Dirigentes da SAM – Sociedade de Amigos dos Museus reunidos em 1995: Lylian Vargas, conselheira, e alguns dos membros da SAM: Dino Almeida, presidente; Nelson Ferri e Francisco Souto Neto, diretores; Moysés Paciornik, e Antônio Carlos Espíndola Schrega, vice-presidentes; e João Henrique do Amaral, curador.
Apontamentos para a História da
Museologia de Curitiba:
A HISTÓRIA DA SAM – SOCIEDADE DE AMIGOS DOS MUSEUS de Curitiba enquanto fiz parte de sua diretoria (1992 – 1997)
por Francisco Souto Neto
Como nasceu a Sociedade de Amigos dos
Museus
Após trabalhar durante 30 anos como bancário, aposentei-me em
1991 no cargo de Assessor da Presidência do Banestado, cargo este acumulado com
o de Assessor para Assuntos de Cultura do mesmo banco oficial do Paraná.
No meu período de trabalho estive muito envolvido com a vida
cultural de Curitiba e, por extensão, do Paraná. Com colunas em jornais e
revistas, eu acompanhava e comentava tudo o que ocorria na capital e integrava
diretorias de instituições principalmente ligadas a órgãos oficiais do
Município e do Estado. Por exemplo, eu era conselheiro do Sistema Paranaense de
Museus e reunia-me periodicamente com o Secretário de Estado da Cultura, René
Dotti, para tratar de assuntos ligados à Pasta. Era também conselheiro do Museu
de Arte do Paraná, convidado por seu dirigente Ennio Marques Ferreira. Pertenci
também à diretoria do Instituto Saint-Hilaire da Defesa dos Sítios Históricos,
dentre outras instituições oficiais ligadas à cultura.
Roberto Requião sucedeu a Álvaro Dias nas eleições do fim do ano
1990, tomou posse como governador do Paraná em 15 de março do ano seguinte e
levou Nadyegge Almeida e Marisa Villela às diretorias do Museu de Arte
Contemporânea e Museu da Imagem e do Som, respectivamente.
EXPRESSÃO & ARTE por Francisco Souto Neto. Curitiba, 21 dez. 1992.
Logo que assumiu a diretoria do
referido museu, nos primeiros dias do Governo Requião, Nadyegge deparou-se com o seriíssimo problema da falta de recursos
para as atividades mais primárias dentro da sua unidade, que era justamente o
mais importante museu do Estado do Paraná. Procurando por soluções urgentes,
ela idealizou uma associação de amigos de museus, obtendo, incontinenti, o
apoio de Marisa Villela, diretora do Museu da Imagem e do Som – MIS.
Nadyegge, então ex-esposa do
poderoso cronista social Dino Almeida, conhecia meu trabalho como idealizador
do Museu Banestado e sabia de minha atuação como conselheiro do Sistema
Paranaense de Museus, por isso telefonou-me convidando-me a fazer parte da
diretoria da AA-MAC/MIS (Associação dos Amigos do Museu de Arte Contemporânea e
Museu da Imagem e do Som), depois conhecida com SAM – Sociedade dos Amigos dos
Museus. A diretoria foi composta por apenas quatro pessoas: Lylian Betty
Tamplin Vargas, presidenta; Osmar Nodari, vice-presidente; Francisco Souto Neto,
diretor secretário; Nelson Ferri, diretor financeiro.
Alguns meses depois, o Museu
Paranaense – MP passou também a integrar a Sociedade dos Amigos dos Museus.
O Conselho Administrativo da
SAM foi composto por Ivens Fontoura, Airton C. Pissetti e Jaime Bernardo
Rodrigues dos Santos. Para o Conselho Consultivo foram convidadas e empossadas
personalidades das mais representativas no universo cultural de Curitiba.
Vale lembrar que esses cargos
de diretoria e de conselheiro nos órgãos oficiais do Estado o Município, nós
exercemos sempre ars gratia artis, isto é, “arte pela arte”, por diletantismo,
sem remuneração.
Diretores de museus oficiais são cargos de confiança do governo e temporários, e podem ser substituídos a qualquer tempo, por motivos técnicos ou políticos. Os museus que compunham a SAM – Sociedade dos Amigos dos Museus passaram a ser assim dirigidos no novo governo estadual: o MAC por Maria Amélia Junginger; o Museu da Imagem e do Som por Regina Wallbach; o Museu Paranaense por Mauri Cruz.
