PORTAL IZA ZILLI
Iza Zilli
Comendador Francisco
Souto Neto
Rouen: Joana d'Arc, a Catedral e a Igreja das Pedras que Caem
Francisco Souto Neto
Visitei
a cidade francesa de Rouen na companhia de Rubens Faria Gonçalves. Ambos
desejávamos passar alguns dias na histórica cidade, explorando seus aspectos
culturais, principalmente a sua arquitetura. Eu, em particular, tinha
curiosidade em conhecer os locais historicamente marcados por Joana d’Arc.
FOTO 1 – A sinistra torre onde Joana
d’Arc foi torturada e estuprada antes de ser mandada para a fogueira.
FOTO 2 – O local onde Joana d’Arc foi
queimada viva, é hoje marcado por um jardim de petúnias vermelhas que, ao
vento, assemelham-se a chamas em movimento. A placa, “Le Bucher (A Fogueira)”
diz: "Local onde Joana d’Arc foi queimada em 30 de maio de 1431”.
Nós visitamos a sinistra torre em que a santa de Orleans foi torturada, o local – hoje marcado por um canteiro de flores e uma imensa cruz – em que foi morta na fogueira e a igreja onde, anos depois, sua memória foi reabilitada.
A catedral
Rumamos à catedral, e à medida em que a alcançávamos, eu perdia o fôlego ante a
beleza das torres desse obra-prima do gótico francês. Ela é quase um delírio de
vários arquitetos da Idade Média que, em diferentes épocas, realizaram suas
múltiplas e altíssimas torres desiguais. No ano de 1200 ela sofreu um grande
incêndio, e a reconstrução foi financiada pelo famoso João Sem Terra, Duque da
Normandia e Rei da Inglaterra. A agulha central é gigantesca, neogótica, em
ferro fundido.
Meu amigo Rubens observou que aquela mistura de tantas torres de diversos
formatos e alturas numa fachada retilínea, chegava a ser uma confusão.
Concordei, dizendo-lhe: “Para mim, é um forrobodó arquitetônico”. Fomos então
contornando a catedral, procurando pela famosa Fachada Oeste, a preferida de
Monet, tantas vezes retratada pelo velho mestre impressionista. Monet tinha
razão ao dizer que aquele lado da igreja era o seu predileto. Tal fachada é
simétrica, com um rendilhado extraordinário e a rosácea magnífica. Rubens
gostou demais e disse que, não fossem os excrementos de pombos ali no chão, ele
se deitaria para melhor apreciar aquele espetáculo monumental. De tanto olhar
para cima, chegamos a sentir-nos tontos. Tiramos muitas fotos do exterior do
templo.
FOTO 3 – As diversas torres da incrível fachada principal da Catedral de Rouen, um verdadeiro delírio arquitetônico.
FOTO 4 – Fachada Oeste da Catedral de
Rouen, com duas torres, era a predileta de Monet.
FOTO 5 – Souto Neto em frente à
Fachada Oeste, para que se tenha uma impressão das dimensões da porta.
Por
dentro, ela não é menos fantástica. Um dos destaques, visto só com visitas
guiadas, é o túmulo onde está enterrado o coração de Ricardo Coração de Leão.
Acima da lanterna da torre central fica a já mencionada agulha neogótica,
cercada de três outras torres secundárias. Falta a quarta torre, que desabou
durante um vendaval há cerca de 20 anos, atravessou o teto e caiu quase sobre o
altar. Há uma exposição permanente com fotos do estado em que ficou a igreja e
do processo da sua restauração.
St. Ouen, a igreja das pedras que
caem
Há na cidade, várias outras igrejas de estonteante beleza. Uma delas é a St.
Ouen, cuja construção começou em 1318 e terminou no século 15. Enegrecida pelo
tempo, tem toda a fachada interditada e placas que afastam os transeuntes com
as seguintes palavras: “PERIGO – PASSAGEM PROIBIDA – QUEDA DE PEDRAS”. Tal como
em outra igreja que tínhamos visto na cidade de Honfleur, também nesta há
blocos imensos que, vez ou outra, se desprendem, espatifando-se no
solo. Imaginamos que se por fora estava em total degradação – apesar da
beleza extraordinária – o interior deveria estar cheio de teias de aranha e
ratos.
FOTO 6 – Fachada da Igreja
de St-Ouen
FOTO 7 – À esquerda, a prefeitura de
Rouen. À direita, o lado norte da Igreja de St-Ouen.
FOTO 8 – Lado sul da Igreja de
St-Ouen. A placa branca adverte: "ATENÇÃO: PASSAGEM PROIBIDA. QUEDA DE
PEDRAS". A parede negra, atrás de Francisco Souto Neto, é de pedras
encardidas pela passagem dos séculos.
FOTO 9 – Atrás de Rubens Faria
Gonçalves, os fundos da Igreja de St-Ouen, onde as pedras estão limpas,
restauradas, diferentes da fachada e do lado sul, onde as pedras são negras de
tão velhas e donde às vezes se desprendem.
Contornando a igreja, vimos que pessoas entravam nela por uma porta lateral,
onde não havia placa de perigo ou passagem proibida. Eu me senti muito curioso
e entrei, não sem antes dar uma olhadinha para os blocos de pedras acima da
minha cabeça, enquanto o desconfiado Rubens preferiu esperar do lado de fora.
Que contraste: o interior, grandioso, estava totalmente restaurado, com as
paredes limpas, e tudo impecável. A luz penetrava gloriosamente através dos
vitrais, recaindo sobre o órgão de impressionantes dimensões, e fazendo
fulgurar as esculturas folheadas a ouro. Chamei pelo Rubens que entrou,
admirado ante o contraste do exterior, que está desmoronando, com o
deslumbrante interior da igreja.
Muito em breve, sem dúvida, St. Ouen não será mais a “igreja das pedras que caem”, porque suas paredes exteriores serão também restauradas, as pedras seculares fixadas e o templo brilhará por mais mil anos.
TRÊS FILMES FEITOS EM ROUEN NA MESMA OCASIÃO:
1º - Viagem a Rouen. Hotel du Morand.
A fogueira de Joana d’Arc:
2º - Vítimas da Gestapo, Torre onde
Joana d’Arc foi torturada, o Velho Mercado, Igreja de Joana d’Arc:
3º - L’Abbaye de Saint Ouen (a
incrível Igreja das Pedras que Caem):
-o-
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluirQuerido Padrinho. Como sempre, o texto está irretocável e nos faz suscitar as imagens mesmo que não houvesse fotos ilustrativas, tal qual é a clareza e fluidez do texto!
ResponderExcluirQuerida Dione Mara, obrigado pelos elogios. Continue viajando como você tem feito, e também através das memórias deste seu
Excluirpadrinho. Beijo!
Faço das suas palavras as minhas em reconhecimento do texto conciso e claro de seu padrinho, amigo meu.
ExcluirUma das viagens que quero fazer pois ela é uma inspiração para mim. O artigo está incrível!
ResponderExcluir