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BEM-VINDO O TOQUE DE RECOLHER NO PARANÁ
e
UMA CRÍTICA AO PREFEITO DE CURITIBA.
Francisco
Souto Neto
Em outubro estávamos numa linha decrescente de
contaminações e mortes pela covid-19. A pandemia vinha diminuindo, entretanto é
óbvio que permanecia tão perigosa quanto letal. Porém no “feridão” do Dia de
Finados curitibanos resolveram descer a serra para passear nas praias
paranaenses. Escrevi sobre isso: muitas pessoas acreditando na miragem de que
estávamos quase livres da pandemia, resolveram relaxar no protocolo de
recomendações de segurança. Assisti pela televisão a reprováveis cenas de
praias lotadas não só no Paraná, mas em todo país, e bares repletos de pessoas
ignorando a necessidade do isolamento social. Somando-se o mencionado
“feriadão” às aglomerações do dia das eleições, era previsível que sofreríamos
um retrocesso sob o aspecto epidemiológico ao longo de novembro.
Na noite de 20 de novembro – portanto há apenas dez
dias, quando a pandemia já estava em meteórica ascensão em Curitiba e no Paraná
– assisti a um pronunciamento do prefeito Rafael Greca através do programa Boa
Noite Paraná pela RPC, que me aborreceu. Num desagradável tom professoral, com
aquele ar de superioridade bem irritante que é peculiar a esse prefeito, disse
ele, ipsis literis: “Não me move a
vontade de implantar restrições na cidade. Eu sou um profissional do cuidado.
Eu não estou no mundo pra contar culpados. Mas eu quero chamar você [com dedo
em riste] a cooperar com a cidade. As medidas restritivas só serão tomadas se
houver abusos”. Todavia abusos estavam acontecendo há muito. Só Rafael Greca não via. E mesmo com os
índices de contaminações subindo verticalmente, continuava o prefeito com sua
conversa mole, obviamente cego às evidências e preocupado principalmente com os
empresários que sabem muito bem como encurralá-lo para que ele tome decisões mais
favoráveis àquela classe. Nós, a população em geral, não estamos interessados no
“Natal de Luz”, aquele capricho de luzes e cores ontem anunciado pelo prefeito.
O tempo não é para comemorações, mas para juntar recursos com a finalidade de
aumentar o socorro àqueles que precisarão de leitos de UTI nas próximas semanas
ou meses.
Rafael Greca disse ainda na noite de 20 de novembro: “Também não é verdade que nós cancelamos da agenda da cidade a pandemia durante o tempo eleitoral. O site covid-19 e todo mobiliário urbano, e também as comunicações da Secretaria da Saúde foram mantidas, e por esse registro é que nós sabemos que estávamos com 700 casos por dia, no outro dia tivemos 900 e ontem infelizmente [e com um “dar de ombros” como quem quer dizer “não tenho culpa”] tivemos 1300”. Agora, 1º de dezembro, quando escrevo este artigo, já são mais de 1500 casos diários, e é óbvio que se o prefeito tivesse imposto medidas restritivas bem mais severas e há mais tempo, não estaríamos nesta atual situação aflitiva. Se eu e tantos outros prevíamos, há um mês, as consequências nefastas de um afrouxamento às medidas necessárias, como o prefeito vem empolado declarar que “não me move a intenção de implantar restrições à cidade”? Na verdade, neste recrudescimento da pandemia, restrições são sem dúvida necessárias. Podem ser casos de vida ou morte.
Abaixo, uma sequência de fotografias que fiz em 1º.12.2020 da tela do meu televisor, no momento em que eram divulgados pela RPC os índices que mostram o crescimento explosivo do coronavírus em Curitiba durante o mês de novembro.
Hoje, felizmente, tivemos a primeira decisão do
governo estadual no sentido de tentar conter a propagação da covid-19, que
decretou a partir de amanhã toque de recolher em todo o Estado do Paraná. Amanhã o decreto será publicado, e espero que não apenas "recomende", mas determine, isto é, imponha a obrigação dos cidadãos paranaenses ao toque de recolher. Das
22 horas às 5 da manhã, ninguém poderá circular pela cidade, excetuados,
logicamente, os casos de comprovada necessidade. Alguns municípios, hoje mesmo,
1º de dezembro, já decretaram a cobrança de multas; por exemplo em Umuarama a
multa será de até R$5 mil; em Cianorte será o dobro: R$10 mil às pessoas
físicas que desobedecerem. Vamos ver se Greca terá a coragem de também cercear eventuais
infratores aplicando-lhes multas em caso de desobediência. Não adianta as
autoridades apenas afirmarem – e pelo menos isto fazem com determinação – que
as pessoas precisam colaborar praticando o distanciamento social, usando
máscara e álcool gel, pois o que não falta em grande número são cidadãos
relapsos e indisciplinados, que só “colaborarão” se forem forçados a agir
civilizadamente ao sentirem-se ameaçados por multas.
Beto Preto, Secretário de Estado da Saúde, em
pronunciamento há pouco, mostra-nos boa vontade no combate ao coronavírus,
apesar da imposição do governador Ratinho Júnior pela proteção – prioritária? – aos
interesses dos empresários.
Em suma, a situação apresenta-se gravíssima para
nós. E se contaminações e mortes continuarem num crescendo, teremos que
pressionar as autoridades por um confinamento ou isolamento total do Paraná – isto
é, pelo lockdown.
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Oi, Padrinho. Muito bom o artigo e esclarecedor. As autoridades têm o dever de cuidar da população e tomar medidas drásticas para a contenção. Já passa da hora das pessoas terem consciência dos riscos que todos estão correndo.
ResponderExcluirOi, querida Mara. Muito grato por você ter escrito. Isso mesmo! Nós estamos agindo corretamente. Eu só saio de casa para fazer compras, quando necessárias, no mercado e na farmácia, num raio de aproximadamente 200 metros da minha residência. Sempre usando máscara e luvas.
ExcluirNada como respeitar as recomendações de nossos médicos a respeito, em lugar de darmos ouvido a governos ou políticos. Cabe às autoridades o dever de conscientizar os incautos de como evitar os riscos de contágio, bem como ensiná-los a proteger a própria saúde e a dos outros.
ExcluirCaro Bevilacqua, obrigado por se manifestar. Acredito que seja assim como você opina. Políticos, quando com os mesmos posicionamentos pífios do presidente da República, servem só para influenciar negativamente os seus seguidores extremistas que, quando fanatizados, os ouvem, e ignoram as recomendações científicas.
ExcluirExcelente, cristalino e objetivo.
ResponderExcluirGreca,a "Greta".
Cacem as bruxas do relapso. Multa a todos.
Vi seu comentário no jornal do Aroldo Murá;em marcha a divulgação.
Caro confrade João Carlos Bonat, agradeço-lhe as palavras de apoio. Com um grande abraço.
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