Na batalha pela obtenção de
recursos, a SAM, sob a presidência de Lylian Vargas, realizou leilões de arte,
e após entendimentos com o banco oficial do Paraná, foi constituída a CBP
(Cobrança Programada Banestado), através da qual pessoas podiam colaborar com a
contribuição de apenas cinco Ufirs mensais. Ufir foi um
indexador criado em 1991 em substituição ao extinto BTN, como medida de valor e
parâmetro de atualização monetária de tributos e de valores expressos em
cruzeiros na legislação tributária federal e os relativos a multas e
penalidades de qualquer natureza.
Os recursos obtidos pela SAM
visavam suprir as necessidades de diversas das atividades dos museus, tais
como: manter contatos com entidades culturais e apoiar toda iniciativa e
valorização dos acervos existentes; apoiar a realização de estudos e projetos
de desenvolvimento relativos ao patrimônio artístico e cultural do Paraná;
procurar propiciar maiores condições de trabalho para os funcionários dos três
museus; colaborar na captação de recursos financeiros ou de contribuição de
qualquer natureza para programas e projetos de interesse dos museus, e
contribuir para a realização de viagens de estudos dos funcionários do MAC, MIS
e MP em cursos, conferências, seminários, exposições e encontros do interesse
dos mesmos.
A atuação da presidenta Lylian Vargas
Lylian Betty Tamplin Vargas era
casada com Odilon Túlio Vargas (1929-2008) que foi
um político, jurista, procurador de estado, historiador e escritor. Em
Vozes do Paraná Volume 3, de 2010, Lylian Vargas foi descrita por Aroldo Murá
como “aquela que conhece a arte de comandar e de reinventar o tempo”. Dentre os
seus muitos empreendimentos, foi proprietária do Sir Laboratório de Som e
Imagem, um dos mais importantes em seu ramo no Paraná, foi também diretora
do Shopping Crystal de Curitiba, e conduziu a Crystal Fashion até esta tornar-se um acontecimento de porte nacional.
No ano de 1992, na qualidade de presidenta da SAM-MAC/MIS/MP
– Sociedade dos Amigos dos Museus, Lylian Vargas obteve um excelente espaço no
piso 2 do Shopping Center Todeschini Plaza para ser a sede da instituição. Tal
espaço foi cedido pelo empreendedor do referido shopping, Gustavo Bermann, e
inaugurado com a exposição “Vermelho”, que reuniu obras dos artistas Rogério
Dias, Juliane Fuganti, Uiara Bartira, Dulce Osinski, Glauco Menta, Ronald
Simon, Alexandre Magno, Teca Sandrini [Estela Sandrini], Esther Maria Braga
Cortes, Bernadete Panek, e dos fotógrafos Vilma Slomp, Orlando Azevedo, Genésio
Siqueira, Sérgio Sossela. O bonito convite para a mostra “Vermelho” foi criado
pelo designer Rodrigo
Wagner de Souza.
O Espaço Cultural do shopping, onde instalou-se a
sede da SAM, era atendido por Sandra Maria Gutierrez.
Graças ao dinamismo e visão
empresarial de Lylian Vargas somados ao contagiante entusiasmo dos diretores
dos museus, a SAM-MAC/MIS/MP ganhou corpo e na ocasião acreditei que
sobreviveria às suas idealizadoras e às constantes renovações dos governos
estaduais, prestando relevantes serviços em prol da cultura deste Estado.
EXPRESSÃO & ARTE por Francisco
Souto Neto. Curitiba, 6 dez. 1993, p. F2.
Na presidência da SAM, a transição de Lylian Vargas para Dino Almeida
Como relatei anteriormente, em 1991, logo que Nadyegge Almeida e Marisa Villela assumiram as diretorias do Museu de Arte Contemporânea, e Museu da Imagem e do Som, respectivamente, depararam-se com uma desalentadora falta de recursos financeiros para suprir até mesmo as suas necessidades mais primárias.
Tal quadro refletia o desinteresse de Brasília pelos assuntos de cultura, já que a quase miserabilidade dos nossos museus era não um fenômeno isolado, paranaense, mas uma realidade nacional. O presidente da República era o inexpressivo Itamar Franco, que sucedia a Fernando Collor de Melo, o primeiro presidente eleito por votação direta desde a eleição de 1960, que sofreu impeachment em 1992, devido a um grande escândalo de corrupção.
