAIXO, 12 FOTOS ATUAIS (2017), UMA
DO EXTERIOR E AS 11 RESTANTES DO SURPREENDENTE INTERIOR DA IGREJA EXPIATÓRIA DA
SAGRADA FAMÍLIA:
Adiante, um filme que mostra como continuará sendo erguida a Sagrada Família até à sua finalização em 2026:
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Questões políticas à parte, eu penso mesmo é em um dia voltar a Barcelona para “fiscalizar” os progressos da construção e ter ainda vigor bastante para dispensar o elevador e subir os 400 degraus da extraordinária, esplendorosa e monumental Igreja Expiatória da Sagrada Família.
ResponderExcluirEspero que você possa voltar à Barcelona. E se quiser podemos ir juntos fiscalizar as obras da Sagrada Família. Saludos primo.
Quem será "Unknown" acima? Acredito que é a minha querida prima Luciana Reis, que vive na Espanha. Acertei? Seria divertidíssimo explorarmos as novidades da Igreja Expiatória. Um beijo!
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