terça-feira, 1 de dezembro de 2020

BEM-VINDO O TOQUE DE RECOLHER EM TODO O PARANÁ e UMA CRÍTICA AO PREFEITO DE CURITIBA por Francisco Souto Neto.

 

Em 1º.12.2020: Curitiba em situação gravíssima com o aumento de contaminações pela covid-19. Acima, o gráfico dos casos mês a mês, de março a novembro de 2020.

 

 Comendador Francisco Souto Neto em setembro de 2015

 

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BEM-VINDO O TOQUE DE RECOLHER NO PARANÁ 

e

UMA CRÍTICA AO PREFEITO DE CURITIBA.

 

Francisco Souto Neto

 

 

Rafael Valdomiro Greca de Macedo, prefeito de Curitiba.

Em outubro estávamos numa linha decrescente de contaminações e mortes pela covid-19. A pandemia vinha diminuindo, entretanto é óbvio que permanecia tão perigosa quanto letal. Porém no “feridão” do Dia de Finados curitibanos resolveram descer a serra para passear nas praias paranaenses. Escrevi sobre isso: muitas pessoas acreditando na miragem de que estávamos quase livres da pandemia, resolveram relaxar no protocolo de recomendações de segurança. Assisti pela televisão a reprováveis cenas de praias lotadas não só no Paraná, mas em todo país, e bares repletos de pessoas ignorando a necessidade do isolamento social. Somando-se o mencionado “feriadão” às aglomerações do dia das eleições, era previsível que sofreríamos um retrocesso sob o aspecto epidemiológico ao longo de novembro.

Rafael Greca no pronunciamento de 20.11.2020. Foto que tirei da imagem do meu televisor.

Na noite de 20 de novembro – portanto há apenas dez dias, quando a pandemia já estava em meteórica ascensão em Curitiba e no Paraná – assisti a um pronunciamento do prefeito Rafael Greca através do programa Boa Noite Paraná pela RPC, que me aborreceu. Num desagradável tom professoral, com aquele ar de superioridade bem irritante que é peculiar a esse prefeito, disse ele, ipsis literis: “Não me move a vontade de implantar restrições na cidade. Eu sou um profissional do cuidado. Eu não estou no mundo pra contar culpados. Mas eu quero chamar você [com dedo em riste] a cooperar com a cidade. As medidas restritivas só serão tomadas se houver abusos”. Todavia abusos estavam acontecendo há muito. Só Rafael Greca não via. E mesmo com os índices de contaminações subindo verticalmente, continuava o prefeito com sua conversa mole, obviamente cego às evidências e preocupado principalmente com os empresários que sabem muito bem como encurralá-lo para que ele tome decisões mais favoráveis àquela classe. Nós, a população em geral, não estamos interessados no “Natal de Luz”, aquele capricho de luzes e cores ontem anunciado pelo prefeito. O tempo não é para comemorações, mas para juntar recursos com a finalidade de aumentar o socorro àqueles que precisarão de leitos de UTI nas próximas semanas ou meses.

Rafael Greca no pronunciamento de 20.11.2020

Rafael Greca disse ainda na noite de 20 de novembro: “Também não é verdade que nós cancelamos da agenda da cidade a pandemia durante o tempo eleitoral. O site covid-19 e todo mobiliário urbano, e também as comunicações da Secretaria da Saúde foram mantidas, e por esse registro é que nós sabemos que estávamos com 700 casos por dia, no outro dia tivemos 900 e ontem infelizmente [e com um “dar de ombros” como quem quer dizer “não tenho culpa”] tivemos 1300”. Agora, 1º de dezembro, quando escrevo este artigo, já são mais de 1500 casos diários, e é óbvio que se o prefeito tivesse imposto medidas restritivas bem mais severas e há mais tempo, não estaríamos nesta atual situação aflitiva. Se eu e tantos outros prevíamos, há um mês, as consequências nefastas de um afrouxamento às medidas necessárias, como o prefeito vem empolado declarar que “não me move a intenção de implantar restrições à cidade”? Na verdade, neste recrudescimento da pandemia, restrições são sem dúvida necessárias. Podem ser casos de vida ou morte.

Abaixo, uma sequência de fotografias que fiz em 1º.12.2020 da tela do meu televisor, no momento em que eram divulgados pela RPC os índices que mostram o crescimento explosivo do coronavírus em Curitiba durante o mês de novembro.












Hoje, felizmente, tivemos a primeira decisão do governo estadual no sentido de tentar conter a propagação da covid-19, que decretou a partir de amanhã toque de recolher em todo o Estado do Paraná. Amanhã o decreto será publicado, e espero que não apenas "recomende", mas determine, isto é, imponha a obrigação dos cidadãos paranaenses ao toque de recolher. Das 22 horas às 5 da manhã, ninguém poderá circular pela cidade, excetuados, logicamente, os casos de comprovada necessidade. Alguns municípios, hoje mesmo, 1º de dezembro, já decretaram a cobrança de multas; por exemplo em Umuarama a multa será de até R$5 mil; em Cianorte será o dobro: R$10 mil às pessoas físicas que desobedecerem. Vamos ver se Greca terá a coragem de também cercear eventuais infratores aplicando-lhes multas em caso de desobediência. Não adianta as autoridades apenas afirmarem – e pelo menos isto fazem com determinação – que as pessoas precisam colaborar praticando o distanciamento social, usando máscara e álcool gel, pois o que não falta em grande número são cidadãos relapsos e indisciplinados, que só “colaborarão” se forem forçados a agir civilizadamente ao sentirem-se ameaçados por multas.

Beto Preto, Secretário de Estado da Saúde.

Beto Preto, Secretário de Estado da Saúde, em pronunciamento há pouco, mostra-nos boa vontade no combate ao coronavírus, apesar da imposição do governador Ratinho Júnior pela proteção – prioritária? – aos interesses dos empresários.

Em suma, a situação apresenta-se gravíssima para nós. E se contaminações e mortes continuarem num crescendo, teremos que pressionar as autoridades por um confinamento ou isolamento total do Paraná – isto é, pelo lockdown.


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 Comendador Francisco Souto Neto em dezembro de 2020

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6 comentários:

  1. Oi, Padrinho. Muito bom o artigo e esclarecedor. As autoridades têm o dever de cuidar da população e tomar medidas drásticas para a contenção. Já passa da hora das pessoas terem consciência dos riscos que todos estão correndo.

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    1. Oi, querida Mara. Muito grato por você ter escrito. Isso mesmo! Nós estamos agindo corretamente. Eu só saio de casa para fazer compras, quando necessárias, no mercado e na farmácia, num raio de aproximadamente 200 metros da minha residência. Sempre usando máscara e luvas.

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    2. Nada como respeitar as recomendações de nossos médicos a respeito, em lugar de darmos ouvido a governos ou políticos. Cabe às autoridades o dever de conscientizar os incautos de como evitar os riscos de contágio, bem como ensiná-los a proteger a própria saúde e a dos outros.

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    3. Caro Bevilacqua, obrigado por se manifestar. Acredito que seja assim como você opina. Políticos, quando com os mesmos posicionamentos pífios do presidente da República, servem só para influenciar negativamente os seus seguidores extremistas que, quando fanatizados, os ouvem, e ignoram as recomendações científicas.

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  2. Excelente, cristalino e objetivo.
    Greca,a "Greta".
    Cacem as bruxas do relapso. Multa a todos.
    Vi seu comentário no jornal do Aroldo Murá;em marcha a divulgação.

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    1. Caro confrade João Carlos Bonat, agradeço-lhe as palavras de apoio. Com um grande abraço.

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