Durante dois anos de gestão, Lylian Vargas trabalhou com afinco, obtendo recursos que socorreram os museus em inúmeras ocasiões, e não apenas nas suas necessidades mais básicas. A presidenta contou com o decidido apoio da diretoria da SAM, dos diretores dos museus envolvidos e com um forte e representativo quadro de conselheiros. A gestão de Lylian Vargas caracterizou-se pelo entusiasmo, dedicação e empenho absoluto. A SAM continuou instalada no Espaço Cultural Berman. A esse tempo Regina Wallbach passou a responder pelo MIS e Maria Amélia Junginger pelo MAC.
Por acreditar que a renovação é salutar e necessária, Lylian Vargas
afastou-se da presidência (passando a integrar o quadro de conselheiros da SAM)
e foi sucedida pelo jornalista e advogado Dino Almeida. Dino foi uma boa
escolha porque era dinâmico e empreendedor, com elogiadas iniciativas no campo
da filantropia e na área cultural que sempre alcançaram sucessos de sobejo
conhecidos. Ele passou a simbolizar, portanto, o fortalecimento da entidade.
Durante sua gestão para o biênio seguinte, foi coadjuvado por uma diretoria
também fortalecida, composta de três vice-presidentes (Rodrigo Wagner de Souza,
Moysés Paciornick e Antônio Carlos Espíndola Schrega), dois diretores da gestão
anterior, então reeleitos (Francisco Souto Neto e Nelson Ferri), e o curador
João Henrique do Amaral.
EXPRESSÃO & ARTE por
Francisco Souto Neto. Curitiba, 17 a 23 set. 1995.
Presenças na posse de Dino Almeida
Comprei dois livros (cadernos) próprios para o registro das atas e um para colher as assinaturas dos presentes à posse de Dino Almeida na presidência da SAM – Sociedade de Amigos dos Museus MAC/MIS/MP. A afluência de convidados foi enorme. Eu mesmo me encarreguei do protocolo e conduzi a cerimônia.
O livro de assinaturas registrou, em suas três primeiras páginas, os nomes dos presentes à solenidade, na noite de 25 de novembro de 1993.
Um detalhe: os convidados, em vez de seus endereços como era habitual à época, registraram os números dos seus telefones. Note-se, por curiosidade, que todos eram telefones fixos... porque telefones celulares ainda não existiam. Hoje esses números já nada significam, porque raríssimas pessoas mantiveram os telefones fixos dos tempos da Telepar. Eu sou uma dessas exceções, porque mantenho meu telefone fixo e não uso telefone celular porque não gosto.
A SAM em 1995
A SAM passou por um longo período de inatividade por dificuldades diversas, principalmente porque o novo presidente, Dino Almeida, homem ocupadíssimo que era, não conseguia um tempo em sua agitada agenda para uma reunião conosco.
Agora já sem contar com o Espaço Cultural Bermann, anteriormente cedido pelo Shopping Center Todeschini Plaza, finalmente reunimo-nos nas dependências do Museu da Imagem e do Som no dia 30 de agosto de 1995. A diretoria da SAM-MAC/MIS/MP (Sociedade de Amigos dos Museus de Arte Contemporânea, da Imagem e do Som e Paranaense) era agora representada pelo presidente Dino Almeida, pelo diretor-financeiro NelsonFerri e pelo diretor-secretário Francisco Souto Neto. A reunião realizou-se, obviamente, com a presença dos representantes dos três museus interessados: Maria Cecília Araújo de Noronha (MAC), Clorís Souza Ferreira (MIS) e Jaime Antônio Cardoso (MP). Participou da reunião a ex-presidenta e agora conselheira Lylian Vargas, sempre disposta a incentivar e consolidar as atividades da instituição.
Naquela reunião, o presidente Dino Almeida implementou a Sociedade, tendo ficado decidido que esta prosseguiria como entidade “mater” dentre os museus e, ao mesmo tempo, atenderia à seguinte reivindicação: cederia espaço para que cada unidade museológica, se o desejasse, criasse suas próprias associações; e cada um dos três vice-presidentes previstos nos estatutos da SAM passariam a compor as diretorias de cada uma dessas novas associações (ou sociedades), todas elas ligadas ao presidente da entidade maior. Isso posto, as sub-associações de amigos dos museus trabalhariam pelas suas próprias necessidades mais prementes, enquanto que a SAM – Sociedade de Amigos dos Museus continuaria atuando em mega-escala, e até mesmo aberta às adesões de quaisquer outros museus além daqueles três que já a compunham.
Foi mantida, pois, toda a estrutura da SAM, que naquela reunião fez
uma reentrée sob a presidência de Dino Almeida, objetivando
redobrada atuação de apoio aos museus e, por extensão, às causas de cultura.
Deste modo, o período em que esteve a SAM em inatividade deveria ser amplamente
compensado com multiplicado trabalho.
Além dos diretores Nelson Ferri e Francisco Souto Neto, a SAM passou a contar com três vice-presidentes: Rodrigo Wagner de Souza, Antônio Carlos Espíndola Schrega e Moysés Paciornik.
Planejamos uma nova reunião com o presidente Dino Almeida para os próximos dias, para definir a composição das novas diretorias e das vice-presidências, e para resolvermos qual a estratégia a ser aplicada em prol dos museus, dos associados e da cultura paranaense.
Esse planejamento, contudo, não prosperou. Talvez Dino Almeida – a quem conheci na década de 50 em Ponta
Grossa, na minha casa a convite de meu irmão mais velho, quando ele começava o
seu ofício de cronista social, e que veio a tornar-se um querido amigo –, estivesse não apenas assoberbado de trabalho,
mas já começando a ter a saúde comprometida. Ele faleceria seis anos depois, em
2001.
EXPRESSÃO & ARTE por Francisco
Souto Neto. Curitiba, 21 a 27 abr. 1996.
O ressurgimento da SAM para o biênio 1996-1997
Sempre com o apoio de Lylian Vargas, a SAM reiniciou suas atividades com uma nova diretoria eleita para o biênio 1996-1997, que ficou assim constituída: Pedro Arthur Sampaio (presidente), João Carlos Calvo, Maurício Appel e Lauro Grein Filho (vice-presidentes), Francisco Souto Neto (diretor-secretário) e Oldemar Justus (diretor-tesoureiro). Os três museus que compunham a SAM passaram a contar com os seguintes diretores: MAC – Museu de Arte Contemporânea: Maria Cecília Araújo de Noronha; MIS – Museu da Imagem e do Som: Clorís de Souza Ferreira; MP – Museu Paranaense: Jayme Antônio Cardoso.
Durante a reunião realizada no gabinete da diretora do MAC, Maria
Cecília Noronha, o arquiteto Humberto Mezzadri apresentou a maquete do futuro
anexo daquele museu, que deveria ter sete andares e 2000 metros quadrados a
serem construídos na área não tombada do atual conjunto, ao lado do prédio
histórico situado na Rua Desembargador Westphalen, esquina com Praça Zacarias.
O futuro prédio, com climatização adequada e dentro das mais modernas
exigências museológicas, permitiria que recebêssemos exposições internacionais.
O custo para essa obra verdadeiramente essencial era orçado em R$ 1,5 milhão, valor este já aprovado pela Assembleia Legislativa. A intelectualidade e o mundo artístico-cultural paranaense ficaram na expectativa dessa magnífica obra, pois como Curitiba não contava com um espaço assim, só após a concretização do projeto a nossa capital poderia ser guindada ao nível das melhores do mundo, no que diz respeito a espaços para exposições.
Contudo, como aprendemos que a política pode ser enormemente
decepcionante, a verba não foi liberada e, como dizíamos naquela época,
“ficamos a ver navios”.
A atuação de Pedro Sampaio na
presidência da SAM
Embora os diretores dos museus já nada comentassem a respeito, nós (há
muito tempo ligados ao métier) sabíamos muito bem que as unidades
museológicas padeciam de falta de recursos até mesmo para as suas atividades
mais básicas. Isso não ocorria somente em Curitiba, nem apenas no Paraná, mas
era uma constante em nosso País.
.
Acompanhei de perto os acontecimentos de 1996 e sou testemunha de que o novo presidente da SAM, Pedro Arthur Sampaio, com a ajuda dos seus pares de diretoria, empenhou-se em obter apoio da sociedade civil e do empresariado.
Tivemos várias reuniões e os benefícios para os museus e para o mundo
cultural paranaense foram inúmeros. Além disso, foi instituído um brilhantíssimo e atuante conselho consultivo
formado por insignes personalidades que eram destaques no mundo cultural: Ana
Amélia Filizola, André Zacarow, Arnaldo Rebelo, Arnaldo Rebelo Filho, Bogdan
Bembenowski, Carlos Franco Amastha, Dídio Rocha Loures, Dino Almeida, Divonsir
Borba Cortes Filho, Edgard Barbosa Ribas, Euro Brandão, Francisco Cunha Pereira
Filho, Helena Pereira de Oliveira, Henrique Lenz César, Ingrid Bruing, Jaime
Lechinski, João Casilo, Keizo Assahida, Leonardo Petrelli, Luiz Celso Branco,
Lylian Vargas, Marcelo Busato, Maria Cecília Leão Rosenmann, Maria Elisa Ferraz
Paciornik, Mário Celso Petraglia, Miguel Krigsner, Moysés Paciornik, Ney Braga,
Oziel Moura, Regina Casillo, Ricardo Almeida, Rodrigo Wagner de Souza, Rosane
Mara Stocchero, Segismundo Morgenstern, Sônia Oms.
EXPRESSÃO & ARTE por
Francisco Souto Neto. Curitiba, 3 a 9 nov. 1996.
Atuante em 1996, reúne-se
a diretoria da SAM – Sociedade de Amigos dos Museus
Em outubro de 1996 reuniu-se a diretoria da SAM, que teve uma modificação no Museu da Imagem e do Som, com a saída da diretora Clorís de Souza Ferreira, substituída por Fernando Bini. Permaneceram Maria Cecília Araújo de Noronha no MAC e Jayme Antônio Cardoso no MP. A diretoria da SAM continuou contando com Pedro Arthur Sampaio na presidência, na vice-presidência João Carlos Calvo, Maurício Appel e Lauro Grein Filho. Eu, Francisco Souto Neto, o único a permanecer ininterruptamente desde a criação da Sociedade, prossegui no cargo de diretor-secretário, e Oldemar Justus como diretor-tesoureiro.
Lylian Vargas, que foi a primeira personalidade a ocupar a presidência
da SAM, da qual era agora conselheira, ofereceu as dependências de sua empresa
Sir Laboratório, para a realização da reunião. Dona Lylian, mais uma vez e como
de costume, punha-se inteiramente a serviço da SAM com o propósito de ajudar a
referida Sociedade a alcançar o seu desiderato.
Em 1997, meu afastamento da SAM
O ano de 1997 me reservaria uma amarga realidade: minha mãe estava aparentemente bem no primeiro trimestre, mas nos meses seguintes começou a apresentar um problema cardíaco. Em princípio não pareceu ser algo muito grave, mas a situação mudou rapidamente. Após uma semana hospitalizada, às vésperas de completar 86 anos, faleceu no dia 7 de junho de 1997.
Muito abalado e emocionalmente desestabilizado,
interrompi minhas publicações na imprensa e realizei duas viagens ao Exterior
no segundo semestre, à guisa de terapia para distrair-me da realidade. Sem
ânimo, afastei-me da diretoria da Sociedade de Amigos dos Museus. Ainda naquele
ano continuei escrevendo a coluna Expressão & Arte, mas sem regularidade e
apenas a partir da última semana de novembro. O mesmo aconteceu com a minha
coluna no jornal de cultura Brainstorming: com dificuldade para
escrever, deprimido pelo falecimento da minha mãe, interrompi também essa
atividade.
O fim da Sociedade de Amigos dos
Museus
Dona Lylian Vargas perguntou-me se eu gostaria de assumir a presidência da SAM. Ainda abalado pelo luto, agradeci a confiança e declinei do convite.
Então o convite, soube depois, foi direcionado ao meu amigo de longa data, o artista plástico Domício Pedroso. Esta foi uma ótima solução, porque Domício era um homem íntegro, preparado, e que poderia levar a cabo a tarefa de bem conduzir a SAM.
Não me lembro quando, mantive um contato com Domício ao casualmente encontrá-lo num supermercado, dizendo-lhe que, embora agora afastado da diretoria da SAM, poderia contar comigo para o que estivesse ao meu alcance.
Entretanto não tive ânimo para acompanhar o desenrolar dos acontecimentos. Creio que meu amigo não teve sucessores e a Sociedade de Amigos dos Museus MAC/MIS/MP extinguiu-se logo depois.
Contudo, vale frisar que as expectativas de Nadyegge Almeida e Marisa Villela alcançaram grande êxito, graças à dedicação de Lylian Vargas. Mas, sabemos agora, nada nesta vida é para sempre. O fato é que ações valorosas jamais transcorrem em vão. No caso da SAM, elas tiveram efeito a seu tempo e se refletiram para o futuro como exemplos de grandeza e de vitorioso apoio às causas da cultura, e de pessoas que se dedicaram à comunidade de peito e alma, sem nada esperar em troca, exceto o bem coletivo.
Francisco Souto Neto em 2024 aos 81 anos.
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